𝟒𝟒 ⌁ 𓈒 ֹ ANGELINA CORVETTI ˳ׄ ⬞

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A razão, felizmente, triunfou em Lorenzo, impondo o peso do dever sobre o ímpeto de seu desejo. Angelina, porém, parecia desafiar a si mesma, avançando em direção ao proibido com uma provocação teimosa, ciente de que qualquer passo em falso a lançaria em problemas profundos.

- Isso tá acabando comigo - resmungou, afundando-se no sofá.

Ainda embaraçada pelas palavras que havia dito momentos antes, a loira ajeitou os cabelos desordenados, tentando recuperar o fôlego roubado por Lorenzo. Seus lábios pulsavam, vermelhos pelo toque recente. O corpo ainda vibrava com a lembrança da proximidade dele, mas nada além; permaneceram no limite, como era exigido.

- Seria melhor se eu não te visse - soltou, em ironia, rindo baixo. - Mas, sim, vejo você lá fora.

Suspirou enquanto via o Don atravessar a porta, cujo o fechar reverberou em um som seco que se espalhou pela sala. Angel castigava-se mentalmente, esfregando o rosto como quem tenta apagar a realidade.

- Merda! Merda! Merda! - murmurou para si mesma, levantando-se do sofá com um movimento brusco.

Ajeitou o biquíni, certificando-se de que estava tudo no lugar, sem indícios das mãos de Lorenzo. Tinha receio de carregar marcas desse encontro, e, por um instante, encarou o próprio reflexo no espelho, como quem busca alguma resposta na imagem.

Antes de retornar à piscina e aos familiares, apressou-se até seu quarto para ver o presente que Giorgia deixara para ela. Era isso que estava fazendo antes da súbita chegada de Lorenzo.

"Use hoje no luau, ficará lindo em você!"

O bilhete, junto ao colar reluzente sobre a cômoda, arrancou um sorriso genuíno da jovem. Sentindo o afeto de Giorgia deslizar por ela naquele gesto singelo.

A lua parecia brilhar mais intensa para aquela noite, como se fosse uma convidada de honra. A ilha de Stella, protegida por seguranças discretamente posicionados, era um santuário de luxo e exclusividade, onde apenas os convidados escolhidos a dedo tinham o privilégio de pisar na areia branca e sentir o perfume de mar e flores que invadia o ar.

A orla estava repleta de tochas altas, as chamas trêmulas lançando sombras longas e dançantes sobre os rostos austeros dos convidados. Eram homens de ternos italianos, mulheres em vestidos de seda, adornadas com joias que refletiam o brilho do fogo. Ali, a máfia parecia tirar a máscara fria do poder e revelava um ritual de união, porém, sem nunca abandonar a pose elegante e a imponência silenciosa de quem sabe o peso do próprio nome.

Mesas baixas estavam dispostas ao redor, cobertas por pratos de porcelana italiana, onde frutos do mar finamente preparados dividiam espaço com iguarias sicilianas. Garrafas de vinhos raros eram servidas com discrição, e os convidados conversavam em sussurros respeitosos, cada palavra escolhida com cuidado, pois ali, até o som da onda parecia carregar a história e o peso das famílias que ali se uniam.

Ao longe, um grupo de músicos tocava uma melodia melancólica, um lamento que parecia antigo, quase sagrado, que se misturava ao som das ondas e ao silêncio velado das intenções. O fogo ardia ao centro, refletindo o brilho nos olhos daqueles que já conheciam de perto o perigo e o prazer que a vida oferecia. A cada brinde, o champanhe tilintava no cristal, e os olhares cruzavam-se como uma troca silenciosa de promessas e alianças.

- Está tudo tão lindo! - comentou Angelina ao se aproximar de Giorgia, que ajustava os últimos detalhes de uma mesa com uma mulher ao seu lado. - Não esperava menos, tudo o que você toca vira ouro.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora