23 - Clary Fray

534 34 23
                                    

Acordei com aquele típico barulho do outro lado da parede. Jace está acordado. Levantei apressada, jogando as pernas para fora da cama.

Uma dor aguda no meu tornozelo me fez ir ao chão. Respirei fundo e ignorei a dor. Troquei de roupa correndo e fui até lá, mancando um pouco.

Bati na porta várias vezes, e quem abriu foi Isabelle. Ela sorriu e abriu mais a porta. Sorri de volta e fui em direção ao quarto de Jace. Entrei sem bater, e o que eu vi, me fez desejar ter batido antes. Fiquei estática na porta, olhando Jace socar com habilidade o saco de pancada.

O que me chamou atenção não foi isso, e sim o fato de ele estar em camisa, exibindo todo o seu físico muito bem trabalhado e suas muitas tatuagens. Eu já tinha o visto sem blusa, mas a situação era outra, ele estava ferido.

Assim que percebeu minha presença, ele parou seu exercício, passando a mão em seus cabelos. Minha boca ficou ainda mais seca. Ele sorriu, colocando as mãos no quadril, chamando minha atenção para sua calça de cós baixo.

Recuperei os sentidos, me martirizando por dar essa satisfação a ele. Dei o primeiro passo em sua direção. Mas assim que manquei pela primeira vez, Jace veio correndo e me pegou no colo.

Ele me carregou até a cama e me colocou lá antes mesmo que eu pudesse terminar de perguntar o que ele estava fazendo.

– Seu pé, está machucado – ele respondeu.

– Meu pé? Mas como... – e então eu olhei e vi como estava inchado – nossa. Como aconteceu isso?

– Talvez tenha sido quando você deu aquele chute.

– Aquele segundo né? Quando você me rodou. Eu senti dor na hora.

– Porque não falou nada?

– Quando? Se logo depois daquilo tudo seus pais chegaram e vocês foram embora?

– Tudo bem, já entendi, me desculpe.

Ficamos em silencio alguns segundos, até ele o quebrar, avisando que ia buscar gelo e me mandando eu não me mexer. Só obedeci porque eu não iria muito longe andando mancando. Assim que voltou, enrolou uma de suas blusas em meu tornozelo, prendendo o saco de gelo ali. Ele deitou ao meu lado na cama, se apoiando no cotovelo. Jace parecia bem relaxado e a vontade, e eu me aproveitei disso.

– O que aconteceu ontem? Sabe, depois que eu fui embora.

– Nada demais. Nós levamos os caras pra sede e chamamos o cliente que pediu para pega-lo. Depois disso não é mais problema nosso.

– Mas e se o cliente deixar o cara escapar e ele voltar atrás de você?

Ele pensou um pouco e depois deu de ombros. Esperei a resposta, mas ela não veio. Ao invés disso, ele sorriu de lado e deitou de barriga para cima.

– Essa é sua resposta? – perguntei.

– É um risco que corremos, o que eu posso dizer?

– Já aconteceu?

– Não.

– Será que os clientes entendem que vocês são apenas mandados e não se vingam de vocês?

– Faz sentido.

– Vou torcer por isso.

Ele se ergueu novamente, olhando para mim com um sorriso radiante no rosto.

– Está preocupada comigo Clarissa Fray?

Opa, mudança de rumo. Rápido, de uma resposta sem sentido.

#ConectadasOnde histórias criam vida. Descubra agora