51 - Rose Hathaway

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- Professor Nagy, desculpe-me, mas eu não consigo me concentrar de jeito nenhum com Natalie e Rose passando bilhetinhos uma para a outra ali atrás.

Helen tentava desviar a atenção dos outros sobre si mesma e o fato de não estar conseguindo responder às perguntas do professor Nagy, e estava arruinando, assim, um dia que, não fosse por isso, se mostrava até aquele momento francamente promissor. Alguns dos boatos ligados a noite de ontem estão circulando incansavelmente, de boca em boca todos continuam a criar suposições sobre alguns casais que saíram inesperadamente da "reunião". E eu e Jesse estamos incluídos nessa lista de casais.

Os primeiros dias que tive nesta escola me deram a possibilidade de conhecer todos os professores, e o professor Nagy, famoso por sua habilidade para humilhar os alunos lendo seus bilhetinhos mútuos em voz alta, veio em nossa direção como um míssil. Arrancou o bilhete que estava nas mãos de Natalie, e a turma se preparou, excitada, para uma leitura pública de todo o material que ele confiscara. Tive que sufocar um grunhido, e tentei parecer o mais calma e despreocupada que pude. Na cadeira da minha diagonal, Natalie estava com a cara de quem queria morrer.

Talvez eu que deveria estar com a face de quem anseia pela morte, afinal o assunto e o foco da conversa é sobre mim. Sobre nós. Sobre Jesse e eu.

- Ó, Deus – disse ele, inspecionando o bilhete. Pelo menos não estávamos trocando mensagens pelo celular, imagine só se ele confiscasse os nossos celulares que tem várias mensagens, não só o do episódio de ontem.

- Quem me dera os alunos escrevessem tanto assim nos seus trabalhos escolares. Uma de vocês duas tem uma letra consideravelmente pior do que a outra, então desculpem-me se eu entender mal alguma coisa aqui – Ele limpou a garganta. – "Então, eu estive com J ontem à noite", assim começa a que tem letra ruim, para a qual a resposta é: "O que aconteceu? Está todo mundo dizendo que vocês sumiram da reunião", pergunta enfatizada por não menos do que cinco pontos de exclamação. Compreensível, uma vez que uma exclamação, quanto mais quatro, é algo que pode não ser compreendido facilmente, não é mesmo? - A turma riu, e eu vi Helen me lançando um sorriso especialmente maldoso. – A primeira missivista responde: "E o que você acha que aconteceu? Nós nos embolamos numa das saletas vazias".

O professor Nagy tirou os olhos do bilhete e virou-se para turma depois de ouvir algumas risadinhas. Seu sotaque britânico ainda contribuía para aumentar a hilaridade da leitura.

- Eu devo deduzir, por esta reação, que o uso da expressão "nos embolamos" pertence a uma aplicação mais recente, digamos, carnal do termo do que a acepção mais leve, cujo uso eu cresci ouvindo?

Mais risinhos se seguiram a essa pergunta. Endireitando-me na cadeira, eu disse corajosamente:

- Sim, professor. É exatamente isso, professor. – Muitas pessoas na turma riram escancaradamente.

- Obrigado pela confirmação, Rose. Bem onde eu estava? Ah, é mesmo, a outra missivista, então, pergunta: "Como foi", e a resposta é: "Bom", pontuada com o desenho de um rosto sorridente para confirmar o adjetivo. Bem, imagino que os elogios sejam para o misterioso J, hum? "Então, tipo assim, até onde vocês foram? " Hum, senhoritas – disse o professor Nagy -, eu imagino que isso seja impróprio para menores. "Não muito longe. " E mais uma vez temos uma ilustração que sugere a gravidade da situação, o desenho de um rosto infeliz. "O que aconteceu? " "Dimitri apareceu. Ele pôs Jesse para fora e depois me deu uma bronca que foi foda. "

Ao ouvir o professor Nagy dizer a palavra "foda" e ao distinguir finalmente os nomes mencionados nos bilhetes, a turma se descontrolou completamente.

- Então, senhor Zeklos, seria o senhor o J anteriormente mencionado? O que mereceu o desenho de um rosto sorridente rascunhado pela escritora de letra relaxada?

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