38 - Bella Swan

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Um bip-bip não me deixava dormir. O barulho não cessava, implacavelmente adentrava minha mente, cada vez mais fundo, mais intenso, até me despertar completamente e um pavoroso sentimento de desespero me abater.

Me remexi e tentei erguer a cabeça, ver o que tanto me dava esse medo, saber o que acontecia enquanto uma forte ardência tomava meu peito sem ar necessário.

- Não, não, não! – soou uma voz bem ao meu lado, familiar, reconfortante – Não se mexa, agora. Não se esforce.

Forcei-me abrir meus olhos, mas a luz intensa que estendia-se do teto não permitiu. Revirei a cabeça de um lado para o outro, e uma dor intensa atingiu minhas têmporas.

- Bella? – chamou a voz musical novamente –Não se mexa! Fique quietinha! Está me ouvindo, Bella?

Eu queria responder que sim, eu estava ouvindo-o. Estava num pesadelo, caindo. Mas não exerci força suficiente para responder, só ofeguei, puxei o ar, busquei respirar desesperada.

No mesmo instante, senti um afago delicado em meus cabelos. Uma respiração próxima ao meu ouvido.

- Está tudo bem, Bella. – afirmou sussurrante, ao que em meu intimo estremeceu – Estou aqui.

Suspirei e me deixei levar pela calmaria que aquela voz, repetidas vezes falava, me acalentava e me envolvia. E voltei a adormecer.

Depois daquilo, ainda acordei diversas vezes, todas com dores insuportáveis, mas sempre, aquela mesma voz alcançava o mais profundo da minha cabeça. Me levando novamente ao tão abençoado estado de inércia.

Enquanto eu sentia minhas batidas acalmarem, minha respiração desacelerar, minha mente divagar, eu via lindas imagens de olhos azuis. Em um momento confundiam-se com o mais aberto céu de verão, outras, me via mergulhando alegremente em aguas cristalinas e mornas.

Em todas as vezes, a mesma voz repetia a mesma frase. "Estou aqui." Me convencia: Ele está comigo!

Despertei mais uma vez, a luz continuava, o barulho insistente tampouco me deixou. Mas agora, no entanto, consegui abrir meus olhos com relutância.

Vi, a luz incandescente do teto, branco e faiscante. Respirei mais fundo, tentando organizar minha mente. Porém, uma dor aguda pontava das entranhas do meu cérebro.

Pisquei diversas vezes os olhos e direcionei a cabeça para o som irritante. A minha esquerda, estava um monitor, controlando cada batimento meu.

- Bella? – essa voz eu não reconhecia.

Me voltei para a direita abruptamente, o que fez uma agulhada penetrar minha mente confusa. Fechei os olhos instintivamente, com força, e quase praguejei até a dor normalizar.

Então, tentei de novo. E para minha surpresa, a moça estava bem ao meu lado. Segurava minha mão com suas duas. E ainda assim, não era capaz de cobrir a minha.

Ela era familiar, algo me dizia isso. Seu rosto pequeno e delicado. Suas feições extremamente finas e elegantes. Sua pele clara, pálida e seus olhos azuis intensos. A pequena linha de seus lábios estava tensionada, mas dava-se para perceber que tinha sido feita para sorrir.

Tentei emitir algum som, mas a voz rouca e áspera que saiu de minha garganta não era minha.

- Não tente falar, só vai machucar mais sua garganta.

Sua voz era tão delicada quanto seu semblante. Lembrava pequeninos sinos tilintando ao vento da mais leve brisa. Me recordei da Tinker Bell. Essa era uma boa definição dela: Uma fadinha.

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