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Madison Hillary Walsh
Os sussurros do vento

O sol já estava iluminando boa parte céu, apareceu quase tão rápido quanto esses anos desde que perdi meu pai. Toda vez que pisco, que me sento e posso enfim respirar, eu lembro, eu percebo o quão rápido faz desde sua morte...

Cada vez mais o céu clareava, emergindo raios solares que quase adentravam meus olhos que, cansados, se fechavam. Subo mais adiante, em uma montanha íngreme, não tão alta quanto antes, mas mesmo assim, o suficiente para eu forçar o resto de energia que ainda me restava. Seguindo cada vez mais, me apoio a única árvore que encontro ao meio do terreno largo e imenso quase que isolado sem árvores. Respiro fundo ofegante, levanto a cabeça e observo mais subida a diante, quase que um terreno reto, mas mais subida no qual me faz desistir na hora.

  Meus olhos analisam o lugar e encontro um carro parado no canto mais ao longe, quase que a dentro da floresta que surgia em volta desse único terreno vazio com apenas uma árvore no centro.
Engulo seco e me viro descansando as costas, ao me virar, ainda apoiada a árvore, vejo a vista que me faz arregalar os olhos e arrepiar. A imagem da cidade inteira, as árvores cercadas, em torno de quase toda a vista, mas virando o rosto mais a esquerda, lá ao fundo dava para ver Alexandria os pequenos muros que se diminuíam, enquanto a direita distante, o santuário, alto e largo pela fábrica. Se focasse bem no centro, até que encontrava os resquícios da lareira, mais proximo de santuário, os muros enormes e pontudos emergiam entre algumas árvores, quase que distintos e invisiveis. Tudo tão pequeno, tudo tão distante que me fazia suspirar alto.
Seguindo reto com a vista, a diante, a cidade, mais longe do que qualquer outro canto, atravessado Alexandria e quase todo o resto. Tão minúsculo quanto uma formiga.

Solto o ar que prendia, relaxo os ombros e o corpo inteiro e inspiro o oxigênio puro, fecho os olhos e foco atenta a todos os sons e cheiros. Algumas rãs emitiam sons ao longe, pássaros cantavam logo cedo, enquanto grilos enfim se cessaram pela saída da noite. Podia escutar sons de assas de pássaros grandes, até cigarras que passavam, tudo em um misto de sons e sintonia, junto aos sussurros que as folhas secas da árvore emitiam ao voar contra o vento e baterem uma as outras. Tudo tão quieto, sereno, tudo tão distante e tão vazio.
Havia encontrado paz, uma paz que fazia meus pensamentos desaceleraram...

— Então é aqui? — perguntou, de voz baixa, sem acusação, apenas com cuidado.

— Sim — respondi, firme, mentindo contra mim mesma, mas destinada a tornar essa vista, essa árvore, esse terreno, esse lugar como se fosse meu. — É aqui que passo a maior parte do tempo.

Viro o rosto de lado o vendo se aproximar, ele, se aproximando me estudou por um segundo, os olhos subindo do meu braço com o facão até meu rosto. Não havia dúvida no olhar dele, apenas aquela inquietação que sempre me lembrava que eu não devia seguir sozinha. Ainda assim, Carl não perguntou detalhes das coisas, não sugeriu que eu voltasse com ele, e nem discutiu ou me irritou. Ele não tinha visto ninguém correndo. Não tinha ouvido o fraco som de Dwight atrás de nós, ou o grito estridente dele após o machucar. Bom, talvez não tenha ouvido, ou, talvez tenha e não tenha percebido. Engulo seco pensando sobre, tendo esperança que meus planos ainda funcionariam, mas abaixo a cabeça ao sentir sua presença tão sólida e tão, próxima.

— Não volte sozinha — disse ele, mais para si do que para mim.

— Vou andando — murmurei, e o deixei crer isso, que eu estava só, que eu havia vindo para cá apenas para fugir dele e de todos. Deixei que ele visse a versão de mim que ele precisava ver, sem brigas, sem acusações, apenas, sólida, em concordância. A sua garota, a sua Maddy, a garota capaz de se perder sem ele, aquela que ainda chora pelo pai, que busca pelos braços quentes do melhor amigo, que agora, e sempre foi, inimigo.

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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