𝟒𝟏 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

257 25 29
                                    

O sol já reinava no céu da ilha de Stella, anunciando uma nova manhã após a festa de noivado, que fora um verdadeiro sucesso. A celebração dos laços entre Enrico e Angelina encantara todos os presentes, deixando um rastro de satisfação e expectativas para o casamento que estava por vir. Para Lorenzo, porém, a noite teve outro significado. Ele a passara à margem, observando cada detalhe de longe, admirando sua futura cunhada em segredo, incapaz de controlar o desejo que crescia dentro de si.

Ao longo da noite, sua mente flertou perigosamente com a ideia de ir até o quarto dela, de se render à vontade de reviver o toque e o calor que compartilhara durante aquele breve beijo. Porém, ele sabia que ultrapassar essa linha poderia trazer um turbilhão de consequências tanto para ele quanto para Angelina. Além disso, a mansão Mattioli estava, temporariamente, tomada pela presença da família Corvetti. Os visitantes, que deveriam estar no resort, haviam preferido a hospitalidade dos Mattioli, o que tornava cada passo um exercício de autocontrole. Donnatela já era difícil de suportar, mas Theodoro e sua esposa conseguiam tornar o ambiente ainda mais denso, como uma nuvem de tensão pairando sobre a casa. Era irônico ver como Angelina destoava completamente daquele meio; ela era, de alguma forma, uma alma livre, que parecia ter nascido para brilhar longe da influência dos Corvetti.

A noite prolongou-se mais do que Lorenzo pretendia, com Serena se mostrando uma companhia agradável e leve. Após várias tentativas de convencê-la a não prolongar a visita até seu quarto, Lorenzo, exausto, finalmente entregou-se ao sono. No entanto, o descanso foi interrompido pela luz súbita que inundou o quarto. Sem que precisasse convidá-la a entrar, Serena surgiu com passos firmes, abrindo as cortinas sem cerimônia.

Ele resmungou, o rosto meio escondido no travesseiro enquanto ajustava os olhos à claridade. Ela, vestindo um biquíni preto que destacava sua figura esguia, parecia pronta para o dia ensolarado, os óculos escuros repousando sobre a cabeça e os pés descalços tocando o chão com desenvoltura.

─ Querido, já passa das duas da tarde. O poderoso Don da Cosa Nostra vai mesmo passar o dia dormindo? ─ a provocação vinha acompanhada de um sorriso atrevido.

Lorenzo abriu um olho, avaliando Serena de cima a baixo, tentando decidir se a irritação pela invasão superava a tentação de voltar a fechar os olhos. Mas ela estava decidida a não lhe dar essa escolha.

─ Sua mãe organizou um lanche na piscina para nossos adoráveis amigos, os Corvetti, aquele grupo tão... doce e encantador. ─ Bianchi enfatizou o sarcasmo, revirando os olhos de forma teatral.

O comentário arrancou uma risada abafada de Lorenzo, que afundou o rosto no travesseiro em um misto de cansaço e bom humor. Ela, entretanto, não parecia satisfeita em deixar que ele adiasse seu despertar.

Antes que ele pudesse reagir, Serena puxou o lençol, desnudando-o sem a menor cerimônia, ele não tinha o costume de dormir com roupa. O protesto veio em forma de resmungo, mas a provocação dela veio em seguida: deu-lhe um tapa na bunda, arrancando uma reação irritada e divertindo-se com a cena.

─ Não fode, Serena! ─ reclamou, mas o tom entregava sua resignação.

─ Vamos lá, Lorenzo. Não me faça pedir para a Giorgia vir aqui pessoalmente. ─ a risada dela foi a última coisa que ele ouviu antes da porta bater.

Ele suspirou, sabendo que estava encurralado. A ideia de passar o dia inteiro em um "lanche" na piscina, cercado pelos Corvetti, era a última coisa que ele desejava. Mas, ao pensar na possibilidade de ver Angelina, talvez com os cabelos soltos e um biquíni que deixasse seu corpo à mostra sob o sol, sentiu-se tentado.

Essa oportunidade ele não podia deixar passar.

Lorenzo optou por vestir uma bermuda e uma camisa, ambas de corte casual, mas visivelmente sofisticadas, como tudo que ele possuía. Colocou os óculos escuros e começou a descer as escadas com passos tranquilos, o olhar atento percorrendo cada canto da casa, que permanecia em um silêncio quase absoluto. Mas, conforme se aproximava da área externa, o som das risadas e das conversas se tornava mais claro, junto a uma melodia suave que preenchia o ambiente, misturada com o burburinho dos empregados que circulavam com bandejas de bebidas e petiscos para os convidados.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora