"Não foi um sonho."

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"- O Benjamin está morto. Foste tu que o mataste.

-Eu? Não, não é possível!

-Temos provas que foste tu, Li. Não aguentavas a fama dele pois não? Precisavas de poder.

(...)

-Como. Foste. Capaz! És horrível, um demónio! Mataste o meu filho! Mantém-te longe de nós!

-Mas não fui eu!"

Acordo escandalizada. A minha respiração está ofegante e os meus olhos esbugalhados. Estou a suar imenso devido ao pesadelo. 

Era só um pesadelo...

Olho para o despertador e vejo as horas. Seis da manhã. O campeonato começa apenas às oito e meia.

Bufo chateada, pois sei que não conseguirei adormecer novamente, agora que o Beno me veio outra vez à cabeça. Desço as escadas do meu apartamento e dirijo-me à cozinha, preciso de um copo de leite. Assim que já estou mais calma e que paro de tremer, volto para o meu quarto para tomar um banho fresco e demorado, já que tenho tempo.

-Mas que raio...-murmuro baixo quando vou a passar pelo corredor que dá para o meu quarto. Ouço barulhos vindos do quarto do meu irmão.

Sim, eu tenho um irmão. É dois anos mais velho que eu e chama-se Dylan. Eu gosto muito dele, nunca fomos daqueles irmãos que andam sempre à luta. Ele apoia-me em tudo, mesmo tudo, mas ainda não sabe que o Beno...faleceu. Ontem à noite entrou bastante tarde, aposto que esteve com a Alexa, a namorada dele. O Dylan dava-se bastante bem com o meu namorado, quase eram melhores amigos.

Entro no quarto rapidamente. O Dylan está a dormir. Tenho de admitir, ele é muito fofo a dormir. As suas feições duras parecem relaxar e a maneira como ele dorme...sei lá, ele é muito bonito.

-Olá, baixinha.- saúda-me o meu irmão, acordando de repente. Ele nunca teve um sono muito profundo, devia-me ter lembrado disso.

Não nos víamos faz tempo. Ele foi há duas semanas para a Austrália, numa viagem com a namorada e alguns amigos.

-Oi, grandalhão.- cumprimento-o também. Ele sai da cama e abraça-me logo que percebe que a minha voz sai infeliz e baixa.

-Que se passou?- ele indaga e eu sento-me na sua cama desfeita e o meu irmão faz o mesmo.

-Dylan...o Beno...- eu começo mas logo as lágrimas voltam. O Dylan passa o seu braço direito pelos meus ombros e a sua mão esquerda afaga os meus cabelos.

-Ele deixou-te?

-Não, ele...

-Foi-se embora?-pergunta Dylan interrompendo-me, o que já me estava a enervar.

-Nada disso, o Beno...

-Gosta d-

-ELE MORREU DYLAN!- grito farta daquilo, desabando nas almofadas do meu irmão. Elas cheiravam a mar e a rosas, cheiravam tão bem quanto as minhas.

Logo que entendeu o que eu disse, Dylan tenta conformar-se com a ideia, o que demora algum tempo. As minhas lágrimas escorrem vagarosamente pelas almofadas, deixando-as todas molhadas.

O meu irmão vem-me abraçar fortemente e deposita um beijo na minha bochecha. Agarra o meu rosto com as suas mãos grandes e bronzeadas, obrigando-me a olhar para ele, para os seus olhos azuis-esverdeados.

-Nós vamos superar a morte dele tal como superámos a morte do pai e da mãe, está bem? Nós vamos ser fortes.- ele declara com uma expressão séria, esperando que eu concordasse.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora