Back For Good Part I

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Por um bom tempo me mantive de pé em meio à grandiosidade da Grand Central. Pessoas indo e vindo, apressadas ou despreocupadas, em seus rostos apenas uma placa de aviso dizendo: "não se aproxime muito", acompanhadas por um olhar de desprezo para quem se atrevesse a desobedecer. Eu definitivamente esqueci como Nova York era. Ninguém parecia se importar com os outros, cada um com seus olhos vidrados em seus aparelhos celulares, desinteressados o bastante para fingirem fazer algo de importante através da pequena tela. É, eu estava exatamente onde eu deveria estar.

Tirei o meu celular do bolso e o levei direto ao ouvido enquanto atravessava aquela multidão de gente, meus olhos vagando de um em um, sensíveis ao menor sinal de reconhecimento da minha pessoa, algo que não me sairia nada agradável naquele momento.

– Já chegou? -­ a voz grave me cumprimentou do outro lado da linha

– Já, me diga que você esta aqui também Drew. -­ bufei diminuindo os passos à espera de sua resposta.

- Claro que estou! -­ suspirei abruptamente e retomei meu ritmo, ainda escaneando todos ao meu redor. - ­Mas não porque levei em consideração suas antigas ações. Desde quando chega na hora?

Abaixei o aparelho, ignorando totalmente sua pergunta, quando pisei fora da enorme estrutura e cerrei os olhos por debaixo dos óculos. O sol estava castigando no topo do céu limpo de Nova York de uma forma que eu não me lembrava ter visto antes. Rodei a cabeça pelo corredor de carros até que eu o avistei ali, encostado em seu clássico mustang perfeitamente conservado e polido.

– Você esta se deparando com uma nova Lauren hoje – sussurrei próximo a seu ouvido para chamar sua atenção.

Drew esbanjou o melhor sorriso ao fixar seus olhos nos meus e me puxou imediatamente para um abraço apertado, derrubando as mochilas que eu carregava em mim. Enlacei os braços em seu pescoço e juntei nossos corpos o máximo possível sem que nos fundíssemos um ao outro. Ficamos ali um tempo, apreciando o calor e a proximidade que tanto nos faltou. Seu perfume ácido e forte tomando as minhas narinas e me lembrando o ar de menino mau que ele carregava consigo, mesmo que sem querer. Sorri com as lembranças e afrouxei os braços em sinal para nos separarmos. Seus olhos brilhavam de felicidade assim como os meus. A barba mal feita enfeitando seu rosto e o cabelo aparado mal penteado, seus traços característicos também estavam ali.

– Estamos ficando melosos demais – grunhi o empurrando de leve

– O quê? Não te vejo há mais de um ano e você vem com esse papo de melosos? Eu deveria te abracar e não te soltar por um mês

Rolei os olhos em divertimento enquanto ele colocava as minhas coisas na mala do carro.

Drew continuava o mesmo desde a última vez que o vi, o jeito brincalhão e fofo que ele só mostrava para mim ainda estavam ali, como sem não houvesse esse espaço enorme de um ano entre nós, como se eu não o tivesse abandonado sem dizer uma palavra, sem lhe dar notícia todo esse tempo. Encostei no carro encarando-­o e me perguntando se eu merecia essa amizade. Quando liguei para ele na sexta­-feira pedindo esse favor ele não hesitou uma vez sequer, nem me bombardeou com perguntas que eu sei que ele deve ter sobre minha súbita partida de Nova York, apenas se certificou que eu estava bem e atendeu a todos os pedidos. Quem em sã consciência faria isso? A pior parte, é que eu não sei se na sua pele eu teria feito o mesmo e aquilo me incomodava profundamente.

- Bom ver que você não perdeu os velhos hábitos – voltei a realidade ao ouvir sua voz, seus olhos divertidos sobre mim – por mais estranhos que eles sejam e envolvam encarar as pessoas desse jeito.

Deixei escapar um riso abafado e me afastei do carro fazendo meu caminho até a porta do carona, coloquei a mão na maçaneta e parei.

– Você sabe que eu não te mereço, não é? -­ perguntei um pouco mais sério do que eu esperava o olhando por cima do carro. Seus olhos subiram de encontro aos meus, por um momento dando a entender que havia percebido o peso que veio junto à frase, mas então ele sorriu e balançou a cabeça.

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