"É como se ele estivesse vivo."

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Desligo a televisão e atiro com o comando para o sofá, frustrada. Não está a dar nada de jeito.

Já se passaram seis dias desde que li a carta que o Beno escrevera a irmã. Estou perdida, não sei o que fazer para encontrar o estúpido que matou o meu ex-namorado. E agora que estou mais calma, tenho andado a decidir se matar esse assassino é boa ideia.

Eu não quero ser um monstro, ou acabar na prisão.

O Steve e o Danno, os agentes da força especial podem tratar dele. Com esta história toda eu havia-me esquecido que eles tinham reaberto o caso. O mais correto seria ligar-lhes e dizer que o Benjamin sabia que ia morrer. Mas eu não quero que isso aconteça.

Para eles investigarem essa nova pista teriam de ler a carta. Ela é demasiado especial para qualquer pessoa a ler. Estão inscritos nela todos os sentimentos do Beno. É como...é como se ele estivesse vivo, como se as palavras saíssem dele mesmo.

Tenho passado a semana com o Ross. Apesar de estar um pouco tensa acerca deste assunto, ele consegue sempre pôr-me divertida e a rir como uma tolinha, o que é ótimo. A nossa relação de apenas seis dias parece ter meses. Talvez antes nós fôssemos demasiado próximos e não percebêssemos. Andamos a negar o nosso amor por muito tempo, mas agora que ele aconteceu, eu não podia estar mais grata pelo loirinho ter entrado na minha vida. Eu adoro-o.

-Hey.-alguém diz despertando-me dos meus pensamentos. Quando viro a cabeça encontro Rocky sentado à minha beira, com um sorriso na cara.

"Espera, espera...", penso franzindo o sobrolho. "O Rocky?! Isto é muito estranho, ele nunca fala contigo. Tu até achavas que ele não gostava de ti."

-Olá.-acabo por responder passado um período de tempo.

-Olha, eu sei que nós não temos um grande afeto um pelo outro, mas acho que devíamos começar a falar mais.-ele acaba por confessar, o que me apanha de surpresa. Ok, quem é este gajo e o que fez ao Rocky Lynch?

-Mas e porquê?-interrogo franzindo o sobrolho. Apercebo-me que um tom de voz com que falara não tinha sido o mais simpático, e como o moreno me assusta decido corrigir-me.-Quer dizer, não é que eu não queira dar-me bem contigo, porque pareces um tipo fixe, tenho quase a certeza que és, claro, mas nós nunca falamos assim muito...não é que eu não quisesse falar contigo, mas ya, nunca tive a oportunidade para tal.

Vejo o rapaz diante de mim com um olhar confuso. Meu Deus eu estou demasiado nervosa!

-Mas não queria falar por gostar de ti ou algo parecido, não gostar gostar, entendes? Não estou a dizer que sejas feio ou algo do género, ou que não sejas simpático, é só porque...

-Lindsay.-ele interrompe-me, e os segundos que ele demora para falar parecem séculos.-Caramba, eu meto assim tanto medo para estares toda a tremer?

-Um bocadinho...-acabo por admitir, falando num sussurro.

-Não precisas. Eu sou um gajo fixe.-ele diz, por entre sorrisos. Quando o fito, ele encolhe os ombros e conclui o que tem a dizer.- E todo bom também, como podes reparar.

-Nada convencido!- ironizo, rindo. Nuca pensei que poderia partilhar uma gargalhada com este membro da família.

A minha vida não faz, oficialmente, sentido nenhum.

-Só estou a tentar que percebas que da maneira como falas com os outros, também podes falar comigo.- ele responde.

-Isso inclui-me?- indaga Ryland, aparecendo de sabe-se lá bem de onde. Por ter falado tão subitamente, deixo escapar um gritinho, que fica a ser motivo de riso para os dois rapazes.- Estou feliz por estares com o meu irmão.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora