𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽

𝟐𝟖 ⌁ 𓈒 ֹ ANGELINA CORVETTI ˳ׄ ⬞

— Gio, é assim que faz mesmo? — perguntou Angelina, mexendo com delicadeza a massa que preparava, enquanto adicionava uma pitada de essência de laranja.

Naquela manhã, a jovem havia acordado mais cedo do que de costume. Encontrou sua futura sogra na sala e aceitou o convite para uma aventura culinária com a mais velha. Giorgia, ainda radiante com os preparativos para o casamento, ensinava-lhe uma receita de Cartocci Siciliano, uma de suas especialidades, enquanto trocavam ideias sobre o grande evento que se aproximava.

— Está certinho! — assegurou Giorgia, finalizando o recheio. — Já pensou na decoração? Alguma ideia especial que gostaria de incluir?

— Ainda não pensei muito sobre isso. Imagino que você tenha ideias incríveis. — respondeu Angelina, sorrindo e desviando o olhar da receita para Gio, cheia de carinho.

— Mãe, faz mais de chocolate, por favor? — pediu Enrico, que observava as duas do outro lado da cozinha, mexendo no celular enquanto participava da conversa. — São meus favoritos. — completou, dirigindo um sorriso a Angelina, que guardou aquela informação como se fosse de extrema importância. Estava disposta em conhecer cada detalhe de Enrico.

Os três riram juntos naquela manhã simples, que já se tornava uma nova e querida memória para Angelina, uma rara experiência de calor familiar. Giorgia, animada, compartilhou histórias da infância de Enrico e Lorenzo, relembrando com humor as pequenas vergonhas típicas de criança.

— Angel, querida, poderia chamar Donnatela para o café da manhã? A essa hora ela já deve estar acordada. — pediu Giorgia, enquanto terminava de ajeitar a mesa com a ajuda de uma das empregadas.

— Claro!

Angelina assentiu e subiu para o segundo andar, seus passos leves pelo corredor. Ao passar pela porta de Lorenzo, ignorou o impulso de querer estar perto, continuando até a porta de Donnatela, que estava entreaberta. O quarto estava arrumado, os primeiros raios de luz iluminavam o cômodo, mas não havia sinal da mulher.

— Donnatela? — chamou em voz baixa, batendo três vezes na porta.

Sem resposta, Angel deu de ombros e voltou para a sala, observando a mesa posta com um sorriso.

— Ela não está no quarto, deve ter saído. E uau! Acho que arrasamos.

— Saído? Mas não a vi pela manhã. Você viu algo, Enri? — questionou Giorgia ao filho mais novo, que apenas negou com a cabeça. — Bom, não precisamos esperar. — finalizou, sentando-se na à mesa.

Angelina fez o mesmo, engatando um novo assunto leve. A conversa fluía tranquila entre ela, Enrico e Giorgia, até ser subitamente interrompida pela entrada exuberante de Donnatela, cuja alegria desmedida destoava de seu comportamento habitual. Vestida de forma simples, ela não aparentava ter saído, mas trazia uma expressão quase triunfante, o que deixou Angelina extremamente confusa.

Onde estava Donnatela? Talvez no banheiro, era uma ótima justificativa. Preferiu ignorar a dúvida desimportante e seguir com seu café.

— Bom dia, família!

— Bom dia, Donnatela. Está mais animada hoje. — comentou Giorgia após tomar um gole de seu suco.

— Tive uma ótima noite de sono! — respondeu a loira, acomodando-se à mesa.

Angelina franziu o cenho, estranhando o comportamento de Donnatela. Em anos de convivência, nunca a vira tão satisfeita logo pela manhã. Antes que pudesse refletir mais, o som estrondoso de uma porta batendo no andar de cima captou a atenção de todos, fazendo Enrico levantar-se devagar.

— Acho que alguém acordou... — murmurou o rapaz, pedindo licença para verificar o irmão, que provavelmente seria o autor do barulho.

Giorgia assentiu com um leve movimento de cabeça ao ver o filho se levantar, conhecendo bem a dinâmica entre os irmãos e ciente de que havia algo a ser discutido. Enrico sempre fora o braço direito de Lorenzo, um apoio leal em todas as esferas de sua vida. Giorgia confiava que, mesmo sem palavras, eles se entenderiam como sempre - com uma mistura de cumplicidade e pragmatismo que só os dois sabiam cultivar.

Os demais retomaram o café da manhã, mas os pensamentos de Angelina vagaram para a noite anterior. Recordava-se de como as coisas tinham seguido seu curso sem explicação para os atos de Lorenzo. Ainda que desejasse compreendê-lo, sabia que não buscaria um confronto com o Don, ao menos por enquanto. Decidida a ignorar o desagradável jantar, Angelina tentou focar sua atenção nos preparativos do noivado, que logo se aproximava.