Dou um salto para sair do comboio. O meu peito move-se freneticamente. Tenho a garganta seca, e os lábios comprimidos.
Tenho medo do que possa encontrar quando chegar ao hospital onde a Lindsay está. Pensar que a posso perder para sempre sufoca-me. Então, tento-me abstrair desses pensamentos, enquanto continuo a caminhar para chegar ao local pretendido.
Mas é impossível. É impossível não pensar nela. Gosto demasiado da Li para a minha cabeça a abandonar.
Não sei explicar o quanto a amo, e isso irrita-me. Reconheço que os sentimentos que nutro por ela são intensos, grandiosos, contudo, nem sempre consigo demonstrar isso aos outros. Não consigo mostrar-lhe a ela.Só me apercebo que cheguei ao hospital por ver uma ambulância estacionada perto das urgências. Com um suspiro, subo os degraus deste, e empurro a porta que me separa da minha ex-namorada.
-Boa tarde. Ainda dá para fazer visitas?- interrogo, com uma linguagem muito pouco formal. Depois de ter ouvido a minha voz inócua e trémula, a senhora que está diante de mim, mesmo atrás do balcão, deve ter pensado que sou uma criança de 15 anos.
-Boa tarde. Sim, ainda dá.- ela diz, com os olhos azuis bem abertos. O seu cabelo ruivo está preso num apanhado simples, atrás da cabeça. É bastante bonita, para ser franco. Mas não tanto quanto a Lindsay.- Hum, senhor?
-Sim?-pergunto, desvanecendo-me dos meus pensamentos.-O nome. Preciso de saber o nome do paciente.
-Ah.- respondo, tentando recordar-me do nome completo da minha melhor amiga.- Lindsay Miller Holt.
A senhora digita algo no computador, e logo me informa:
-Sim, já encontrei. Piso 2, quarto 33.
-Obrigada.- agradeço, abandonando o local.
À medida que avanço para chegar à miúda que eu amo, os nervos acumulam-se, e o pânico gera-se. Tenho medo do que possa encontrar naquele quarto. A Lindsay não está pronta para partir: ela não pode partir, e isso é uma obrigação. Não a vou deixar morrer.
Mal saio do elevador, avisto o quarto onde ela está. Cerro os punhos, mentalizando-me para o pior.
"Ela vai estar bem. Ela vai estar acordada. Tem calma.", penso para mim mesmo. Ok, confesso que estou mais assustado que uma criancinha numa casa assombrada, daquelas que existem sempre nos parques de diversões.
Assim que ponho um pé na divisão, vejo o rapaz de cabelo claro e olhos azuis que a Li beijara ontem à noite, ou de madrugada, não sei. Uma ira cresce dentro de mim, mas tento controlar-me, sobretudo porque a Lindsay está no estado em que está.
Ela mostra-se inerte. A sua boca está entreaberta, e a sua pele encontra-se mais pálida do que o costume. Os seus olhos apresentam-se fechados, impossibilitando-me de ver aquela cor de chocolate que só eles têm e que eu amo tanto. E o seu pequenino corpo tenta sobreviver com a ajuda de vários fios e máquinas que estão em volta dela. Pelo que estas ditam, parece-me que está tudo dentro do que se possa chamar normal.
-Que estás aqui a fazer?- o Peter Cole questiona, arqueando uma sobrancelha. Reparo que ele não gosta nada de mim. Mas não me importo. O sentimento é recíproco: eu odeio-o. Não sei bem o motivo, mas há algo nele que não me inspira confiança.
-Ela é minha namorada. Vim ver como ela está.- digo, virando o meu corpo totalmente para ele.
-Ex-namorada.- ele corrige-me, o que me irrita.- Vieste magoa-la mais um bocadinho? Já chega, não achas?
-Tu não sabes absolutamente nada sobre o que eu e ela já passamos. Por isso, porque é que não te informas antes de falares?- sugiro, semicerrando os olhos.
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Memories |Ross Lynch
FanficLindsay Holt tinha tudo aquilo que uma típica adolescente desejava. Amigos. Um namorado. Uma bela vida pela frente. Mas quando menos esperava, Li recebe uma notícia trágica que lhe retira toda a sua felicidade. Chorar todas as noites faz parte da ro...