Capítulo 25

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Scott dirigia o meu carro pela estrada, eu estava encostada no vidro vendo a chuva cair, uma música depressiva do meu pen drive tocava, Scott me olhava de cinco em cinco minutos.

- Você está bem? – perguntou em um momento

- Sim. – suspirei

- O que vai fazer quando chegarmos lá?

- Eu não sei. Não consigo pensar.

- E se Kara não confessar?

Eu sentei direito e olhei para ele.

- Não tem o que confessar Scott! É ela. Fã dos Beatles, louca por Chaplin, quer assistir E o Vento Levou todo sábado, lê o mesmo poema antes de dormir desde os dez anos, odeia o sinal que tem no ombro, e... Ele mencionou as quartas feiras na carta, quarta feira é o dia em que todos nós jogamos cartas, toda semana, sempre! E mais, Carlos costumava dizer a ela que ela ia achar o Jack dela, porque ela é louca pra ter um romance libertador como o de Jack e Rose de Titanic. É a minha irmã. Carlos se apaixonou pela minha irmã!

- Ok, calma.

- O melhor amigo do meu pai se apaixonou pela minha irmã – aquelas palavras pareciam muito insanas quando ditas em voz alta.

Aquilo era insano, dito ou não dito. E eu queria recusar a verdade.

Aquelas horas foram tão longas que pareciam dias, não dormi ou cochilei por um minuto se quer, minha mente não deixava meus olhos relaxarem, meu corpo permanecia rígido e tremia. No entanto, quando chegamos à cidade meus olhos fechavam de sono e meu corpo amolecia. Eu queria uma cama urgentemente. Mas tinha marcado com minha família para conversarmos o mais rápido possível.

Scott estacionou o carro de frente para a casa da minha mãe e nós descemos.

- Tudo bem, Kaya – Scott apertou meu ombro - Não é a pior coisa do mundo. Pelo menos ela não é a assassina.

- Talvez um dia isso me faça ficar melhor – fingi sorrir e ele riu.

Um passo após o outro, cheguei à porta e bati. Imediatamente meu pai abriu e me abraçou.

- Meu Deus, parece que você passou anos fora! – ele disse, ainda me apertando.

- Pai, foram só alguns meses – eu ri, abraçando-o de volta.

- Como você está? – ele me soltou e me olhou – emagreceu, não anda comendo?

- Nem dormindo – Scott completou e riu.

- Kaya! – minha mãe veio correndo até mim e me abraçou.

- Oi, mãe – eu ri e a abracei.

- Você está tão pálida e magra! Scott, o que você fez com minha filha? – ela apertou os olhos para ele

- Deixei ela trabalhar comigo – ele riu e nós entramos

- Ela chegou? – Kara apareceu no topo da escada.

Ela não veio correndo como os outros, desceu a escada lentamente e me abraçou. Não consegui decifrar seu abraço, era como se ela estivesse aliviada em me ver, mas também tensa. Na verdade, pode ter sido um abraço completamente normal e eu estava tensa.

- Pedimos comida chinesa! – minha mãe sorriu e nos levou para a cozinha.

- Ah, mãe... Podemos começar pela reunião? Não vou conseguir comer antes – pedi.

- E ninguém vai conseguir comer depois – Scott sussurrou no meu ouvido e eu lhe dei um tapa no ombro.

Sentamos todos na sala, Scott ao meu lado e Kara do outro. Eu realmente não queria que ela estivesse sentada ali, queria poder olhá-la nos olhos enquanto eu falava.

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