#Conectadas

3 - Rose Hathaway

  O barulho dos freios ecoa em meus ouvidos, o farol do caminhão reflete em meus olhos, por fim ouço o grito da senhora Dragomir e o desespero de que a vida terminara. Entretanto naquela noite eu não descobri o que vem depois da morte, ao contrário eu desvendei a dor da perda e do sofrimento.

Eu desejei durante meses que as imagens do acidente parassem de surgir em minha mente, a sobrevivência demonstra ser muito mais complicada do que a morte, porque quem morre não precisa enfrentar mais as turbulências da vida, quem morre não tem problemas, aqueles que tem são os que permanecem vivos e são obrigados a continuar a viver.

O motivo por eu e Vasilisa continuarmos vivas é o empurrão que recebemos do seu irmão, antes do caminhão colidir com o carro, ele percebera que um acidente estava prestes a acontecer e a ultima ação que ele decidiu fazer foi dedicada á nós. No segundo seguinte do empurrão,a porta se abriu e nos lançou ao outro lado da rua, ao invés de sofrermos a morte instantânea que os outros obtiveram, nós apenas recebemos pequenas lesões como pernas e braços quebrados.

Olho para o lado e percebo que Liss, minha melhor amiga, já acordara e não está em sua cama. Desde o acidente, eu e minha mãe oferecemos tudo a Lissa, não imagino como seria perder a minha família, mesmo que nós não sejamos tão unidos quanto à de Liss, nós somos uma família e laços como este são difíceis de romper. Vou em direção a cozinha, sinto o famoso cheiro das panquecas que minha mãe faz, mas apenas encontro Vasilisa à mesa.

- A sua mãe já foi, ela não quis te acordar, estava com pressa. - Liss diz. Minha mãe trabalha nas forças armadas e sempre viaja não me incomodo mais com isso, ela apenas tem ficado um pouco mais em casa, pois Liss agora mora conosco.

- Ah, tudo bem. - digo, não consigo esconder a melancolia em minha voz, às vezes queria ter uma família como ela tinha. - Ei, precisamos ir logo se não vamos nos atrasar.

Amigas desde à infância, sempre estudamos juntas o que é ótimo, pois a presença dela sempre anima as mais chatas das situações. Hoje à tarde enquanto Liss tem seu curso de veterinária eu iniciarei meu curso de Muay Thai este será o primeiro momento em que estaremos separadas por mais de uma hora depois do acidente, só posso esperar que ela fique bem, pois garanto, ela é mais do que importante para mim.

Ela até que está bem em conseqüência das perdas que o acidente lhe trouxe, mas eu não, eu acho que sou a única a perceber que o brilho de seus olhos se esvaiu e o seu sorriso não é tão largo quanto antes, a tristeza dela parece me afetar em quantidade redobrada, pois a única coisa que eu queria é que tudo fosse como antes, que o seu sorriso voltasse a reluzir e a sua felicidade influenciar a todos a sua volta.

Na próxima semana Liss completará mais um ano de vida, seu primeiro aniversário sem a presença da família, eu pensei que tinha achado o presente perfeito, um livro da Jane Austen que ela desejava, mas o livro não foi entregue. Já faz mais de uma semana e nada, não suporto desaforos então logo enchi a página com reclamações, há alguns dias acessei o site com a esperança de que havia acontecido um engano, infelizmente em resposta recebi comentários de mais pessoas com a mesma frustração que a minha, um pedido não entregue

Em seguida, comecei a conversar com as cinco garotas que também criticaram a loja, logo os comentários se tornaram um bate-papo e decidimos que precisávamos conversar em outro lugar mais privado, estamos trocando e-mails desde então. Quando chegar em casa escreverei uma mensagem para elas, a vida das minhas novas amigas tem sido bem complicada e espero poder ajudar-las mesmo que do outro canto do mundo, através dos e-mails.

Mais um dia do ano letivo, no caminho para a escola Liss me contou fofocas sobre o que estava acontecendo com os alunos da Academia St. Vladmir, nosso colégio. Vasilisa é muito popular ao contrário de mim, é claro que eu não me importo com isso, prefiro ficar em meu canto com os meus amigos que posso contar em todas as horas e que sem dúvidas são verdadeiros.

Sobre falar deles, observei os garotos vindo em nossa direção, Mason e Eddie. O cabelo ruivo de Mason balançava conforme ele andava e Eddie carregava o olhar sério de sempre.

- Bom dia - digo e sorrio para eles.

- O que você quer Rose? - eles questionam ao mesmo tempo. Não costumo sorrir, muito menos para eles. Logo em seguida o sinal toca.

- Nada, nada por enquanto... - digo e mostro á eles mais um sorriso com segundas intenções.

A professora Sonya Karp já estava presente quando entramos na sala, sentei-me na minha habitual cadeira no fundo da sala onde a brisa da janela soprava em meu cabelo. Lisa disse que iria se sentar com os seus amigos na frente da classe, ao contrário dela eu preferia ficar em meu habitual canto, isolada, mas isolada eu nunca fico, logo Mason e Eddie se sentaram ao meu lado.

A aula ocorreu normalmente e eu contava os segundos para que o dia terminasse logo para eu ir para o curso de Muay Thai. Lissa no momento estava conversando com Mia Rinaldi que de acordo com a fofoca diária estava ficando com Aaron Drozdov, ex-namorado de Liss. Mia é a princesinha do colégio, tem cara de anjo, mas é um pesadelo, eu sinceramente não gosto dela, mas Lissa com a sua ingenuidade de anjo, a adora então tento agüentar Mia pelo bem da minha amiga, é claro que nunca deixo de observar-la com grande desconfiança.


- Então o Aaron foi pego com a Mia no banheiro feminino, eles estavam se agarrando! Apesar de que era de se esperar de Aaron, mas de Mia? - ela dissera. Liss não se preocupava mais com o seu ex, na verdade eles terminaram com a promessa de continuarem amigos, de acordo com a minha amiga a atração acabará e não adiantaria continuarem juntos sendo que não se amam mais.

Entretanto Liss perdera a virgindade com Aaron e eu desconfio de que ela goste dele, eles namoraram muito tempo para tudo acabar em um simples acordo de continuarem a ter um laço de amizade.

O familiar barulho do sinal tocando soou em meu ouvido, finalmente o momento de tortura terminou.

Encontrei-me com Liss na saída do colégio onde nos despedimos para ir aos nossos cursos, encontraria ela em casa já que ela possuía uma cópia da chave.

A academia de Muay Thai não fica tão longe, cruzo a rua e logo me deparo com um pequeno, porém sofisticado prédio cercado por pequenas arvores decorativas, o nome "Equipe Belikov" encontra-se no alto e em cor preta, por fim na base do prédio uma porta de vidro que esperava ser aberta. Entro sem hesitar.

No interior o chão é coberto por tatames e sacos de pancada, no canto da sala vejo um grupo de pessoas sentadas, mulheres e homens que conversam animadamente, vou em direção á eles planejando me apresentar, porém sou interrompida por passos sagazes e silenciosos que provém de um grande homem, seu cabelo castanho escuro está puxado para trás na forma de um rabo de cavalo, a regata deixa pouco a sonhar, mostrando belos músculos, e é claro os olhos escuros e misteriosos que o deixa com a face carismática e ao mesmo tempo arrogante.

- A senhorita está atrasada. - Continuo a olhar deslumbrada para os seus lábios que se mexem com confiança e sinto uma insana vontade de tocar-los, retomo a consciência e confiro meu relógio, apenas dois minutos de atraso.
- Logo você perceberá que não aturo falta de vontade em minhas aulas, você é Rose Hathaway? Sou Dimitri Belikov -ele diz e eu assinto em concordância - Muito bem, você deve ir para o segundo andar, o professor Slokev de iniciantes irá conversar com você.

- Eu já sei lutar Muay Thai - digo com seriedade e as minhas palavras são verdadeiras, luto Muay Thai desde jovem, mas a academia em que treinava fechou.

- Certo... Mas nós gostaríamos que você começasse do básico, porque o método de ensino pode ter sido diferente.

- Sim, mas eu sou avançada, prático desde pequena, posso provar isso com um teste.

- Você quer um teste? Ah então vamos pro ringue, está com suas luvas?

- O quê? Você vai lutar comigo? -Meu Deus! Eu não sou do básico, mas não chego ao nível de um professor, talvez eu tenha exagerado falando das minhas habilidades. Meu corpo gela ao pensar que terei que combater Belikov.

- Claro você quer um teste - ele diz e sai em direção às escadas, sigo o professor bonitão, desesperada em busca de uma saída dessa enrascada.

No terceiro andar há um ringue, a parte inferior dele é preta com o logotipo da academia nas laterais, há várias luvas em uma prateleira no canto da sala, mas eu vim preparada, retiro a minha luva dourada da Everlast da mochila e encaixo meus dedos nela, subo no ringue assim como Dimitri, percebo que um grupo de pessoas havia nos seguido e agora se posicionam nas pequenas bancadas da platéia, ansiosos para obter a resposta, ansiosos para descobrirem quem é o melhor, só que eles não entendem, não luto para garantir fama e sim para esquecer de meus problemas, para abandonar-los no ringue.

Sinto a adrenalina percorrer o meu corpo, em cada veia ela parece fluir com velocidade, mesmo não estando com tanta vantagem preparo para o ataque, mas não vejo como derrotar Dimitri, se eu tivesse que derrotar-lo preferia não usar os punhos no processo e sim os lábios, posiciono o meu corpo e me preparo para agir, levanto meus braços em defesa ao sinal de que a luta começara, mas não sinto nada nem um leve soco, o professor encontra-se parado esperando que eu o ataque primeiro e assim eu faço.

Deveria ter acreditado que era tudo uma simples estratégia para me derrotar, quando levanto minha perna para dar uma joelhada nele ele acerta o punho em meu rosto, levanta a minha perna e a prende na sua cintura e me joga para trás, onde caio de costas. Não vou desistir fácil, é esse o pensamento que me da determinação no decorrer da luta, rolo no chão e levanto dando um soco no rosto dele e um chute em seu estômago.

Dimitri não demonstra nenhum sinal de fraqueza, o professor provoca um Clinch e me acerta varias pancadas provocando a saída dos meus olhos da órbita, o nocaute é imediato.

Ao abrir os olhos observo vários olhares em mim, um turbilhão de imagens percorrem os meus pensamentos e logo eu percebo o que aconteceu, eu perdi a luta. Tento levantar para me justificar e mostrar que eu não sou do nível básico e sim do avançado, porém braços me contem.

- Não levante! - a voz rouca de Dimitri diz.

-Olha você tem que entender, eu estava em uma posição difícil, contra um professor! Imagine - tagarelo uma pequena explicação do motivo pelo qual perdi a luta. Entretanto sou interrompida.

- Shh.. Este não é o motivo pelo que estamos aqui, você terá que ficar um tempo de repouso, você pode dizer o nome e telefone de alguém para te buscar? - Minha cabeça dói como se fosse rachar, tento pensar em alguém que tem um carro e as únicas opções que encontro são mamãe e Mason, opto por Mason afinal não quero preocupar minha mãe, e com certeza ela deve estar ocupada com o trabalho.

- Mason - tento me manter calma e falar devagar o número do meu amigo, espero que ele não esteja ocupado.

- Caixa postal - Dimitri diz minutos depois, mas é como a sua fala não fizesse mais sentido é como se não importasse mais o que ele dissesse, não há solução, a única coisa que desejo é dormir e é esse pensamento que me leva a derrota final.

Perco todas as minhas resistências, sinto um sono imenso sobre mim, o cansaço toma conta do meu corpo e eu finalmente perco a consciência.  

Notas Finais:

Oi galerinha, desde já agradeço a todos, vocês nos incentivam a continuar a escrever, a continuar a lhes fornecer novas histórias. Espero que tenham gostado dessa versão da Rose Hathaway, ela não é uma dampira, muito menos uma guardiã, mas a sua personalidade protetora e impulsiva revela quem ela realmente é. Espero que continuem a ler, obrigado por dar uma chance a Rose, o próximo capítulo é sobre a Luna, não percam, tenho certeza que a Liih narrará super bem, beijos!

Pessoal, não se esqueçam que essa história foi escrita por mais de uma autora, então se quiserem que o autor do capitulo veja seu comentário e responda, marquem a pessoa no comentário usando o usuário abaixo ^~

@NSAraujo