Capítulo 11

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Estávamos sentados à mesa, eu e Kara lado a lado. Eu a observava pelo canto do olho. Seus cabelos castanhos claros estavam trançados, suas mãos tremiam levemente e o canto de seus lábios estava puxado. Ela estava quase desabando. Meu pai estava à minha frente, cotovelos apoiados na mesa, olhando de mim para Kara. Minha mãe estava sentada, de braços cruzados, olhando para a mesa fixamente.

- Precisamos resolver isso como uma família - Meu pai falou, lentamente.

- Concordo - falei, séria.

- Ou eu me mudo, ou você - minha mãe disse ao meu pai.

- Que tal ninguém se mudar? - Kara sugeriu

- Desculpe, filha - minha mãe tentou sorrir - Mas isso é entre mim e seu pai.

Kara engoliu seco, com raiva e me olhou, pedindo ajuda.

- Mãe, eu não acho... - comecei.

- Kaya - ela me repreendeu, e eu parei de falar.

- Eu me mudo - Meu pai disse, tirando os cotovelos da mesa - Vocês chegaram aqui primeiro, é direito de vocês ficarem.

- Se você sair dessa casa, eu também saio - falei, decidida.

- Você não vai a lugar nenhum - minha mãe usou um tom de voz de quem não leva a sério.

- Eu não estou brincando, mãe - eu olhei dentro dos olhos dela - Se ele sair, eu saio.

Kara ficou calada, pensativa.

- Kaya...

- Já sou maior de idade - tentei esse argumento - Estou escolhendo morar com o papai.

Meus pais se entreolharam por alguns segundos.

- Eu não acho que seja uma boa ideia - meu pai disse.

- Você não se vira sozinho, pai - tentei brincar - precisa de mim.

- Nisso ela está certa - ele olhou para minha mãe.

- Kara? - minha mãe a chamou

- Eu... - Minha irmã me olhou - Acho que já que a Kara vai ficar com o papai, eu posso ficar com você.

- Você não é obrigada - quis lembrá-la.

- Eu sei - ela sorriu - Posso passar o fim de semana com vocês?

- Claro - todos dissemos

- E Kaya, quando você vem?

- Nunca - eu sorri de lado - Tudo resolvido? Preciso ir trabalhar.

- Kaya!

Eu levantei e peguei minhas coisas.

- Não vou concordar com o que você está fazendo - eu disse pra ela - Nem com o que você disse a ele ontem. Seja o que for, eu acredito no papai, to com ele.

- Não tem que escolher um lado, Kaya - meu pai disse.

- Você matou carlos? - eu o olhei nos olhos.

- Não.

- Você acha que ele matou? - perguntei a minha mãe.

- Kaya isso...

- Entendi - eu a cortei. - Tchau. Mais tarde procuramos algum apartamento, pai.

Saí de casa respirando fundo várias vezes, tentando manter a calma. Mas eu estava tonta, e minhas mãos frias.

- Kaya... - Aria me chamou enquanto eu anotava algumas coisas na tabela de preços da livraria.

- Eu.

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