"Não me quero afastar dele."

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Esbugalho os olhos à menção daquele nome.O tal Peter,o rapaz de que Tris me falara continua a olhar para mim a sorrir,enquanto Riker observa tudo,confuso e de sobrancelha arqueada.

-Como sabias que estava aqui?-pergunta o rapaz,endireitando-se na cama a custo.A minha voz parece falhar,por isso calo-me imediatamente.

Sinto as minhas mãos a ficarem mais frias,mais ainda do que o costume.Não quero ser convencida,até ao ponto de não falar com ele por o rapaz gostar de mim,mas também não posso fingir que não se passa nada aqui.Além disso,como é que ele gosta de mim?Sou tão normal,tão diferente de todas as raparigas bonitas.Não sei mesmo o que tenho de tão especial.

-O Ross,o que te atropelou,é…meu amigo.-digo quando consigo finalmente falar.Ele assente lentamente com a cabeça,silencioso.Riker encosta-se à parede,de braços cruzados,olhando para o chão.

-Eu não estou ferido,eles só precisam de verificar umas coisas.-ele conta,confortando-me.Não iria suportar o fato de o rapaz atropelar um inocente.No mesmo instante,ele semicerra os olhos,ainda pousados em mim enquanto respira profundamente.

-Passa-se algo?-pergunto desconfiada.

-Estiveste a chorar?-ele indaga,curiosamente.Limpo as lágrimas restantes instantaneamente,para que isso não se tornasse um assunto para falar qualquer.

-Lindsay,hum…temos de ir.-interrompe Riker aquele silêncio esquisito,engasgando-se em algumas palavras.Comprimo os lábios,afastando-me da cama onde ele está.Ele transmite-me alguma sensação negativa,não faço ideia do que seja.É apenas…algo negativo,faz-me ter medo.

-Adeus.-despeço-me do rapaz hesitante,acenando.Ele sorri e retribui o aceno,relaxadamente.

Caminho mesmo atrás do loiro,cabisbaixa e ao mesmo tempo pensativa.Porque motivo é que o Ross se embebedara desta maneira?E estaria ele a dizer a verdade quando dissera que a culpa é minha?Talvez seja,nunca devia ter entrado na vida destas pessoas.Devia ter ficado em casa no dia daquela festa estúpida na praia.Não teria conhecido o Ross,não teria saído com ele nem nos teríamos tornado amigos.

Chego à sala de espera e vejo logo o Ross sentado,calmo,como se estivesse tudo bem.Mas não,não está.

-Vamos no carro em que viemos,mas levas o Ross atrás,contigo.Se ele tentar alguma coisa,gritas que eu paro.-avisa Riker,sussurrando.Franzo o sobrolho,não percebendo a parte do “se ele tentar alguma coisa”.O rapaz parece ler os meus pensamentos,então logo explica.-Ele neste estado não se consegue controlar.

-Ou seja,ainda mais louco por raparigas fica?-sugiro,pondo a mão direita na cintura.O Riker assente,visivelmente desapontado com o irmão.Ele baixa o olhar por um momento,assim que chegamos finalmente às cadeiras próximas daquela onde está sentado o Ross.

-Prepara-te,vais voltar a encontrar o rapaz que conheceste na festa.-murmura o loiro enquanto eu suspiro,preparando-me para o que desse e viesse.

-Ross,vamos.-ordeno,puxando-o por o braço esquerdo.Surpreendentemente,ele obedeceu.Quando este se levanta,reparo que os seus punhos estão cerrados,prontos para atacarem alguém.Neste momento,ele é capaz de me meter mais medo que o Peter.

O rapaz mais velho vai à frente,com a chaves do seu automóvel já nas mãos.O meu antigo melhor amigo caminha no meio de mim e do Riker,e por vezes desequilibra-se para os lados,rindo-se ou batendo em algo.Faço o que sempre fiz ao longo destes últimos dois anos e ignoro-o,deixando a tarefa árdua de o acalmar para o Riker.

Assim que chegamos ao carro,sinto o meu telemóvel a vibrar,indicando que tinha uma mensagem.Tiro-o descontraidamente,talvez seja da operadora a dizer que o saldo é inferior a um euro.

Memories |Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora