"Chamo-me Ross, Ross Lynch."

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Uma brisa fresca joga os meus cabelos lisos e longos para trás dos meus ombros. Ao longe vejo várias luzes iluminarem um espaço aberto e muito movimentado. Posso sentir o cheiro de água salgada e é exatamente por isso que amarro o pulso de Tris.

-Não me disseste que a festa era numa praia.-sussurro de sobrolho franzido, tentando fazer uma cara ameaçadora.

-Posso ter-me esquecido de alguns pormenores...- ela diz, afastando o olhar como se tivesse medo que eu a matasse.

-Isto é uma praia!- exclamo enervada, ela sabe como detesto praias há um ano e meio.

-Oh, por favor...- Tris revira os olhos vezes sem conta, parecendo ridícula.-Nem vais dar conta que é uma praia...

-Ok...- suspiro cansada da conversa e deste assunto.- Vamos lá acabar com isto.

-Boa!- ela exclama aos gritinhos e pulinhos.

Ela puxa-me para o meio da multidão que não pára de dançar e de conversar como se não houvesse amanhã. Todas as raparigas estão com vestidos acima dos joelhos e muito produzidas e é por isso que me sinto tão bem ali no meio.

Sou diferente delas.

-Pronto!- grita Tris por causa do volume da música.- Diverte-te, não sejas cortes!

Assento com a cabeça e num abrir e fechar de olhos a minha melhor amiga desaparece, como por magia. Talvez pense que eu me sinto mais à vontade se não a tiver por perto mas é bem o contrário.

Fico meia perdida no centro da pista de dança, porém, sou influenciada pela multidão dançante.

Movimento-me da esquerda para a direita sem saber o que estou ali a fazer. Porque concordei com isto? A esta hora podia estar em casa, aconchegada nos meus lençóis a ler Percy Jackson e a Maldição do Titã enquanto bebia um batido de morango, mas onde estou eu?Numa festa, o que não se enquadra no meu estilo de vida.

Olho para todas as direções. Vejo um rapaz e uma rapariga encostados ao balcão de um bar iluminado por luzes verdes, amarelas, laranjas e rosas fluorescentes; estas fazem doer a cabeça se estivermos sempre a olhar para elas. O casal está aos beijos e parecem ter a intenção de não parar.

Reviro os olhos, enojada. Romance, para que precisamos dele? Por favor, mais vale viver sozinha. Para quê ter um rapaz a nos chatear a cabeça e a agarrar-nos sempre quando podemos ficar livres, sem nenhum compromisso? Prefiro ser uma mulher independente a ter de sustentar uma família para a vida.

Chamem-me de louca, mas eu não sinto nada. Absolutamente nada. Desde há um ano e meio que o meu coração se tornou de ferro, de pedra. Não sinto felicidade, nem tristeza, nem emoção. Nada. Não choro, não rio, e se sorrio, não é um sorriso de verdade, a não ser que esteja a ouvir música; aí sim, sorrio de verdade. Nem um ser humano pareço, mas não me importo.

A minha voz pareceu ter ficado mais fina e rouca neste último ano. É possível que se deva ao facto de eu não falar com quase ninguém. Para que hei de ser social? Para levar uma facada nas costas mais tarde de falsos amigos?Para andar para aí a sofrer? Para me apaixonar e sofrer desilusões de amor?

Não, obrigada.

Fecho os olhos por um momento. Ouço a música que está a dar e danço ao ritmo dela. Sorrio ao ouvir que é a Don't Stop, dos 5 seconds of summer.

Se sorri verdadeiramente? Sorri, porque é uma das minhas músicas favoritas.

Abro os olhos de uma forma repentina, e reparo que um rapaz encontra-se à minha frente. Ele é bastante mais alto que eu. Também, tenho um metro e sessenta e dois, que pessoa de dezasseis anos e três quartos é tão baixa? O rapaz deve medir à volta de um metro e oitenta e aparenta ter uns dezoito anos.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora