Capítulo 34

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_Mantenha-se abaixada. Não queremos levar um tiro por acidente, não é? E Amitiel não tem como saber onde estamos, ou onde os tiros irão acertar exatamente.

Raziel falava com ela calmamente, tentando amenizar seu medo. A garota na cama ainda estava viva, apesar de não saberem exatamente quem era. O demônio havia saído de dentro dela, mais a imagem na mente de Eliana ainda a deixava confusa e assustada. Raziel, como se entendesse o pensamento dela, foi até a cama, e pegou a moça no colo. Colocou-a delicadamente sobre o piso manchado do quarto, ao lado de Eliana, jogando uma coberta por cima de seu corpo semi nu.

Raziel, com extrema habilidade, quebrou os pilares de madeira que serviam para segurar o cortinado, e levantou a cama, colocando-a contra a janela. Precisariam de proteção caso quisessem sobreviver àquela investida. Não sabiam contra quem exatamente estavam lutando, mas sabiam que não eram amigos. Os tiros disparados incessantemente e os gritos de dor dos anjos que eram atingidos, garantiam isso.

Eliana olhava assustada para o corpo ao seu lado. Podia ver os movimentos da respiração lenta da mulher desacordada, mas os ferimentos pareciam graves o suficiente para causar-lhe a morte, em pouco tempo se não conseguisse ajuda. Mais tiros foram disparados, e o barulho de asas voltou a intensificar. Só conseguiu reagir quanto a mulher começou a deixar um fio de sangue escorrer pela boca, enquanto o ar golfava em seu peito. Raziel correu até ela, ajoelhando-se ao seu lado. Pediu ajuda para Eliana, que demorou a entender, e não se moveu do lugar.

_Eliana, essa mulher está morrendo. – Raziel colocou a mão em seu peito. – Preciso que me ajude está bem?

_Não. Eu não posso. Ela... – Eliana temia que a mulher pudesse ser salva e voltasse a perturbar seu sono. – Ela estava nos meus sonhos. Ela me feriu, mesmo eu estando distante dela. Se ela acordar e vier novamente, eu não sei se...

_Fique calma. – Raziel segurou seus ombros. – O que havia nela, não está mais aí. Ela agora é só uma mulher, machucada demais para continuar vivendo se não a ajudarmos. Agora pegue alguns panos para estancarmos esses ferimentos, antes que infeccionem.

Eliana, ainda não aceitando totalmente a idéia, levantou-se e pegou alguns tecidos espalhados pelo quarto. Entregou alguns a Raziel, e outros ela mesma colocou apertados sobre as feridas abertas pelo corpo da mulher, que ainda permanecia inconsciente.

Do lado de fora, Amitiel permanecia escondido atrás do carro, disparando rajadas de tiros nos anjos que se aproximavam demais. Anriel descia, jogando alguns anjos para longe. Assim que desceu empunhando as duas espadas, Anriel lutou bravamente contra os anjos dotados de seus poderes celestiais. Não estava em condições de impedir todos, por isso Amitiel ainda continuava preso atrás da van, sem ter para onde correr e se proteger. Apesar de o plano estar claro em sua mente, não conseguia manter sua concentração nos anjos, mas pensava apenas em manter Eliana em segurança. Isso fez com que perdesse seu ponto de segurança.

Rafael havia descido, ainda em sua forma humana, e guiava alguns dos seus anjos para dentro da casa. Parecia que ainda havia algo de valor por lá, pois nem sequer passaram pela linha de fogo. Deram a volta pelo batalhão de anjos que lutava e voava pela rua, em plena tempestade, entrando pelo buraco aberto na parede da sala do antigo esconderijo da possuída. Seja lá o que buscavam, estariam colocando em risco a vida de Eliana, e aquilo era mais do que ele podia suportar. Saiu em disparada pela rua, acertando tiros nos anjos que investiam contra ele, e se desviando de outros, machucados gravemente pelas espadas de Anriel. Continuou correndo, saltando sobre a cerca que protegia a casa, disparando contra dois anjos que seguiam Rafael. Todos pararam perante os gritos desesperados dos seus irmãos, machucados gravemente pelas armas mortais. Rafael ordenou que dois anjos que estavam ao seu lado, impedissem Amitiel. Assim que os viu correndo em sua direção, o anjo disparou contra os joelhos do primeiro, fazendo-o cair ao chão. O segundo saltou por cima do corpo caído do próprio irmão, sem prestar atenção aos ferimentos. Amitiel mudou de arma, e disparou a calibre doze contra o peito do anjo, que caiu inerte no chão enlameado. Aqueles símbolos gravados nas balas haviam funcionado perfeitamente. Estava grato pela sabedoria do irmão.

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