Pov Li
Domingo. 17:52. Três dias depois de ter chorado em frente ao Ross.
Grande erro? Grande erro.
Não sei o que me deu na cabeça para desabar em lágrimas em frente dele. A sério, apenas...aconteceu. Não quero parecer frágil, eu sou forte. Eu consigo não chorar, não expressar sentimentos.
O meu telemóvel vibra, avisando que recebi uma mensagem. Salto para a minha cama e pego no aparelho, lendo o sms.
"Preciso de falar contigo. Encontrámos-nos mais logo?"
O número na tela indica que foi o Ross que mandou aquilo. Começo a digitar, cruzando as pernas à chinês em cima da cama e encosto-me à cama. Escrevo e rescrevo e quando acabo fica algo do género de:
"Ok."
Olho-me ao espelho. A minha pele cada vez parece estar mais pálida, como se fosse um fantasma. O meu cabelo continua bagunçado, mas não posso fazer nada para melhorar isso e também não quero. Se alguma vez for preciso, chamo a Rydel, visto que eu sou "a obra de arte, a musa" dela.
Observo o grande baú encostado a um dos cantos do meu quarto. É castanho escuro e tem as letras "B" e "L" gravadas na tampa.
Sinto vontade de o abrir, e é exatamente isso que faço. De lá de dentro vem um cheiro doce e frutificado. Cheira tão bem. Vejo vários montes de fotografias lá dentro. São tudo memórias. Memórias que ao mesmo tempo são tristes e alegres.
Vejo um papel dobrado em quatro na esquina da esquerda, onde se encontram as fotos mais antigas. Pego nele, reconhecendo-o. Uma sensação súbita de tristeza percorre todo o meu corpo, e o meu coração parece encolher, encolher, encolher até não poder ficar mais pequenino.
Desdobro-o. Observo o quão estragado está. Começa a rasgar-se irregularmente e a letra parece desvanecer-se aos poucos e poucos. Num impulso, começo a ler para mim apenas, de uma forma lenta e baixa.
-"Tenho medo de morrer."- leio. É a primeira frase da carta e eu sei o quanto aquilo é verdade, pois fui eu quem a escreveu, e escrevia-a para o Beno. É a carta que eu deixei com ele, a carta que jaze com ele, no caixão.
"Nunca contei isto a ninguém. Não sabes o quanto me aterroriza saber que um dia desaparecerei e não faço a mínima ideia do que acontecerá. Não quero ficar inconsciente para a eternidade, é aterrador pensar nisso, é horrível."
Começo a tremer. Se havia algo que não mudara durante um ano e meio era aquilo. Aquele medo continua a assombrar a minha vida, todos os dias, todos os segundos.
"Sabes o que mais aterroriza-me acima disso? Perder as pessoas que amo. Isso é ainda mais horripilante do que morrer."
A minha garganta começa a doer-me e algo começa a dificultar-me a visão. São lágrimas. Aquela carta era tão sentimental, confessava os meus maiores medos. E um deles, por mais que não quisesse, aconteceu, com a pessoa que eu mais amava.
"E eu perdi-te. Não sabes a dor que carrego dentro de mim. És tudo para mim, e eu amo-te tanto, tanto, mas tanto! Se me pusesse aqui a dizer tudo o que sinto por ti ficava até à faculdade. És indiscritível, e eu adoro-te."
Lágrimas correm pela minha face. A dor cresce e aumenta no meu coração. É tão difícil perder alguém que amamos.
"Se algum dia conseguires ler isto, sabe que és muito especial para mim. És o meu Beno, e eu amo-te muito. Beijos, Lindsay."
Arrumo aquilo o mais depressa que posso e fecho o baú.
Pára, pára de ser estúpida, penso para mim própria e afasto os cabelos castanhos e longos do meu rosto.
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Memories |Ross Lynch
FanficLindsay Holt tinha tudo aquilo que uma típica adolescente desejava. Amigos. Um namorado. Uma bela vida pela frente. Mas quando menos esperava, Li recebe uma notícia trágica que lhe retira toda a sua felicidade. Chorar todas as noites faz parte da ro...