No dia seguinte eu fiz a única coisa que conseguiria fazer: estudar. Mergulhei em química, biologia e física. Ignorando tudo o que tinha acontecido recentemente e apenas estudei. No fim da tarde alguém bateu na porta do meu quarto e eu não percebi, percebi apenas quando a pessoa entrou. Era Tyler. Ele fechou a porta trás de si e me olhou, seu olhar era divertido.
- Fiquei sabendo que você virou uma mulher amarga – falou.
- Acho que sim – respondi friamente.
Tyler me pegou pelas mãos, me levantou e me conduziu até a pequena mesa do meu quarto, sentamos e ele me olhou.
- Então vamos – ele disse.
- O quê?
- Você quer reclamar da vida? Vamos reclamar da vida. Quer falar de coisas que não gosta? Vamos fazer isso.
Eu o olhei. Ele estava falando sério. Estava disposto a ser amargo comigo.
- Eu não gosto de banana sabia? – sorri – é a pior fruta do mundo.
- Odeio jabuticaba, é feia e tem gosto de nada. – ele também sorriu.
- Filmes de terror são desnecessários. Eu não gosto de laranja.
- Não gosto de verde – ele disse – e gente espirrando me dá agonia
- Eu odeio o fato de que a vida não é como nos filmes ou livros. – falei suspirando.
Tyler não falou mais, ele apenas me olhava e seu olhar, de alguma forma, me estimulou a falar mais.
- Odeio ter força cobrada. Odeio que me exijam força. Odeio quando julgam minha amargura, eles deviam entender, não deviam reclamar, a vida já é difícil sem isso. Eu não sou obrigada a ser forte. Eu tenho o direito de desabar, conheço meus limites... Isso tudo é demais pra mim. Eu não estou aguentando, e eu não quero aguentar.
Tyler colocou a mão sobre a minha cima da mesa;
- Eu estou aqui pra te segurar quando desabar – ele falou sério, e eu sorri.
- Eu já desabei Tyler. E não havia ninguém pra me segurar.
- As pessoas cometem erros.
- Você quer dizer Isaac?
- Ele não aguenta te ver assim.
- E eu não aguento sem ele.
Tyler suspirou e apertou minha mão levemente.
- Você devia descansar – ele olhou para os livros em cima de minha escrivaninha – dormir um pouco.
- Tenho pesadelos. – olhei para minha mão – insuportáveis.
- O que posso fazer por você?
- Me deixar ser fraca.
▪▪▪
O julgamento foi fechado. Juiz, advogados, detetive Scott, a polícia, Beatrice (que antes havia dito que não iria), meu pai, eu, Kara e Kat. Escutamos todas as acusações feitas à minha mãe. Beatrice falou, meu pai também, e logo após eles, Scott. Para a minha surpresa, antes de minha mãe falar, o juiz me pediu para dizer algumas coisas. Temerosa, sentei ao seu lado, fiz o juramento exigido e olhei para o juiz. Ele tinha os olhos parecidos com os meus, mas eram mais calorosos.
- Kaya, você ajudou William Scott na investigação do assassinato de Carlos, certo? – Ele perguntou calmamente.
- Sim.

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Interlace
RomanceUm assassinato acontece, e depois disso, tudo muda. Nova cidade, nova vida, porém mesma angústia, dor e confusão. É uma saída acreditar na inocência, mesmo quando tudo aponta o contrário? Ou é a verdade? Em meio ao caos, a nova cidade oferece um por...