Capítulo 17

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Meu humor e estilo dependem muito de onde eu estou e com quem estou. Eu pensei que minha antiga cidade, despertaria meu lado frágil e sensível. Pelo contrário, despertou minha força, e até bom humor. Exatamente por isso, resolvi aparecer no pub aquela noite. Juntei toda força e paciência que eu tinha, e entrei no estabelecimento.

Imediatamente avistei o grupo. Rafael, Thiago, Isabel, e uma garota que eu ainda não conhecia. Amanda e Rachel não estavam ali. Eles me viram, e acenaram para mim. Me aproximei devagar.

- Oi - sorri.

- Senta aí - Rafael sorriu e me deu espaço no banco.

- Onde estão as outras?

- Não quiseram vir quando Thiago mencionou que tinha te chamado - Isabel respondeu.

- E como elas sabiam que eu viria?

- Acho que quiseram prevenir.

- E essa, quem é? - apontei para a garota morena à minha frente.

Todos me olharam confusos.

- Essa é a Gabe - Thiago disse - minha irmã.

- Mentira!

A Gabe que eu lembrava era gordinha, tinha o cabelo sempre escovado, e usava preto da cabeça aos pés. Essa Gabe era alta, esbelta, muito estilosa, e seus cabelos estavam bastante cacheados, estilo afro. Eu não me culpava por não ter reconhecido a garota, antes de eu ter ido embora, Gabe tinha ido morar com os avós no sul do país. Fazia um ano e alguns meses que eu não a via.

- Gabe você está incrível! - sorri para ela.

- Obrigada, Kaya - ela sorriu, timidamente

- Eu queria ter uma mudança dessas - brinquei

- Podemos te ajudar - ela e Isabella disseram juntas, e riram.

- Não acho que ela precisa de alguma mudança - Thiago disse

- E eu precisava? - Gabe provocou

- Ah, se precisava!

- Idiota! - Gabe riu e deu um tapa no ombro dele.

Conversamos por horas, eles tentaram me atualizar dos acontecimentos da cidade, lembramos-nos de loucuras que fizemos juntos, perguntaram sobre minha família e então me perguntaram sobre meu futuro.

- Ainda quer fazer medicina? – Thiago me perguntou

- Acho que sim.

- Então está estudando? – Isabel sorria para mim

- Na verdade, não.

- E o que tem feito? – Rafael me olhou, confuso.

- Trabalho.

- Espera, eu não estou entendendo – Thiago disse, me olhando – Está trabalhando ao invés de estudar? E como vai fazer a faculdade?

- Está em segundo plano, no momento – respondi, desconfortável.

- Por quê?

- Eu...

Deveria dizer a eles? Confiava neles? Eles mereciam saber?

- Estou pagando por uma coisa bem importante, preciso do emprego. – foi só o que eu disse.

- Tem a ver com seu pai, né? – Isabel perguntou, um pouco receosa.

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