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Madison Hillary Walsh
Dor e amor sem vocês

Observo ao longe, vendo as estrelas cintilarem com suas cores amarelas brilhantes, eram nítidas no céu. Brilhavam como minha mãe brilhava, era animada e sorridente, amava fazer bolos e cantar alto na minha frente, ficava horas fofocando e rindo com Lori era sempre tão alegre e feliz. Relembro tanto dela me abraçar e esmagar no sofá em uma noite fria de inverno, enquanto papai nos abraça‐vá fortemente após chegar do trabalho pesado. Contavam histórias e histórias antes de dormir, dançavam e pulavam juntos, sempre tão felizes e unidos, as vezes até escutava mamãe dizer para Carl me pedir em casamento e me fazer da mulher mais feliz do mundo. Ela era tão boa comigo e com ele, era tão carinhosa, sempre me abraçando e beijando como se fosse um ursinho de pelúcia. Mas também tinha vezes que ela desaparecia, não a mamãe, mas a alegria e a animação dela. Ela entrava em seu quarto e não saia por dias, as vezes durava dias, mas teve vezes que durou meses, depois ela voltava ao normal, mas sempre voltava para o quarto, até que um dia ela nunca mais saiu de lá. E quando enfim saiu, estava dentro de um saco preto.

— Maddy, você precisa comer. — Resmunga Sophia

Ignoro completamente a loira, apertando fortemente minhas pernas e abaixando a cabeça, não querendo ou sentindo fome.

— Oque está acontecendo, está assim a mais de três dias? — Ela questiona aumentando o tom da voz, já se irritando com isso — Não come, não quer sair do trailer, você nem conversa mais.

A olho levemente e pisco, notando que estava me transformando na mamãe. Engulo seco sentindo então um medo, minha respiração acelera e uma pontada no peito se evoluir, junto a uma falta de ar surgir surpreendentemente.
Pisco rapidamente e viro o rosto olhando para meus pés juntos, tendo meus joelhos grudados no corpo.

— Maddy!! — Insiste Sophia

— Deixa ela! — A voz de Ron surge do andar de baixo — Ela quer descansar — Ele dizia o mesmo que papai quando mamãe se trancava no quarto

Respiro fundo e meus olhos se enchem de lágrimas, não quero imita‐la, nem ser que nem ela, eu apenas estou dando um tempo de todos para pensar. Eu precisava, não podia simplismente admitir que Carl me dominou, jamais me dominaria, mas, não sei em relação aos meus sentimentos. Preciso me organizar.
Um silêncio e Sophia desce do teto do motorhome aonde estava. Seguro firmamente minhas coxas, que agora já estava quase curada. Deito o queixo sobre os joelhos e olho para os muros de Hilltop relembrando da lareira, mais lágrimas escorrem junto a uma falta de ar que insiste no meu peito. Jamais serei capaz de erguer uma comunidade, jamais serei capaz de comandar. Me menosprezo desanimando completamente, passando horas e horas, até todas as luzes de Hiltop estiverem apagadas.

— Fiquem em silêncio — Escuto murmurinhos, observo a frente do motorhome, Gage e mais quatro pessoas de sua idade seguem em direção ao longe.

Franzi o cenho, e pensativa recuo mas por impulso observo de relance a abertura que tinha sobre o motorhome em que todos estavam. Engulo seco e olho para as pequenas escadas que tinham no canto do motorhome, ao lado, vou até elas e desço.
Ao apoiar os pés no chão percebo um leve incômodo na coxa, no qual não me atinge tanto assim, não precisava de muletas e muito menos de ajuda agora, mas ainda assim doía um pouco.
Respiro fundo seguindo Gage e seu grupinho de amigos, eles se afastam seguindo para perto dos muros, no qual discretamente vou seguindo e me escondendo entre os motorhomes.

— Fiquem em silêncio, Eduardo não pode nos achar que nem da última vez, não é Riley? Foi desastrosa.

— Estava bêbada, você sabe bem disso Gage. — A vejo notando seus cabelos ruivos fortes, juntos a sardas no rosto. Gilberth segue até um lugar cercado por gramado e moitas, bem escondido atrás de um motorhome.

Walking on them ‐ TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora