𝟑𝟕 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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Ele ainda podia sentir o toque dos lábios dela nos seus, um sabor doce como mel, o gemido rouco que o fazia perder o controle, o perfume intenso que o envolvia, como se cada detalhe daquele momento estivesse gravado em sua pele e alma. Naquele instante, estava completamente entregue, como se o mundo ao redor tivesse se desfeito, e nada pudesse impedi-los.

Lorenzo acordou na manhã seguinte, um peso esmagador sobre o peito, tentando se convencer de que deveria se sentir culpado. Ele sabia o que isso significava, sabia que deveria estar atormentado, consumido pela vergonha de desejar a noiva de seu irmão. Mas, por mais que tentasse, a culpa não vinha. O que dominava sua mente era um desejo tão profundo e incontrolável, algo que o consumia por dentro, como uma chama que se recusava a apagar. Ele queria Angelina de novo. Queria sentir sua presença, os sussurros suaves que ecoavam em sua mente. A imagem dela ainda estava vívida em sua memória, o toque, o cheiro, o gosto dos seus lábios, a maneira como ela se entregou a ele no dia anterior.

Ele se levantou da cama, seus pensamentos turvos e pesados, tentando afastar a imagem dela, mas não conseguia. Tudo parecia tão errado, tão imoral, mas nada disso era suficiente para extinguir o desejo ardente que o invadia. Na verdade, ele só queria mais. Queria tê-la novamente, explorá-la de novo como se o tempo e as regras não existissem. Mas a verdade é que ele não sabia mais o que fazer com isso. Ele estava preso entre a lealdade ao irmão e um sentimento que parecia ser mais forte do que ele mesmo.

Desceu as escadas da mansão, sem saber como esconder a inquietação que o corria nas veias. Quando chegou ao jardim, ainda tentando organizar os pensamentos, encontrou apenas Enrico. O irmão mais novo estava ali, imerso em seu próprio mundo, com o notebook aberto à sua frente, óculos escuros que escondiam parcialmente seus olhos e o celular na mão, distraído com algo na tela. A cena foi tão comum, tão familiar, que Lorenzo quase esqueceu por um momento de todo o turbilhão dentro de si. Ele foi até a mesa e se sentou, pegando uma xícara de café preto e despejando a bebida quente no recipiente, buscando na amargura do líquido uma distração para a tempestade em sua mente.

─ Pronto para conhecer o sogro, irmãozinho?

A voz do Don soou, quebrando o silêncio da manhã. Lorenzo levantou os olhos, tentando se forçar a sorrir, a ser o irmão mais velho que sempre fora. Enrico olhou-o de volta com aquele olhar cheio de curiosidade e provocação, mas Lorenzo viu, de alguma forma, que ele ainda estava distante, ainda não compreendendo as complexidades de tudo que estava acontecendo. Enrico, inocente em sua jovialidade, não sabia o que Lorenzo realmente sentia. O que estava tentando esconder, o que ele mal compreendia sobre si mesmo.

Enri deu uma risada baixa, e um sorriso irônico apareceu em seus lábios. Com um movimento rápido, ele deixou o celular de lado, e pegou a garrafa de café, enchendo sua própria xícara com a bebida.

─ Acho que ninguém no mundo gosta do Theodoro. ─ respondeu Enrico, com um tom de desprezo brincalhão. ─ Mas por Angelina, vou me esforçar.

O nome dela foi como um soco no estômago do mais velho. Angelina. Ele não conseguia se livrar da imagem dela, ainda gravada em sua mente com uma clareza cruel. A mulher que seu irmão em algumas semanas chamaria de esposa. A mulher que ele desejava com toda a sua alma, que ele queria com um fervor tão desesperado que o fazia questionar a própria lealdade. A lembrança do toque dela, do seu corpo, das palavras que trocavam, tudo se misturava em uma bagunça de sentimentos conflitantes. Ele não sabia o que era mais forte o amor fraternal ou o desejo imenso que o engolia por dentro.

─ Vou me esforçar também.

Disse Lorenzo, ele queria cravar em sua mente que estava fazendo a coisa certa, que estava lutando pela família, mas, na verdade, ele estava se perdendo, e isso o assustava.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora