Walking on them ‐ TWD

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Madison Hillary Walsh
Um alívio no peito

Observava em volta, olhando atentamente para as árvores onde jurava ter escutado barulhos na noite anterior. Olhava de relance para trás, vendo as redes penduradas pelas paredes através da janela aberta.
A maioria dormia dentro da cabana, nas redes. Revezavam durante a noite, cuidando e priorizando a vigia entre a escuridão da noite.
O sol já estava no céu e a maioria descansava, dormindo e relaxando enfim, enquanto eu me mantinha atenta, em pé, de vigia desde o início da noite, sem ao menos descansar ou revezar com alguém.

- Você não dorme, não?

- Não consigo - murmuro, o olhando de lado.

O único que se acostumou a acordar cedo estava sentado nos degraus, cortando e afiando a ponta de um enorme tronco com sua faca. Jaden era loiro, tinha olhos pretos escuros e usava roupas finas, acostumado por ser um dos caçadores a andar nu.

- Por quê?

- Não sei. É difícil... para eu dormir quieta e sozinha preciso estar há dias sem dormir, quase à exaustão - aviso a ele, dando pouca importância nisso.

- Deveria descansar melhor. Uma boa noite de sono é o mínimo que poderia ter para sobreviver durante um dia cheio de mortos.

Umideço os lábios, penso, o olho de lado, segurando fortemente a M4 que peguei das bolsas de armas.

- Se fosse tão fácil, Jaden...

- Por que não é fácil? É só fechar os olhos - ele diz, levantando a cabeça.

Reviro os olhos, achando ridícula a forma como disse sobre ser fácil.

- Como você consegue dormir sabendo que tem tanta coisa para fazer? Eu não consigo me acalmar, não consigo relaxar... tudo à minha volta parece que vai me atacar. E quando deito, os pensamentos, lembranças, traumas voltam e me assombram, até eu querer e sentir vontade de me matar.

- Espera... você sente vontade de se matar? - Agora ele para o que estava fazendo, franze o cenho e abaixa a faca, prestando atenção em mim.

Pressiono os lábios, olho para frente sentindo minhas bochechas queimarem.

- Isso é sério, não pode pensar nisso.

- Como não? É tão difícil conviver com tudo... Às vezes me pergunto por que deveria estar aqui ou o que estou fazendo aqui. Me sinto tão... tão insignificante... - resmungo, abaixando a cabeça.

- Está aqui para nos salvar. Você, Enid... vocês me tiraram daquele inferno. Me livraram de comer pessoas, de machucar pessoas. Eu estou livre graças a você, graças à Enid. Ela me tirou de lá e você... você me acolheu aqui!

O olho de lado, notando o que havia falado. Penso sobre, observando seus olhos pretos, quase impossível de verificar sua pupila. Engulo seco, respirando fundo.

- É, está certo - nego com a cabeça para mim mesma, achando ridículo ter esses pensamentos.

Um silêncio. Ele se levanta, segue até mim e para ao meu lado, observando o mesmo que eu, longe, distante.

- Estou com você. Nós todos estamos.

Engulo seco. Um nó na garganta aparece, me fazendo prender o ar. O olho, levantando e inclinando a cabeça para observá-lo melhor. Observo seus detalhes: sua mandíbula marcada e seus cabelos claros e cheios. Marco em minha memória, fixo neles. Ele desce a cabeça e me observa, encontrando meu olhar. Meus olhos se embaçam e sinto um aperto no peito, como se precisasse chorar. Mas engulo seco, voltando a respirar.