Três dias se passaram depois daquele episódio, durante esses três dias eu os evitei, e não falei com eles de forma alguma.
No entanto, no quarto dia, meu silêncio teve que acabar. Eu estava saindo de casa para o trabalho, com o celular na mão e os fones plugados, prestes a ouvir qualquer música na minha playlist quando ouvi um grito feminino no fim da rua.
Era Rose, a mãe de Isaac. Estava caída na sua calçada, e parecia ter se cortado, corri até ela e a ajudei a levantar.
- O que aconteceu? - perguntei.
Ela me olhou, primeiramente seu olhar estava tão perdido, parecia olhar através de mim, parecia ver algo interessante, que não era eu, então seus olhos focaram em mim e pareceram me ver.
- Kaya. - ela me reconheceu, enfim.
- Sim, sou eu - continuei a segurando - a senhora está bem?
- Acho que eu... Caí - ela me olhou e deu um meio sorriso, seus olhos, da mesma cor que os de Isaac, mel esverdeados, ainda estavam um pouco confusos - não sei exatamente por quê.
- Sua testa está sangrando - pus meu dedo no corte para estampar - você precisa entrar.
Entrei com ela pela sala de estar. Estive ali apenas duas vezes, na segunda eu conheci a família de Isaac. James, Rose, Lucas e Hanna. James era um homem sério a primeiro momento, mas depois se mostrava um verdadeiro facilitador de risos, Rose era doce e educada, Lucas era mais novo que Isaac e o imitava em tudo, Hanna era uma garotinha de sete anos que ria de tudo. O irmão mais velho de Isaac, Theo, eu não poderia conhecer, morava em outra cidade.
Ajudei Rose a sentar no sofá e fui em direção à cozinha, procurando algo que pudesse limpar a ferida. Achei uma caixa de primeiro socorros estranhamente colocada no balcão e a peguei.
- Como tem estado, Rose? - perguntei enquanto eu limpava sua ferida.
- Bem - ela sorriu - e você? Nunca mais apareceu aqui.
- Eu tenho estado ocupada - também sorri.
- Você e Isaac brigaram? - ela me perguntou, direta.
- Bom...
- Não deixe isso durar muito tempo - ela não me deixou terminar - Ele precisa de você.
"Porque ele precisaria de mim?", quase soltei a pergunta, mas acho que não eram preciso palavras, ela entendeu no meu olhar.
- Estamos todos passando por algo ruim. - ela disse.
- Ele tem muitos amigos.
- Você sabe o que é mais comum em quem tem muitos amigos? - ela acariciou minha mão levemente - não confiar em quase todos. Cercado por muitos, mas mesmo assim, sozinho. Esse é o meu filho, creio que ele e Theo sempre tiveram isso em comum.
- Acho que a senhora não precisa se preocupar com isso, o grupo de Isaac é maravilhoso, confiam uns nos outros e se ajudam.
- Nem tudo pode ser dito para eles - ela olhou pela sala - ele não pode dizer a eles.
"E por que ele não me diz?"
- Não deixe ele sozinho - ela deu leves tapas na minha mão - Obrigada, Kaya. Você me ajudou muito - ela levantou e caminhou até o escritório.
- Por nada - respondi, mesmo que ela não pudesse ouvir, e saí da casa.
Logo depois, fui para o trabalho. Mais uma manhã entediante e cansativa. No horário de almoço recebi uma mensagem de Isaac.

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Interlace
RomantikUm assassinato acontece, e depois disso, tudo muda. Nova cidade, nova vida, porém mesma angústia, dor e confusão. É uma saída acreditar na inocência, mesmo quando tudo aponta o contrário? Ou é a verdade? Em meio ao caos, a nova cidade oferece um por...