Capítulo 27

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_Isso é loucura, Raziel. – Amitiel não se conformava com a idéia do irmão.

_Pode não ser tanta. – A voz de Eliana era baixa e pensativa. – Eles procuram por Anriel, doente e quase morto, mas não sabem de sua transformação. Poderão sentir sua imensa energia, e isso os trará para fora. Se tivermos sorte, todos eles, incluindo Miguel. Só precisamos nos esconder, e disfarçar Anriel da maneira certa.

_Disfarçá-lo? – Amitiel não concordava, mas em nenhum momento falava rudemente com Eliana, o que fazia com que ela se sentisse infantil. – Não será fácil esconder um par de asas com dois metros de altura em meio a uma rua aberta, Eliana.

Anriel olhava os irmãos discutindo, mas sabia que apesar dos argumentos serem sólidos, Amitiel na verdade tinha medo de colocá-lo como isca em uma cilada. Sabia que o irmão estava fraco, e tinha medo por ele e por todos ali presentes. Vendo que não chegariam a uma conclusão, resolveu intervir.

_Eu acho, - Anriel falava baixo e grave. – Que é uma opção viável. Mas o que diz, Amitiel, é compreensível. Faremos com que os dois concordem, mas sem seguir nenhum dos dois.

_E como faremos isso? – Amitiel o olhava intrigado.

_Seguiremos conforme o plano criado por Raziel. Porém, ele e Eliana saltarão do furgão antes de chegarmos em frente a casa, e estarão armados. Muito bem armados. – Olhou para os dois citados para garantir que tivessem entendido. – Assim que estacionarmos o carro em frente ao covil, você permanecerá atrás de mim, sendo totalmente escondido pela minha energia, e estará também armado.

_De que irão adiantar as armas? Anjos não são mortos com armas humanas Anriel, sabe disso tão bem quanto eu! – Amitiel se recusava a aceitar.

_As convencionais não, concordo. Mas tive a oportunidade de aprender alguns truques terrenos enquanto estive aqui. Li muitos livros enquanto passei alguns dias escondido em um depósito de uma cidade distante daqui. Sei de uma maneira que poderão tornar as armas humanas bem eficazes contra nossos irmãos.

_Nossos irmãos... – Raziel interrompeu redizendo as palavras de Anriel quase que automaticamente. – Deus, o que estamos fazendo... A que ponto chegamos. Armas para matar os da nossa própria raça, os da nossa família.

Os anjos se entreolharam, enquanto Eliana olhava fixamente para Anriel. Uma idéia lhe passou pela cabeça, mas resolveu afastá-la. Não seria possível. Resolveu continuar com o plano.

_Muito bem, isso aconteceu, e não é culpa de nenhum de vocês. – Eliana estava decidida. – Anriel, é bom que saiba como modificar nossas armas, para que o poder destrutivo delas seja também aplicado aos seguidores de Miguel. O problema agora, é onde conseguiremos essas armas.

_Eu já consegui algumas. Ficaram no meu antigo esconderijo, na torre da velha fábrica. Possuo dois rifles antigos, mas ainda funcionais, e uma pequena pistola semi automática que ganhei de um ex militar que agora é alcoólatra e dono de um bar em Campinas.

_Isso não vai dar nem para o começo. – Raziel sorriu para Eliana. – Você fala bem, para uma advogada. Seguidores de Miguel? Acho que posso usar armas contra eles agora. Venham comigo.

Raziel saiu em direção ao corredor de acesso aos quartos, seguido pelos demais. Na última porta, que o anjo destrancou com uma chave presa a um colar em seu pescoço, escondido pela camisa que usava, o quarto parecia diferente. Não havia mobílias, mas apenas um enorme quadro retratando A Monalisa pendurado na parede adjacente à janela. Raziel retirou a pintura, revelando um cofre escondido.

_Assistindo muitos filmes antigos Raziel. – Eliana zombava da peculiar falta de criatividade do anjo. – Isso não me parece a coisa mais esperta a se fazer.

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