𝟎𝟏 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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"O verdadeiro triunfo não está em ser justo, mas em ser o mais forte, porque a justiça sempre se curva diante do poder." Fire and Blood.

ANTES

A imponente mansão da Cosa Nostra, erguida para desafiar o tempo e selar o legado de uma linhagem implacável, era mais que um símbolo de poder. Era um santuário de memórias, um testemunho silencioso de histórias sussurradas entre suas paredes. Cada sucessor carregava o peso de seus antecessores, e para Lorenzo, o atual Don, aqueles corredores amplos e adornados com retratos de antigos líderes eram um segundo lar, quase parte de sua própria pele. Ele conhecia cada canto, cada curva, e ao caminhar por ali, sentia como se os olhos de seus antepassados o acompanhassem, julgando cada passo, cada decisão.

Seu refúgio era o escritório, uma sala isolada no final do longo corredor do andar superior. A porta maciça e escura era a barreira entre o mundo e o silêncio absoluto em que Lorenzo se envolvia. Ali, ele podia se perder no trabalho, nas decisões calculadas, sem distrações, apenas o eco distante do passado e o peso das responsabilidades sobre seus ombros. A Mattioli Corporation, empresa que criara sob o pretexto de cosméticos e medicamentos, tornara-se um império lucrativo. Aquela fachada, que inicialmente servia para encobrir as operações da Cosa Nostra, agora era uma potência que elevava ainda mais o nome da família, misturando poder e aparente respeitabilidade.

Ele analisava cada cifra com um olhar clínico, mergulhado em números e projeções, completamente alheio a qualquer som que não fosse o farfalhar dos papéis. Foi só quando a porta se abriu de maneira brusca que ele despertou do transe, surpreendido pela figura de Enrico, seu irmão, que havia adentrado o escritório com passos firmes e uma expressão carregada. Enrico fechou a porta, tirou os óculos escuros com um gesto brusco e se jogou na cadeira de couro diante de Lorenzo, passando a mão pelos cabelos com visível impaciência.

Precisamos dar um jeito nos britânicos. Enri declarou, com a voz grave, carregada de frustração. Outro carregamento foi interceptado assim que chegou na Inglaterra.

Enzo ergueu o olhar, e seus olhos frios encontraram o semblante do irmão, marcado pela tensão. Ver o rapaz preocupado era raro, e isso aumentava a gravidade da situação. O mais velho sabia, com um peso no peito, que aquela guerra era uma consequência direta de suas escolhas. Desde a morte de Lucy, a única filha mulher de Bartor, Don da Máfia de Londres, tudo havia se tornado um campo minado. Lucy fora o vínculo delicado entre as famílias, uma jovem que, embora tivesse escolhido seu caminho, permanecera como uma memória viva de uma promessa. Sua morte, abalou a paz instável entre as famílias e inflamou o coração de Bartor com um ódio cego. Para ele, Lucy não era apenas uma filha, era o último elo humano que o ancorava, e Lorenzo sabia que, para Bartor, a dor da perda nunca se atenuaria.

Sei que isso tudo é por minha causa. o Don suspirou, sua voz baixa, quase um sussurro, enquanto passava as mãos pelos cabelos escuros, num gesto automático que demonstrava sua exaustão. Mas não consigo pensar numa solução que ele aceitaria... Bartor nunca me permitiu sequer...

Antes que Lorenzo pudesse concluir, Enrico o interrompeu com um gesto forte, batendo a mão sobre a mesa de madeira com um estrondo que ecoou pela sala. Seu olhar fixo, inflamado por uma fúria contida, contrastava com o respeito habitual que demonstrava pelo irmão. Naquele instante, o Don não era o líder da Cosa Nostra. Para Enrico, ele era apenas seu irmão mais velho, alguém que ele sempre esteve pronto para proteger.

— Já te disse inúmeras vezes que essa merda não é culpa sua, Lorenzo! — Enri rebateu, sua voz firme como aço, mas com uma ponta de solidariedade. Você não puxou a porra do gatilho. Lucy te amava, e ela escolheu te proteger. Se o pai dela é cego demais para ver isso, que seja. Não cabe a nós tentar convencê-lo.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora