Capítulo 19

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A cidade era iluminada, e repleta de gente por todo lado. Não era o local mais indicado para servir de esconderijo para um anjo, mas no meio de tantas energias, seria difícil localizar até mesmo Gabriel, um arcanjo, se ele resolvesse não usar seus poderes.

Paris era uma cidade linda, e a neve leve que caía tornava tudo ainda mais encantador. Turistas andavam por todos os lados, e os moradores locais aproveitavam para fazerem novas amizades. A profusão de pessoas e carros tornava o tráfego complicado pra as motos de Gabriel e Ezequiel. Resolveram parar em uma cafeteria para conversar e arrumar um plano. Pediram cafés, e sentaram-se em uma mesa isolada. Sobre elas, além das bebidas, Gabriel abriu um pergaminho que ocupou todo o centro da mesa.

_Bom, Kaliel foi mandado para a França em uma missão de investigação. Tinha o comando de cento e sessenta anjos, apesar de a missão não aparentar ser perigosa. Acredito que ele tenha sido o primeiro a estar envolvido nessa maluquice em que estamos. – Gabriel olhou para os rostos interessados dos irmãos. – Ele estava incumbido, segundo os registros, de vigiar os movimentos e o comportamento de uma brasileira que estava morando aqui, para estudar. Não tenho o nome dela. Na realidade, não tenho mais nada.

_Como assim irmão? – Ezequiel estranhou o tom de voz preocupado de Gabriel.

_Não haviam relatórios enviados de Kaliel, e o pouco que tive de informações estavam nos aposentos particulares de Miguel. Mas ele queimou as outras páginas.

_E o que isso tem de especial? – Eriel se mostrava confuso.

_Anjos não recebem o comando de um batalhão para vigiar humanos, Eriel. – Ezequiel explicou, se divertindo com a confusão do anjo. – Cem anjos já seriam suficientes para vasculhar toda Paris, e metade da França, e ainda assim seria um trabalho leve. Mas o que mais descobriu Gabriel?

_Bom, - Continuou Gabriel. – Segundo uma parte de uma das páginas queimadas que consegui recuperar, Kaliel descreveu sentir uma interferência de uma energia perseguindo a garota, mas apesar dela ser forte, não havia conseguido identificá-la. Quando resolveu investigar, todos os anjos que estavam com ele, incluindo o próprio Kaliel, foram declarados mortos, sem motivos.

Ezequiel lia as informações no pergaminho com as sobrancelhas arqueadas de preocupação. Eriel fitava Gabriel esperando mais informações, mas foi Ezequiel quem continuou.

_Mas os doze anjos que você selecionou não estão na lista que Miguel lhe entregou. Como chegou a esses nomes? Aliás, aos nossos nomes?

_Vocês e esses dez anjos não se encontram em nenhuma lista. Exceto Kaliel, que está na lista de baixas. E tem mais uma coisa.

Ezequiel leu a inscrição feita a mão por Gabriel.

_ "Um dos anjos declarados mortos por Miguel na missão com Kaliel apareceu. Declarou que Kaliel ainda vivia, e estava aprisionado em Paris no local da emboscada. Deu um nome de hotel não registrado por Miguel. O anjo foi encontrado morto na terra dois dias depois, mas seu nome não voltou à lista de baixas."

_Se conheço bem Kaliel, ele não ficaria facilmente preso. – Eriel encostou-se à cadeira, pensando alto. – Mas uma força capaz de matar cem anjos, poderia dar conta de aprisionar um deles...

_E onde pretende achá-lo Gabriel? Ele provocá-lo não vai resolver, ainda mais se ele estiver aprisionado.

_Eu sei. – Gabriel continuou sério. – Podemos voltar ao local onde ele sofreu a emboscada, e tentar rastrear sua energia, que deve ter sido usada em algum momento.

Eriel também permanecia sério, com tom preocupado.

_Conheço bem nosso irmão, Gabriel. Kaliel é de mesma patente que eu, e lutei ao lado dele em algumas batalhas. É inteligente, calculista, e extremamente frio. Não vai se incomodar em ser desafiado, ou perseguido. Tornar-se-ia até mesmo um verme na terra para se preparar para um confronto, e apareceria apenas quando tivesse certeza quanto as suas chances de vencer.

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