Capítulo 15

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Uma mala em cima da cama, um quarto bagunçado. Eu sentada no chão, checando no celular minha lista de afazeres. Meu quarto estava frio, a primeira luz da manhã entrava pela janela, e eu podia ouvir os passos do meu pai do lado de fora. Ele bateu na porta levemente e entrou.

- Meg ligou, quer saber se precisa de mais alguma coisa - ele disse, observando meu quarto.

- Eu respondo ela por mensagem - sorri.

- O que está faltando? - ele me olhou, preocupado.

- Dinheiro, mas eu já pedi um adiantamento a Lisa.

- Ela foi bem legal né? - ele sentou ao meu lado no chão.

- Não achei que ela fosse me dar uma licensa e adiantamento quando eu pedi demissão.

- Tem certeza do que está fazendo, filha?

Eu o olhei, pude ver que ele estava com medo por mim.

- As pessoas se recusam a entregar o carro na oficina que você trabalha, olham para baixo quando você passa, e tremem quando você entra em alguma loja. Eu tenho certeza do que estou fazendo.

- Mas você tem outras coisas para se preocupar filha...

- Uma coisa de cada vez. Não precisa se preocupar - sorri e levantei, coloquei as últimas coisas na mala e a fechei.

- Não fique muito tempo lá, aquela cidade...

- Aquelas pessoas, você quer dizer. - eu sorri, desdenhando - Pai, vou ficar bem. Chegarei lá às dez, ou onze horas. Assim que chegar eu te aviso.

- Onde Scott vai te encontrar?

- No hotel.

- Kaya, se precisar de qualquer coisa...

- Pai - eu o olhei - Se concentre no seu trabalho.

- Tem certeza que não está fazendo isso para fugir?

- Fugir do quê?

- Daniel.

Levantei uma sobrancelha para ele. Não me lembrava de já ter dito algo sobre Daniel ao meu pai, no entanto, ele sabia o que estava acontecendo.

- Estou unindo o útil ao agradável. - respondi

- Imagino que enquanto estiver lá, não vai falar com ele.

- Ou com qualquer pessoa. Eu preciso desse tempo.

Ele apenas assentiu, e apertou meu ombro suavemente.

- O carro está pronto - falou.


Dirigi por horas, parando apenas para comer e ir ao banheiro. Meus pensamentos estavam inundados em teorias, e medos sobre Carlos. Enquanto dirigia, ouvia a voz dele me contando histórias, suas experiências.

- Você tem focado nas coisas erradas - pude ouvir sua voz perto de mim, como se ele estivesse no banco de passageiro, me olhando. - Seu pai precisa ser inocentado, e eu preciso de justiça. Alguém me matou, não quer que essa pessoa seja punida?

Carlos não estava ali, não era ele falando. Mas ele tinha razão. Isso era maior do que apenas inocentar meu pai. Alguém tinha matado um homem maravilhoso, e justiça deveria ser feita.

Continuei dirigindo agarrada a esses pensamentos, e quando cheguei na minha antiga cidade, depois de horas exaustivas, me arrastei para fora do carro e entrei no hotel.

- Kaya? - ouvi meu nome ser chamado logo após dar entrada na recepção do hotel.

Uma garota de cabelos crespos me chamava, seus olhos estavam confusos, provavelmente decidindo se era bom me ver.

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