𝟔𝟖 ⌁ 𓈒 ֹ ENRICO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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Quando se está em uma máfia e ocupa um cargo de tamanha importância, a vida se transforma em um constante jogo de raiva, estresse e decisões de vida ou morte. Enrico já havia passado por situações extremas desde que assumira o posto ao lado do irmão. Contudo, em todos esses anos, jamais sentira tamanha fúria como agora. Nem mesmo quando Bartor ousou insinuar que Lorenzo era o responsável pela morte de Lucy, algo que quase o levou a quebrar a mesa durante a reunião.

Mas Donnatela, em cima daquele palco, expondo para toda a Cosa Nostra que ele era gay, ultrapassava qualquer limite.

Enrico não estava mais disposto a se esconder, isso era verdade. Porém, sua exposição não aconteceria daquela maneira. Ele planejava algo gradual, um passo de cada vez. No entanto, agora, ali parado no meio do salão, com dezenas de olhares julgadores fixados nele e sussurros que enchiam o ambiente, foi forçado a engolir em seco. Respirou fundo e endireitou os ombros, exibindo a postura firme e confiante que sempre tivera. Ele era Enrico Mattioli, subchefe da Cosa Nostra, e sua orientação sexual não alterava em nada sua competência ou lealdade à máfia.

Mas as palavras seguintes de Donnatela foram ainda piores. Grávida de Lorenzo? Aquilo era absurdo. Era impossível. Se o irmão tivesse se deitado com ela, Enrico saberia. Lorenzo não seria capaz de esconder algo assim dele.

Foi então que viu Angelina sair correndo, empurrando tudo e todos em seu caminho, enquanto Lorenzo ia atrás dela como se sua vida dependesse disso. A cena se desenrolava como um desastre inevitável, mas Enrico não podia permitir que aquilo continuasse.

Com passos firmes e decididos, ele avançou em direção ao palco, ignorando completamente os olhares e os murmúrios ao seu redor. Cada passo parecia pesar, mas sua determinação era maior. Enquanto subia por um lado, Giorgia, com a expressão fechada, subia pelo outro. Sem hesitar, ela arrancou o microfone das mãos de Donnatela, interrompendo o espetáculo desastroso.

O Mattioli mais jovem, por sua vez, agarrou o antebraço de Donnatela com força, puxando-a de cima do palco sem qualquer delicadeza. A mulher tropeçou ao ser retirada tão abruptamente, mas ele não demonstrou qualquer preocupação. Sua paciência havia chegado ao limite, e ele não permitiria que aquilo continuasse nem por mais um segundo.

─ O que você está fazendo? Estou grávida.

A voz estridente da mulher loira ecoava nos ouvidos de Enrico, como um irritante zumbido, mas ele se manteve impassível, completamente alheio aos protestos e tropeços de Donnatela enquanto a arrastava escada abaixo. Ele a soltou sem cerimônia no último degrau, como se estivesse se livrando de algo indesejável, e apenas então percebeu uma presença se aproximando.

Uma figura de longos cabelos negros, pele pálida como porcelana e um vestido brilhante que refletia as luzes do salão avançava com passos determinados. A aura que ela emanava não era apenas de elegância, mas de uma fúria palpável que dominava o ambiente. Antes que qualquer um pudesse reagir, Serena se postou diante de Donnatela. O silêncio que se seguiu foi tão denso que parecia conter todas as palavras não ditas do salão. E então, o som seco de um tapa ecoou no ar, arrancando suspiros e olhares incrédulos dos presentes.

O golpe foi tão forte que a cabeça de Donnatela virou para o lado, os cabelos loiros cobrindo parte de seu rosto. Serena manteve a postura ereta, a mão ainda levemente levantada, os olhos fixos em Donnatela com uma intensidade cortante, como se o tapa fosse apenas o primeiro de muitos ajustes de contas.

Enrico, observou a cena com um misto de aprovação e neutralidade. Ele sabia que Serena nunca tolerava injustiças, e naquele momento, ela parecia determinada a deixar isso muito claro

─ Sua vadia! Eu vou te quebrar inteira, figlio di puttana, vergognoso!

Serena avançou contra Donnatela como uma tempestade, os olhos flamejando de raiva e os punhos prontos para mais do que palavras. Antes que pudesse alcançar a loira novamente, foi contida por Stefano, o soldado leal de Enrico, que interveio com rapidez e precisão. Ele a ergueu do chão sem esforço, imobilizando-a enquanto ela se debatia e gritava com uma fúria que parecia não conhecer limites. As palavras em italiano que escapavam dos lábios de Serena eram tão baixas, tão carregadas de desprezo, que pareceram congelar o salão. Se houvesse alguma divindade presente, teria se encolhido diante de tamanha intensidade.

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