"Ele está morto."

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Permaneço de olhos fechados por mais de cinco segundos. Acho estranho não sentir dor devido à bala que veio direitinha à minha testa- mas é ainda mais estranho não sentir o sangue a escorrer pelo meu rosto.

Abro os olhos rapidamente, e assim que o faço, esbugalho-os de surpresa, pânico e choque. Tudo misturado dentro de mim, o que obviamente não me fazia sentir mesmo nada bem. Ainda sentia lágrimas a correrem pela minha face, com o medo que o Rocky me matasse a apoderar-se do meu peito.

Mas era ele que havia levado um tiro na nuca. O moreno encontra-se agora no chão, por cima de uma grande poça de sangue, e com os olhos repletos de desespero a fitarem um ponto aleatório do céu. Ele não mexe nenhum músculo, o que me leva a deduzir que está morto.

Ele não era o ameaçador e o assassino do Beno, era impossível, uma vez que ele não se sentiria tão angustiado se o fosse. O Rocky tinha sido chantageado e usado por alguém, e esse alguém é o verdadeiro culpado por tudo o que está a acontecer. O Rocky...o Rocky foi uma cobaia no plano do ameaçador.

-Ele está morto...ele...o Rocky está...- murmuro para mim mesmo, tentando mentalizar-me. Começo a chorar, mais uma vez. Estou metida numa grande tempestade de sentimentos. É demasiado para uma pessoa só.

-Li?...-ouço a chamarem o meu nome, o que me faz distrair dos meus pensamentos. Ergo a minha cabeça e vejo Riker.

Consigo ver o suor a escorrer pelas suas têmporas. O rapaz está mais pálido do que nunca, e os seus lábios tremem ligeiramente. Na sua mão encontra-se uma pistola, parecida com a que o Rocky trazia. Sei que devia perguntar ao loiro onde raio é que arranjou uma arma, mas neste momento, essa pergunta parece demasiado inoportuna.

No mesmo momento, o meu telemóvel vibra várias vezes, sem parar por um segundo. O Riker aproxima-se à medida que eu tiro o aparelho do bolso e o desbloqueio, vendo nas notificações que tenho cinco mensagens de dois números anónimos.

Fito o rosto de Riker antes de ver o que as tais mensagens dizem. Tenho quase a certeza do que me espera.

-Calma...-ele apenas diz, cerrando logo de seguida o maxilar.

Mal vejo todas as dez mensagens (as cinco de cada um dos números), reparo que ambos mandaram o mesmo conteúdo.

O ameaçador passou a ser dois ameaçadores.

Tento conter o choro à medida que penso naquilo que vinha escrito.

"Eu estou a ver tudo, Lindsay."

"Isto foi culpa tua."

"Enquanto vocês continuarem a gostar um do outro, continuam a sofrer."

"E eu não tenho medo de matar um de vocês."

"O Rocky era fraco, mas eu não sou."

-Isto é tudo culpa minha, Riker.- sussurro, por entre as minhas lágrimas e os meus soluços. O ameaçador tem razão: o Rocky podia continuar vivo se eu nunca tivesse me envolvido com o Ross.

O irmão mais velho dos Lynch agarra-me pelos ombros e começa a abanar o meu corpo freneticamente.

-Porra, Lindsay, para!- ele grita, com a fúria vidrada nos seus olhos castanhos.- Se há alguém que tem de se sentir culpado sou eu! Eu acabei de matar o meu próprio irmão!

Ficamos apenas a olhar um para o outro por alguns segundos. Ambos os nossos rostos refletem o medo e a dor que estamos a sentir neste preciso momento. É como se o nosso mundo se tivesse virado completamente de pernas para o ar.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora