Capítulo 16

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Durante o almoço, entre garfadas e goles de suco, contei a Scott sobre a pasta do notebook, e sobre minha lembrança com Carlos. Ele escutou atentamente, pude ver seus olhos tentando encontrar sentido para cada frase que eu dizia.

- Kaya - ele se endireitou na cadeira - eu acho que você descobriu mais do que uma senha.

- Como assim? - terminei de comer e tomei mais um gole do meu suco de melancia.

- O devaneio de Carlos. Acho que nos guiará ao motivo de sua morte.

Scott pagou a conta e me levou para o apartamento de Carlos.

Não me preocupei em como entraríamos lá, ou o que diríamos a Beatrice se ela estivesse em casa. Minha mente estava cheia das palavras de Scott. E se eu realmente tivesse encontrado o motivo da morte dele? O que aquele devaneio realmente significava?

Caminhamos pelo corredor do prédio. Parei em frente à porta. Scott não tentou invadir o apartamento como achei que ele faria, ele apenas bateu na porta.

Kat abriu a porta, quando nos viu, seus olhos ficaram confusos.

- Boa tarde, Katarine - Scott sorriu.

Eu não disse nada, estava estática. Entrei no apartamento, eles continuaram conversando. Segui até o escritório e peguei a mesma caixa que antes encontrara com o notebook.

Enquanto o notebook ligava, tentei decifrar o que as palavras de Carlos queriam dizer.

A chuva não era a causa da fúria de Deus. O que causaria a fúria de Deus? E o que a chuva tinha a ver com isso?

"Cada coisa em seu lugar" ouvi a voz dele de longe.

Cliquei na pasta, que pediu a senha. Peguei meu celular, e abri o tradutor. Digitei a palavra "lugar" e pedir para traduzir para o latim. Apareceu a palvra "Locus".

Digitei Locus no notebook, apertei enter.

Centenas de arquivos foram desbloqueados diante dos meus olhos.

- Scott! - chamei.

Ele caminhou até mim, apressado, e sentou-se ao meu lado.

- Era lugar em latim. Ele tinha uma coisa por latim - eu disse.

- É uma língua bonita.

- E esquecida.

Scott me olhou, reflexivo e depois voltou a olhar para a tela do notebook.

- O que você vê? - perguntou.

- Sinceramente? Nada.

- Não está vendo, só está olhando.

Revirei os olhos e me endireitei na cadeira. Analisei os arquivos. Algumas imagens estavam no fim da pasta, os arquivos de texto pareciam ter uma ordem, eu apenas não entendia essa ordem.

- Acho que tem uma ordem - falei - como se ele quisesse que víssemos algumas coisas por último.

Kat se encostou na porta do escritório, e ficou nos observando.

- Ele estava um enigma - ela disse.

- O que quer dizer? - Scott perguntou.

- Se tornou um enigma um mês antes de morrer. Como se estivesse bagunçando por fora para arrumar por dentro - ela disse, com os olhos fixos no notebook.

- Isso aqui é dentro - toquei a tela do notebook - como se ele tivesse organizado a mente dentro do computador.

- Qual é a ordem então?

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