Capítulo 7

54 5 0
                                    

Uma toalha fora estendida no chão da clareira, perto dela estavam duas almofadas. Em cima da toalha havia frutas, sanduíches, bolos e sucos. Os vagalumes não brilhavam com tanta força porque estávamos no meio deles, mas aqui e ali alguns acendiam, me deixando sempre estupefata.

Daniel foi um cavalheiro, gentil, educado e engraçado. Depois de comermos, conversamos durante horas sobre qualquer coisa que viesse às nossas mentes. Vez ou outra nossas mãos se encontravam, e eu era atingida por uma sensação estranha, sem definição. 

Eu estava assustada com aquele encontro, por alguns momentos Daniel conseguia me fazer esquecer isso, mas eu continuava com uma sensação estranha no peito de que tinha algo errado.

- Me fala uma coisa sobre você, que eu não saiba - pedi a ele, sorrindo.

- O que você quer saber? Só pergunte. - ele disse calmamente.

- Quem garante que você vai me responder? - eu soltei uma gargalhada e ele assentiu.

- Vou tentar responder todas as perguntas.

- Ta, quem são seus pais? Você não fala deles.

- Meu pai é o prefeito da cidade, minha mãe é uma médica.

- Seu pai é o prefeito? Como eu não sabia disso?

- Você não sabe muitas coisas sobre a cidade - ele riu - e também ninguém nunca te contou.

- Por que?

- Prefiro que as pessoas não saibam.

- Por que? - perguntei novamente, e ele riu.

- Eu só não gosto. Não pergunte por que de novo.

Eu ri e o olhei. Estávamos próximos, lado a lado, seu braço à minha volta, tocando minha cintura e acariciando. Eu estava começando a ficar confusa pois a sensação de que havia algo de errado estava sumindo.

- Todo mundo que eu conheço parece ser filho de alguém importante - comentei.

- Deve ser porque você se envolveu com os filhos dos fundadores - ele quase sussurrou.

- Espera - segurei um riso - essa cidade tem famílias fundadoras?

- Acho que toda cidade tem.

- Não... Tipo, famílias fundadoras mesmo? Atuantes, com direitos, famosos, com prestígios e tudo mais?

- Sim - ele riu da minha reação.

- Isso é... Não sei, antiquado?

- É, mas é basicamente a razão da cidade continuar de pé.

- Quantas famílias?

- Cinco. A minha, a de Meg, a de Sarah e a de Isaac.

- A de Mark não é?

- É uma família importante, mas não fundadora. Todos nós fomos praticamente criados juntos, e permanecemos juntos até hoje.

- Essa parte é legal. Ok, próxima pergunta.

- Ok.

- Quem foi sua última namorada? - não sei exatamente por qual motivo perguntei aquilo, mas quando percebi a pergunta já havia saído da minha boca. Porque eu havia perguntado? Eu sabia a resposta.

- Meg. Mas foi há uns três anos.

- É estranho?

- Não mais.

- Quem te ensinou a surfar? - mudei de assunto para não ficar tenso.

- O pai de Tyler.

- Vocês todos soam como uma família grande e unida.

InterlaceOnde histórias criam vida. Descubra agora