[Livro dois da série Starlight]
Aviso: Este livro abordará temas que podem ser sensíveis para alguns leitores.
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Danika Archeron emergiu das profundezas do próprio inferno.
Agora, obrigada a retornar à Corte Primaveril após...
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A água quente da banheira se infiltrou em meus músculos doloridos, suavemente penetrando cada fibra tensa de meu corpo. O calor me envolvia de maneira quase sufocante, mas, ao mesmo tempo, trazia uma sensação inesperada de alívio.
O vapor subia pela água, misturando-se com o ar do quarto, criando uma atmosfera densa, onde os pensamentos podiam se esconder por um momento.
Coloquei a água quase a ferver, o calor queimando meus pés ao entrar. Era um tipo de dor que, de algum jeito, parecia mais reconfortante do que qualquer outra coisa. A dor física, naquele instante, parecia capaz de afastar a dor emocional.
Afundei mais fundo na água até que ela cobrisse minha cabeça, deixando o som do mundo desaparecer.
O silêncio era absoluto, como se o tempo tivesse parado. Não havia ninguém ali comigo, não havia problemas, apenas uma quietude profunda e sólida, onde os pensamentos se entrelaçam de maneira caótica, sem que eu pudesse fugir deles.
Só eu e meus pensamentos.
Meu coração pulsava fortemente nos meus ouvidos, marcando cada segundo, como se quisesse que eu me concentrasse apenas nele, em sua batida constante. Voltei à superfície, puxando o ar para meus pulmões com um suspiro profundo.
O mundo, mais uma vez, se fez presente, trazendo consigo a sensação de que nada estava resolvido, que nada tinha mudado.
Minha mente estava uma bagunça desde que saí da sala de jantar. Me perguntei, com insistência, se eu estava errada ao explodir com Nestha. Ela estava certa, afinal, aquela era a casa dela, o sustento dela que estávamos ameaçando.
Mas também era minha vida, minha sobrevivência, e, de algum modo, sentia que a perda disso tudo me faria perder algo muito maior do que poderia imaginar.
Eu me arriscaria mil vezes por elas.
Matei por elas, já havia feito isso.
E, mesmo assim, mal conseguimos escapar da fome, porque se recusaram a sair de nossa casa, a compartilhar o pouco que tínhamos.
E então, me vi perguntando: sou eu o monstro? Eu, que dei tudo de mim, que dei minha vida e ainda sou tratada como a vilã? Talvez a minha morte seja o problema, mas ainda assim, não me arrependo.
Só estou pedindo ajuda para salvar o que posso, para dar a elas o que posso, mesmo que isso me custe a alma.
E se Nestha não pode aceitar isso, porque agora sou uma "espécie" diferente, que assim seja. Eu não posso mais me submeter a esses julgamentos. Eu sou quem sou, e essa é a única coisa que posso controlar.
A água quente que ainda me envolvia não era mais suficiente para me acalmar. Ela não poderia apagar os pensamentos que queimavam mais do que o calor em minha pele.
Com um suspiro, me afastei da água e saí da banheira. O momento de paz se desfez, e a realidade, com todas as suas complicações, me atacou de novo.