Capítulo 20

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- Precisamos juntar as peças – Scott disse, bebericando seu café e olhando para papéis por cima dos óculos

- Me diga algo que eu não sei, detetive – ironizei – Okay, vamos recapitular, Carlos tinha um caso, não sabemos com quem, Beatrice descobriu, e o chantageou por um mês.

- Ele parou de ver a amante e um mês depois morreu... Você sabe... – Ele me olhou no fundo dos olhos – parece que não há conexão aqui.

- Eu sei. Mas há.

- Como sabe?

- "There Will be an answear" – citei a música gravada na lápide de Carlos – Quem gravou isso na lápide dele?

- Talvez Beatrice?

- Ela não era muito fã dos Beatles. Ele era.

- O que está dizendo?

- Que não me lembro dos preparativos do enterro dele, mas tenho certeza que outra pessoa escolheu essa frase.

- E se foi a amante dele?

- Então ela está mais perto do que pensamos.

- Isso é apenas uma suposição, Kaya. Não se agarre a isso.

- Eu acho que é exatamente a isso que devo me agarrar.

- Porque?

- Porque não temos nada mais. – disse e voltei a olhar para o computador à minha frente.

O documento que eu estava lendo era apenas reflexivo. O terceiro que eu lia sobre a mesma coisa: fazer a coisa certa. Estava claro que Carlos estava em uma luta interior, e por mais que eu amasse ler o que ele escrevia, ele não estava ajudando em nada.

- Você devia perguntar ao seu pai – Scott sugeriu – sobre o enterro.

Assenti e voltei a ler, passando direto para outro documento de escolha aleatória. Dessa vez dei sorte, ele contava um acontecimento.


"Me deixou sem ar de tanto rir, e apenas sorria de mim, me olhava como uma criança olha para um doce. Feliz.

- Devíamos voltar, ou alguém pode nos procurar – eu disse.

- Carlos – ela me chamou, antes que eu levantasse – vamos viver assim para sempre?

Toda a felicidade que eu via em seus olhos tinha se dissolvido. Eu via tristeza, medo e angústia.

- O que você quer de mim? – perguntei.

- Não posso te pedir que largue Beatrice por mim – ela disse, me olhando nos olhos – nosso amor não é egoísta. Mas se não lutarmos por isso, vai morrer... Você quer que morra?

Eu não tinha resposta para aquilo. Eu não sabia o que queria.

- Eu...

- Entendi – ela não me deixou continuar, e sorriu, sarcástica – você é o adulto, mas sou eu que sabe o que quer.

Ela levantou e ficou de costas para mim.

- Precisa parar de me ver como uma criança e começar a me ver como alguém que sabe o que quer, ou vai me perder."

- Ah não... – suspirei

- O que foi?

- Ah não.

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