Os dias haviam passado em uma rotina de trabalho intensa, mas Felix não conseguia tirar a ansiedade do resultado do teste de DNA da cabeça. Naquele momento, estava no estúdio com Nicholas, experimentando as roupas novas e as recriações dos figurinos perdidos. Nicholas andava de um lado para o outro com alfinetes nos lábios, ajustando cada detalhe.
— Como está esse, Felix? — Nicholas perguntou, segurando a barra de um casaco brilhante.
— Está ótimo — Felix respondeu distraído, seus olhos fixos em um ponto distante enquanto tentava afastar os pensamentos.
No meio da prova, o celular de Felix começou a tocar, o som estridente quebrando a concentração no ambiente silencioso. Ele pegou o aparelho e viu o número do consultório na tela. Seu coração disparou.
— Alô? — Felix atendeu com a voz um pouco trêmula.
— Senhor Felix, aqui é a secretária do Dr. Mendes. Estou ligando para avisar que o resultado do exame de DNA já está disponível. — A voz do outro lado era profissional e neutra, mas soava quase como uma sentença para Felix.
— Obrigado. Vou buscá-lo ainda hoje. — Ele desligou rapidamente, sentindo o estômago revirar.
Nicholas percebeu o desconforto no rosto de Felix e parou o que estava fazendo.
— Está tudo bem? — Nicholas perguntou, olhando com curiosidade.
— Sim, sim... só preciso resolver algo. Posso sair mais cedo hoje? — Felix perguntou, já se movendo para tirar as roupas de prova.
— Claro, vá lá. Só não se esqueça de voltar para o próximo ensaio! — Nicholas respondeu, meio confuso, mas sem insistir.
Felix sorriu fraco, pegou suas coisas e saiu apressado. Assim que entrou no carro, ele mandou uma mensagem para Risabae:
"O resultado saiu. Nos encontramos na cafeteria em 30 minutos."
O trajeto até o consultório foi um borrão. O coração de Felix parecia bater no ritmo das rodas do carro na estrada. Ele estacionou rapidamente e entrou no prédio. A recepcionista o cumprimentou e entregou o envelope com o resultado. Felix o segurou com força, mas não abriu. Ainda não. Ele precisava de Risabae para isso.
Na cafeteria, Risabae já estava esperando, sentada em uma mesa próxima à janela. Ela parecia serena, um sorriso tranquilo nos lábios, mas Felix sabia que ela estava tão nervosa quanto ele.
— Você trouxe? — ela perguntou quando ele se aproximou.
Felix não respondeu, apenas tirou o envelope do bolso e colocou sobre a mesa. Risabae olhou para ele, então para o envelope, antes de pegar o objeto com mãos ligeiramente trêmulas.
— Acho que deveríamos abrir juntos, — Felix disse, cruzando os braços e se inclinando na cadeira.
Risabae assentiu. Ela deslizou a unha pelo lacre, rasgando-o devagar. Felix observava cada movimento dela, sentindo o ar ao redor parecer mais denso. Quando ela tirou o papel e começou a ler, sua expressão mudou.
Ela olhou para Felix, os olhos levemente arregalados.
— Você é pai do Theo.
As palavras pareciam ecoar na mente de Felix. Por um momento, ele apenas encarou Risabae, tentando processar o que ela acabara de dizer.
— Tem certeza? — Ele perguntou, a voz baixa, quase rouca.
Risabae empurrou o papel para ele. Felix pegou o documento e leu, as palavras "paternidade confirmada" saltando aos seus olhos. Ele sentiu o mundo ao seu redor girar por um instante.
— Eu não sei o que dizer. — Ele passou a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos.
— Não precisa dizer nada agora. Eu só queria que você soubesse. — Risabae respondeu, sua voz menos segura do que antes.
Felix soltou um longo suspiro e recostou-se na cadeira, fechando os olhos por um momento. Ele não queria ser pai, mas agora não havia como evitar a realidade. Theo realmente era seu filho.
...
Felix dirigiu de volta para casa em completo silêncio. A cidade passava como um borrão pela janela, mas ele não via nada. Apenas as palavras do teste ecoando em sua mente: paternidade confirmada. Ele nunca quis ser pai. Nunca quis essa responsabilidade, muito menos com alguém como Risabae, que ele mal conseguia encarar agora. A culpa pesava sobre ele como uma tonelada.
Ao chegar em casa, Felix não tirou os sapatos, não acendeu as luzes. Apenas caminhou até o quarto como um autômato. Ele se jogou na cama, encolheu-se contra os travesseiros e deixou tudo sair. O choro veio forte, incontrolável, sacudindo seu corpo enquanto ele pressionava o rosto contra os lençóis.
— Por que você foi tão burro, Felix? — ele murmurava para si mesmo entre soluços. — Você confiou nela, achou que nada disso podia acontecer... idiota, idiota!
Ele passou as mãos pelos cabelos loiros, puxando-os em frustração. Os olhos ardiam com as lágrimas incessantes, mas ele não conseguia parar.
— Como você foi deixar isso acontecer? — ele sussurrava para o vazio, repetindo a pergunta como um mantra.
Felix se culpava por tudo: por não ter usado preservativo, por ter confiado que Risabae estava tomando os remédios, por ter sido tão descuidado em um momento que mudou sua vida.
O tempo passou sem que ele percebesse. Ele chorou até os olhos incharem, até sua garganta doer. Quando ouviu a porta da frente se abrir e passos no corredor, ele sabia que era Hyunjin.
Hyunjin entrou no quarto e parou na porta, observando Felix encolhido na cama, os ombros tremendo. O coração de Hyunjin apertou. Ele já sabia o que tinha acontecido, mesmo antes de Felix dizer qualquer coisa.
— Lix... — Hyunjin disse suavemente, aproximando-se da cama.
Felix levantou o rosto, os olhos vermelhos e inchados, o rosto molhado de lágrimas. Ele murmurou, quase inaudível:
— Desculpa.
Hyunjin sentou-se ao lado dele, colocando a mão gentilmente no ombro de Felix.
— Não precisa se desculpar comigo. — Hyunjin falou com calma, mas sua voz estava cheia de preocupação.
Felix balançou a cabeça, sentindo outra onda de lágrimas subir.
— Preciso, sim. Eu fui estúpido, Hyunjin. Eu... eu confiei nela, fui tão idiota. Eu estraguei tudo.
Hyunjin puxou Felix para seus braços, segurando-o com firmeza. Felix desmoronou contra o peito dele, chorando alto novamente.
— Você não estragou nada, Lix. — Hyunjin disse, passando os dedos pelos cabelos dele. — Não é o fim do mundo.
— Eu não quero... eu não quero ser pai, Hyunjin. — Felix soluçou contra o peito dele. — Eu não sei como lidar com isso. Eu não quero ter um vínculo com ela pelo resto da vida.
Hyunjin apertou Felix um pouco mais forte, seu coração se partindo ao ouvir o desespero na voz do noivo.
— Você não está sozinho nisso. Eu vou te ajudar a cuidar dele, vamos dar a ele muito amor. Eu prometo que vou ser um excelente padrasto, tá bom?
Felix assentiu, mesmo que seu choro continuasse. Ele murmurava pedidos de desculpas entre os soluços, como se não pudesse se perdoar.
— Me desculpa, Hyunjin... me desculpa por tudo.
Hyunjin levantou o rosto de Felix, segurando-o com as duas mãos. Ele olhou nos olhos dele, mesmo que estivessem inchados e marejados.
— Você é o amor da minha vida. E agora... tem uma parte sua vindo, como eu posso não amar esse bebê? Mesmo que ele não seja meu... eu vou cuidar dele. Nós vamos. Mesmo que Risabae provavelmente deteste essa ideia.
Felix olhou para ele, os lábios tremendo antes de finalmente assentir. Ele se deixou ser envolvido pelos braços de Hyunjin novamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Hidden Reflections
FanfictionFelix Lee e Hwang Hyunjin são as maiores estrelas do mundo da moda, mas também os maiores rivais. Com uma carreira consolidada e bem-sucedida, Felix é o rosto da Louis Vuitton, com sua imagem elegante e discreta. Conhecido por sua natureza reservada...