- Precisamos juntar as peças – Scott disse, bebericando seu café e olhando para papéis por cima dos óculos
- Me diga algo que eu não sei, detetive – ironizei – Okay, vamos recapitular, Carlos tinha um caso, não sabemos com quem, Beatrice descobriu, e o chantageou por um mês.
- Ele parou de ver a amante e um mês depois morreu... Você sabe... – Ele me olhou no fundo dos olhos – parece que não há conexão aqui.
- Eu sei. Mas há.
- Como sabe?
- "There Will be an answear" – citei a música gravada na lápide de Carlos – Quem gravou isso na lápide dele?
- Talvez Beatrice?
- Ela não era muito fã dos Beatles. Ele era.
- O que está dizendo?
- Que não me lembro dos preparativos do enterro dele, mas tenho certeza que outra pessoa escolheu essa frase.
- E se foi a amante dele?
- Então ela está mais perto do que pensamos.
- Isso é apenas uma suposição, Kaya. Não se agarre a isso.
- Eu acho que é exatamente a isso que devo me agarrar.
- Porque?
- Porque não temos nada mais. – disse e voltei a olhar para o computador à minha frente.
O documento que eu estava lendo era apenas reflexivo. O terceiro que eu lia sobre a mesma coisa: fazer a coisa certa. Estava claro que Carlos estava em uma luta interior, e por mais que eu amasse ler o que ele escrevia, ele não estava ajudando em nada.
- Você devia perguntar ao seu pai – Scott sugeriu – sobre o enterro.
Assenti e voltei a ler, passando direto para outro documento de escolha aleatória. Dessa vez dei sorte, ele contava um acontecimento.
"Me deixou sem ar de tanto rir, e apenas sorria de mim, me olhava como uma criança olha para um doce. Feliz.
- Devíamos voltar, ou alguém pode nos procurar – eu disse.
- Carlos – ela me chamou, antes que eu levantasse – vamos viver assim para sempre?
Toda a felicidade que eu via em seus olhos tinha se dissolvido. Eu via tristeza, medo e angústia.
- O que você quer de mim? – perguntei.
- Não posso te pedir que largue Beatrice por mim – ela disse, me olhando nos olhos – nosso amor não é egoísta. Mas se não lutarmos por isso, vai morrer... Você quer que morra?
Eu não tinha resposta para aquilo. Eu não sabia o que queria.
- Eu...
- Entendi – ela não me deixou continuar, e sorriu, sarcástica – você é o adulto, mas sou eu que sabe o que quer.
Ela levantou e ficou de costas para mim.
- Precisa parar de me ver como uma criança e começar a me ver como alguém que sabe o que quer, ou vai me perder."
- Ah não... – suspirei
- O que foi?
- Ah não.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Interlace
RomantizmUm assassinato acontece, e depois disso, tudo muda. Nova cidade, nova vida, porém mesma angústia, dor e confusão. É uma saída acreditar na inocência, mesmo quando tudo aponta o contrário? Ou é a verdade? Em meio ao caos, a nova cidade oferece um por...