𝟑𝟗 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu?

Amado — Vanessa da Mata



O coração de Lorenzo parecia se apertar ao ver Angelina tão tomada pelo desespero. Ela caminhava de um lado para o outro na sala, as palavras saindo atropeladas entre soluços, quase como se estivesse em outra realidade, aprisionada nas lembranças que a atormentavam. Ele observava em silêncio, incapaz de desviar o olhar, chocado por ver aquela garota destemida agora tão vulnerável. Nunca a tinha visto assim, nem mesmo quando estavam presos e machucados, cercados pelo perigo. Aquela era uma Angelina que ele não conhecia, uma versão dela que o fazia imaginar o quão terrível deveria ter sido o tratamento recebido das mãos de Theodoro. Para Lorenzo, que crescera em uma família onde conhecia o verdadeiro significado de amor e proteção, aquilo era inconcebível.

─ Angelina... ─ Ele a chamou em tom suave, tentando quebrar a barreira entre eles e trazê-la de volta à realidade. Mas ela continuou a falar, perdida no seu próprio turbilhão de emoções, as palavras escapando desordenadas. ─ Ei, Angel, olha pra mim...

Finalmente, depois de um instante, ela parou. Os olhos ainda marejados, ela parecia exausta. Lorenzo aproveitou o momento de silêncio, aproximando-se com cautela. Seus olhos encontraram os dela, e ele falou num tom que buscava acalmá-la, mas que também carregava uma certeza inabalável.

─ Está tudo bem... você não fez nada errado, não tem que ter medo de mim. Nunca terá.

Disse com tanta firmeza que Angelina pareceu congelar por um instante, absorvendo as palavras. Todas as vezes que brigaram, ela sempre o enfrentara com coragem, o olhar firme, a postura decidida, sem recuar, sem temê-lo. Ela jamais hesitava em dizer o que pensava, tratava-o não como o poderoso Don, mas como Lorenzo. Isso era o que ele mais admirava nela: a força que Angelina tinha para desafiar o mundo, para ser quem ela queria ser, sem ceder.

Lorenzo esboçou um sorriso breve e quase involuntário ao ouvi-la mencionar o medo do que Theodoro poderia fazer. Para ele, aquele homem não representava ameaça alguma.

─ Acredite, a última pessoa de quem eu preciso ter medo é seu pai.

Angelina o olhou como se estivesse em busca de algum apoio, algum sinal de segurança, e então deu um passo à frente, buscando refúgio nos braços dele. Aquele abraço foi breve, mas para Lorenzo, foi o suficiente para sentir a presença dela tão próxima, a sensação de tê-la contra si. Ela exalava um perfume suave, familiar e embriagante, e a proximidade entre eles era como um choque de realidade, um calor que ele sentia por dentro, uma conexão que parecia acender algo além de qualquer compreensão lógica.

Enquanto ela estava ali, tão perto, Lorenzo se sentiu tomado por um desejo quase incontrolável de protegê-la, como se cuidar dela fosse a única coisa que importasse.

O homem a observava atentamente, cada detalhe do rosto dela parecia hipnotizá-lo enquanto Angelina falava com doçura sobre a maquiagem que usava. Ele mal registrava as palavras; estava perdido nos traços dela, na suavidade de sua pele, na maneira como os olhos brilhavam. O coração dele aquecia ao ver o olhar grato dela, uma expressão que dizia sem palavras o quanto a presença dele significava naquele momento.

─ Você está linda, como sempre... ─ ele murmurou, a voz baixa, quase como um segredo compartilhado.

Antes que pudesse refletir sobre o que fazia, Lorenzo a puxou gentilmente pela cintura, mantendo uma das mãos em seu quadril enquanto a outra subia para repousar na nuca dela. Seus dedos deslizaram com carinho, como se temesse quebrar o encanto daquele instante. E então, sem hesitar, inclinou-se e selou os lábios nos dela, iniciando um beijo que era ao mesmo tempo calmo e intenso. As bocas deles se moviam em perfeita harmonia, como se dançassem uma melodia silenciosa, uma busca mútua e apaixonada que dizia mais do que qualquer palavra.

Naquele momento, Lorenzo sentiu que poderia passar a noite inteira assim, envolvido naquele beijo, perdido na sensação única de tê-la tão perto. Angelina era tudo o que ele desejava, e ali, com ela em seus braços, o mundo parecia desaparecer.

Como ela podia ser tão linda e não ser dele?

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora