Theo

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A sala estava mergulhada em uma mistura de tensão e expectativa. Risabae, sentada em posição de parto, gemia alto enquanto fazia força, suas mãos tremendo de tanto apertar os braços de Felix, que estava logo atrás dela, dando suporte físico e emocional. O suor escorria pelo rosto dela, misturando-se com lágrimas de dor e cansaço.

— Você está indo tão bem — sussurrava Felix, tentando manter a calma na voz enquanto o coração dele disparava no peito.

— Cala... a boca... Felix! — Risabae gritou entre os dentes, os olhos fechados com força.

Ele segurou o riso nervoso. Não era o momento para discutir, e ele entendia que a dor a fazia perder a paciência.

— Tudo bem, tudo bem. Só respira. Eu estou aqui.

As enfermeiras ao redor davam as instruções com vozes firmes, mas gentis:

— Risabae, mais uma força. Ele já está quase aqui. Respira fundo e empurra!

— Eu... eu não consigo... — ela ofegava, o corpo caindo para trás contra Felix.

Ele segurou-a com cuidado, inclinando-se para sussurrar próximo ao ouvido dela.

— Você consegue, sim. Está quase acabando. Só mais um pouquinho, eu prometo.

Risabae gritou novamente, colocando toda a força que ainda tinha. Felix sentia cada movimento do corpo dela, o quão exausta ela estava, mas ele sabia que ela não desistiria.

— A cabeça já está saindo! — anunciou a enfermeira à frente. — Risabae, só mais um esforço, ele está vindo!

— Eu não aguento mais! — ela gritou, o corpo tremendo com a última contração.

Felix apertou os braços dela, os olhos já marejados.

— Ele está vindo, Risabae. Ele está chegando. Só mais um pouco, por favor.

Com um último grito, ela fez força novamente, e então o choro de um bebê ecoou pela sala. O som preencheu o ambiente de forma avassaladora.

Felix riu nervosamente, as lágrimas agora caindo livremente pelo rosto. Ele olhou para a equipe médica que segurava o pequeno Theo — ainda ensanguentado, mas se remexendo e chorando alto, como se anunciasse sua chegada ao mundo.

Risabae caiu para trás contra o peito de Felix, soltando um suspiro profundo de alívio e cansaço.

— Ele... ele está bem? — perguntou ela, com a voz trêmula e baixa.

— Está perfeito — respondeu uma das enfermeiras, sorrindo enquanto limpava o bebê com delicadeza.

Felix olhava fixamente para Theo, incapaz de desviar os olhos. Ele nunca tinha visto algo tão pequeno e tão poderoso ao mesmo tempo. Quando uma das enfermeiras se aproximou com a tesoura, ele levou alguns segundos para entender o que ela dizia.

— Pai, quer cortar o cordão umbilical?

Ele piscou, ainda processando tudo, mas assentiu rapidamente.

— Claro, claro.

Com as mãos levemente trêmulas, ele pegou a tesoura e cortou o cordão, enquanto Theo continuava chorando em protesto. O som era tão forte e estridente, mas, ao mesmo tempo, parecia a coisa mais linda que Felix já tinha ouvido.

— Pronto, pai, ótimo trabalho — disse a enfermeira, sorrindo.

Felix soltou um suspiro, entregando a tesoura e voltando a olhar para Risabae, que agora parecia exausta, mas com um sorriso fraco nos lábios.

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