Capítulo 32

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Gabriel já não sabia mais onde estava. Haviam voado com os outros por mais de uma hora, em uma viagem mais lenta que o de costume. Havia perdido a conta de quantos anjos havia visto. Alguns em suas formas aladas, a grande maioria voando apenas usando de seus poderes celestiais. Estavam se aproximando de uma pequena cidade, quando Kaliel, que viajava na frente do grupo, desviou de direção. Sobrevoaram até um ponto não muito distante de onde os anjos se reuniam, e desceu em um terreno de mato alto, próximo a uma construção antiga e abandonada. Assim que todos desceram, Kaliel caminhou em silêncio até chegar a uma torre, que estranhamente não continha portas ou janelas. Estavam no antigo esconderijo de Anriel, mas não sabiam disso. Kaliel removeu alguns escombros, jogando-os longe com extrema facilidade. Com a passagem aberta, o anjo ainda assim não conseguia entrar.

_Há vários sigilos que impedem a entrada de anjos nesse local. Talvez um de vocês consiga entrar, se for com cautela. – Kaliel apontou a entrada.

Ezequiel tomou a frente, respirando fundo e mantendo a concentração, para impedir que qualquer resquício de seus poderes celestes fluíssem, e impedissem sua entrada. Assim que se viu do lado de dentro, Ezequiel pegou um pedaço de tijolo jogado no chão, em meio aos entulhos, e raspou vários desenhos, até que sua simetria fosse desfeita.

Vendo-se livre para entrar, Kaliel foi o primeiro, sendo seguido pelos demais.

_A entrada é aqui. – Kaliel começou a limpar o entulho espalhado pelo chão. – Não temos muito tempo. As donzelas podem ajudar?

Os outros começaram a retirar os escombros da pequena sala na base da torre. Apesar de não haver uma porta, havia uma escada em espiral, que subia até um cômodo no alto da torre. Era estranho demais aqueles sigilos enoquianos, e todas aquelas armadilhas. Eriel subiu a escadaria, enquanto Castiel explicava a todos o que deveria ser feito.

Com o chão praticamente limpo, Kaliel começou a desenhar um círculo no chão, sendo guiado por Castiel. Os outros estavam vigiando a entrada, e alguns continuavam a retirar alguns pedaços de madeira e concreto que continuavam no local. Foram interrompidos pela corrida de Eriel escada a baixo, trazendo consigo uma mochila preta, aparentemente cheia.

_Parece que um de nossos irmãos fez morada aqui por algum tempo. – Eriel colocou a pesada mochila no chão, abrindo-a diante dos olhares curiosos dos irmãos.

Dentro, havia uma pequena caixa, inscrita com o nome Rosane na tampa. Dentro, havia pequenos frascos contendo alguns itens curiosos, como líquidos ou plantas. Havia também algumas facas, uma camiseta rasgada e manchada de sangue, uma pistola semi automática sem munição. Kaliel pegou a caixa contendo os frascos, e Eriel retirou um pacote de velas brancas, ainda contendo o preço afixado na embalagem.

Castiel sorriu. O anjo que estivera ali havia recolhido e preparado todos os ingredientes necessários ao feitiço para abrir o portal. Abriu o pacote, e começou a dar as instruções.

_Kaliel, separe esses frascos, e os limpe de maneira que possamos ver mais claramente o que está em seu interior. Eriel, me entregue as velas uma a uma. Ezequiel termine o desenho, da mesma maneira que expliquei a Kaliel. Os outros vigiem a porta.

Todos fizeram rapidamente as tarefas impostas. Assim que terminaram, Castiel subiu as escadarias, voltando com uma panela pequena de aço sem o cabo.

_Irmãos, esta será nossa despedida. Como anjos dotados de poderes celestiais, não podemos entrar no sétimo inferno, e ajudar na busca pelo colar de Órios. Apenas Gabriel, Ezequiel e Mikael poderão passar. Mas muito cuidado. Lá, serão apenas homens, desprovidos de todo e qualquer poder que possam possuir aqui. Passarão por testes nunca descritos antes, mas terão uma vantagem.

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