"Tens de deixar de ser tão...misteriosa, Li!"

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Um ano e meio depois...

-Anda lá, Li! Não sejas cortes!- reclama Tris debruçada sobre a minha carteira da sala de aula. Ainda não havia tocado, então o professor de matemática ainda não tinha chegado.

Tris fica na mesa à frente da minha. Dá bastante jeito quando quero conversar ou mandar-lhe bilhetes.

Eu? Estou na última mesa de todas. Detesto quando os professores ficam a olhar para mim, isso incomoda-me. Prefiro não dar nas vistas, estar atrás de todo.

Reviro os olhos enquanto a minha melhor amiga continua a tentar convencer-me a ir a uma tal festa de hoje à noite, na praia.

Olho para a Tris por um momento. Porra, como ela mudou num ano e meio...o seu cabelo castanho escuro longo é agora pelos ombros e tem as pontas azuladas. Os seus olhos são realçados por um pouco de rímel e as suas roupas habituais são camisolas curtas e calções de cintura subida.

Ela ficou bastante popular desde o início do 10º ano, é uma rapariga bonita e de invejar. Está constantemente a ser convidada para festas.

-Se eu for tu calas-te?- pergunto já chateada enquanto ela abana a sua cabeça freneticamente.

-Ya!- exclama ela eufórica.-Tens de deixar de ser tão...misteriosa, Li!

-Para quê?- indago sem alguma preocupação. Sei lá, gosto de ser assim, não tenho nenhum problema.

-As pessoas gostavam de te conhecer, mas tu fechas-te demasiado! Anima-te!- ela responde como se nada fosse, como se não soubesse porque estou assim. E isso enerva-me, pois quase todos os dias ela diz isto.

Na realidade ela não sabe, nunca foi assim tão horrível como foi para mim. Ela não sabe o que é sentir um vazio no coração.

A campainha acaba de tocar. O professor entra na sala e deixem que vos diga, odeio este professor...está sempre a perguntar-me a porcaria da matéria que damos, e depois ainda fala comigo no fim das aulas...

-Bom dia.- ele cumprimenta-nos.-Hoje vamos rever as equações de segundo grau.

E dizendo isto, vira-se para o quadro para começarmos a passar a matéria. Tris bufa de frustração, sei como ela detesta matemática, ainda por cima equações. É por isso que ela tem as notas que tem. Mas não me entendam mal, ela não tem negativas. Além de ser popular, é uma excelente aluna. Tem notas altíssimas a tudo, menos a matemática, e segundo ela, nunca conseguirá subir a sua nota baixinha.

Duas horas depois, a campainha soa e eu solto um suspiro de alívio."Finalmente", penso para mim enquanto arrumo os meus livros dentro da mochila preta e branca.

-Antes que me esqueça, segunda-feira trarei autorizações para irem a um encontro de escolas. Cada escola será representada por uma turma, e vocês foram os escolhidos. Quero que representem bem a escola e nos deixem orgulhosos. Podem sair.

Dirijo-me para o meu cacifo, para pousar os livros que pesam tanto. Quando o fecho, alguém vem contra mim.

-Li!- grita Tris assim que me viro de costas para o grande "armário de cacifos".-Anda, anda, anda.

Ela cruza o seu braço com o meu enquanto nos dirigimos à cantina. Ao chegar lá, pego num tabuleiro e a minha melhor amiga faz o mesmo.

-O Dylan?- ela pergunta de uma forma brusca, como se estivesse interessada no meu irmão. Quer dizer, metade das raparigas estão agora que ele acabou com a namorada, mas aquele seu ar de adulto de agora não atrai ninguém. Se faço algo de mal está logo a ralhar-me...detesto.

-Não sei, ele não se importa comigo.-respondo secamente, pegando num pão e num prato com comida.

-Oh! É verdade! Descobri que um rapaz daqueles encontros de escolas está interessado em ti. Pelo que parece viu-te na rua e depois encontrou-te no facebook. Dizem que ele é giro, devias aproveitar.

-Não estou com disposição de conhecer rapazes.- riposto amargamente sentando-me agora numa mesa vazia, de seis pessoas. Tris senta-se à minha frente boquiaberta, provavelmente por causa da minha resposta.

-Como assim?- ela pergunta arqueando a sua sobrancelha direita.

-Não quero, ponto final. Prefiro estar sozinha.- digo em tom baixo mas ao mesmo tempo confiante. Começo a comer a minha pequena maçã enquanto que a minha melhor amiga ainda está estática.

-Mas vais à festa, não vais?- ela pergunta olhando fixamente para mim.

-Vou.

(...)

-Vais mesmo assim para a festa?- Tris interroga olhando para mim de cima a baixo. Tenho vestido umas confortáveis calças de ganga e uma camisola preta com um mal-me-quer estampado na parte da frente desta. Calçado tenho umas vans pretas e o único acessório que tenho posto é uma pulseira com a letra "B".

-Ya.- desta vez, sou eu que a olho de cima a baixo. O seu cabelo tem caracóis perfeitos a caírem-lhe pelas costas. O seu vestido preto curto assenta-lhe muito bem e os tacões altos brancos completam o conjunto. É o tipo de roupa que em mim nunca iria ficar bem.

-Ok, mas promete-me que hoje, só hoje vais rir, falar, dançar, e divertir-te. Como eras antes.- ela pede com olhos de cachorrinho, esticando o seu mindinho na minha direção.

-Pronto...mas só por uma noite.- aceito a proposta, entrelaçando o meu mindinho no dela, ao mesmo tempo que me comprometo a ser por uma noite uma rapariga como ela.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora