Capítulo 34

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Meu pai acabou partindo, e eu fiquei ali com Isaac. Descemos as escadas e eu encarei a minha casa vazia por algum tempo.

- Tem certeza que vai ficar aqui sozinha? – Isaac perguntou, abraçando-me por trás e beijando meu pescoço.

- Você poderia ficar um pouco mais – falei.

- Ou você poderia dormir na minha casa – ele disse e eu o olhei – qual é, essa casa enorme, vazia, é assustadora.

Gargalhei e revirei os olhos.

- Quero ver sua mãe – eu disse, com a voz baixa, sem motivo algum e ele assentiu – mas antes, quero fazer algo.

- O quê? – ele me olhou maliciosamente.

Revirei meus olhos e balancei a cabeça;

- Chama todo mundo – sorri – vamos assistir um filme, comer pizza.

- Tá – ele falou, pegando o celular no bolso.

- Isaac – chamei, ele me olhou – todo mundo inclui Daniel.

Ele parou e me olhou com os olhos apertados, mostrando não entender.

- Chame Daniel – falei

- Essa parte eu entendi, não entendi o por que.

- Porque eu não quero que as coisas fiquem assim pra sempre, vocês precisam parar com isso de não se falar e eu sinto falta dele.

Isaac levantou uma sobrancelha pra mim.

- Como amigo – acrescentei – sinto falta dele como amigo, pare de besteira e chama logo todos eles, eu vou pedir as pizzas.

Isaac revirou os olhos sorrindo e virou-se com o telefone na mão, eu caminhei até a cozinha e a observei. Não havia nada para observar ali, a não ser o vazio, no entanto, lembrei-me de quando cheguei naquela casa e minha mãe estava parada de frente à grande janela, pensativa e estranha, e eu estava ali, no mesmo lugar que estava agora, me perguntando o que faria. A mesma pergunta passava pela minha cabeça. O que eu faria?

Despertando dos meus pensamentos, peguei o celular e liguei para a pizzaria de sempre, depois de fazer os pedidos, decidi ligar pra Kara e chama-la para ficar com a gente, mas ela já tinha planos com as melhores amigas. Alguns minutos se passaram enquanto eu mexia no celular, olhando as poucas fotos que eu tinha, lembrando de quando tudo era difícil, mas não tanto.

- Eles vem – Isaac apareceu ao meu lado – Daniel não respondeu, não acho que ele vai aparecer.

Apenas assenti, minha mente estava distante.

- Tem certeza que não quer só dormir?

- Eu estou bem – sorri calmamente

- Certo.

Ficamos em silêncio, até que senti novamente toda a tristeza que havia em mim, e me segurei, segurei minhas lágrimas e gritos, pois eu deveria estar bem. Isaac segurou minha mão, e nesse momento não tive como segurar nada, e foi como uma represa liberando água e destruindo tudo. Mas eu não chorei, não havia lágrimas, nem gritos. Eu respirava pesadamente num ritmo acelerado, como se estivesse... Não sei. Isaac me abraçou por trás e segurou minhas mãos, a pressão do seu corpo contra a minha me fez respirar melhor e me acalmou. Meu corpo relaxou de tal forma que quase caí. Teria caído. Mas ele me segurou, e gentilmente me colocou em seus braços. Então caminhou até a sala, me colocou no sofá e sentou perto de mim, olhando pra mim. Ele não parecia preocupado, só estava disposto a ouvir.

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