𝟏𝟗 ⌁ 𓈒 ֹ ENRICO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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O ambiente estava carregado de uma tensão elétrica, quase palpável. Enrico, o moreno de cabelos enrolados, estava em um estado de exaustão profunda. Seus olhos, sombrios e fixos, estavam longe do corpo. A dor dos ferimentos, os dois tiros de raspão que levara e os arranhões causados pela batida do carro, pareciam tão distantes quanto o próprio corpo. Nada disso importava. Tudo o que ressoava em sua mente era o pensamento incessante sobre onde seu irmão Lorenzo e Angelina poderiam estar. Sua raiva de Bartor Westwood crescia a cada segundo, alimentando sua agonia.

Na sala de estar da mansão de Lorenzo, médicos, soldados e figuras de alta patente da máfia observavam o jovem com uma mistura de preocupação e respeito. Aqueles que pertenciam à Cosa Nostra conheciam o peso de cada palavra, de cada olhar naquele ambiente. 

Giorgia permanecia consumida pela angústia, o peso da preocupação com o desaparecimento do filho e da nora a corroendo a cada instante. Contudo, Enrico, com a voz firme e um olhar resoluto, reassegurava a mãe, prometendo-lhe que faria tudo para encontrá-los o mais rápido possível. Então ela e Donnatela, descansavam em seus quartos, já longe da tensão da emboscada, mas a lembrança do perigo ainda pairava no ar.

Marco, um dos médicos pessoais da Cosa Nostra, tentava de tudo para tratar os ferimentos de Enrico, ignorando as ordens silenciosas de seu paciente. Ele sabia que aquele garoto estava em outro lugar, sua mente em pedaços enquanto o corpo tentava se recuperar. Mas a insistência do Doutor era implacável.

─ Eu não quero que você me examine, Marco! O meu irmão e a minha noiva estão em perigo!

As palavras de Enrico saíram quase como um rugido. Marco não respondeu, ainda ocupado com os pontos no braço do homem, mas a raiva de Enrico parecia crescente, e logo ele não aguentou mais a falta de atenção a suas palavras.

Vicenzo, primo de dos irmãos e conselheiro da Cosa Nostra, observava com um olhar tenso. A sala estava silenciosa, mas ele sentia o peso do olhar de Enrico em sua pele, como se ele estivesse sendo examinado por cada centímetro de seu ser. Vicenzo se levantou de sua cadeira, um movimento calculado, e, num tom grave, falou:

─ Temos que cuidar de você, Enrico. Se Lorenzo não estiver vivo, você é o...

Antes que pudesse terminar a frase, o jovem Mattioli saltou da cadeira, seus músculos tensos e prontos para explodir. A raiva, alimentada pela dor e pelo desespero, o fez avançar com uma rapidez que quase surpreendeu a todos. Ele agarrou o colarinho de Vicenzo com uma força brutal, e sua voz, carregada de um ódio incontrolável, cortou o silêncio da sala:

─ Se ousar falar do meu irmão no passado, sequer mencionar que ele não está mais entre nós, ou que eu vou ocupar o lugar dele...eu mesmo te corto inteiro e dou para os cachorros da minha mãe comer.

A sala congelou. O olhar feroz de Enrico penetrou na alma de Vicenzo. A ameaça era clara, fria como uma lâmina afiada. Vicenzo, percebendo o perigo em cada palavra do primo, balançou a cabeça em confirmação, os olhos abaixados em sinal de arrependimento.

Sem esperar mais, Enrico o soltou, mas a fúria ainda ardia em seu peito. Lorenzo era mais que o Don da Cosa Nostra. Ele era o líder, o pilar que sustentava todos ali, e a ideia de perder o irmão, era inimaginável..



Dois dias se passaram desde que Enrico teve qualquer notícia de Lorenzo e Angelina, e a angústia era um peso insuportável em seu peito. A Itália inteira estava mobilizada em busca dos dois, mas a certeza de que estavam vivos se tornava sua única âncora em meio ao desespero. Seus esforços eram incansáveis, cada contato, cada pista, um fio de esperança que ele se agarrava.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora