Capítulo II

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 2h para a partida

O autocarro estacionou no estacionamento do aeroporto e todos os alunos recolheram as suas malas numa grande agitação. Dirigiram-se todos ao andar de chek in, para enviar as malas para o avião. Esta tarefa demorou muito tempo, com todas as turmas de 9º ano ( 4 turmas de 25 alunos ) e dois professores encarregues de cada turma. Demorou meia hora até todas as malas estarem aviadas.

 - Agora alunos, ouçam com atenção. - chamou a professora de Física e Química, encarregue da viagem. - Vamos fazer 4 grupos, sensivelmente: quem quer ir à casa de banho, para ao pé da professora Daniela e do Professor António. Comigo e com a professora Patrícia, vêm os esfomeados, nós vamos à restauração. Quem quiser visitar as lojas, com os professores Tiago e Miguel e finalmente, o grupo que quiser ir diretamente para a zona de embarque, fique com a professora Rafaela e o professor Rodrigo. Vá, dividam-se ordenadamente.

 Todos os alunos se dividiram e o grupo permaneceu unido, dirigindo-se às lojas. Ken fez uma visita rápida à casa de banho, mas logo os seguiu. Luísa e Laura tentaram enfiar um vestido roxo na Isabela, que se escondeu até elas desistirem. Os rapazes não pararam de se rir, excepto Gonçalo, que não estava para ai virado. Lia com atenção um livro de códigos, que acabou por comprar, quando o senhor se virou para ele e o repreendeu.

 - Bela, anda cá ver isto! - chamou o David.

 - Já vou. - respondeu a rapariga, dirigindo-se a ele. O telemóvel tocou e ela pegou nele, verificando o número. Claro que era a mãe:

 - Então, já chegaram? - perguntou Leonor do outro lado. 

 - Isso seria impossível, deixamos a escola à menos de 45 minutos! - respondeu Isabela. Tão distraída ia ao telemóvel que chocou com uma mulher, que a fitou, assustada. - Espera ai, mãe. - disse, baixando o telemóvel - Está bem!? Não a queria assustar.

 - Não... que dizer, sim. Estou bem, não assustou. - respondeu a mulher rapidamente. Fez uma pausa e examinou-a de alto a baixo. Isabel pareceu ver uma lágrima no canto do olho da senhora quando esta se afastou. No telemóvel, a mãe berrava. Voltou a atender, acalmando a mãe e prometendo que lhe ligava quando chegassem. Desligou.

 - Que foi David?

 - Demoraste um pouco, ahm? Bem não interessa. Topa-me só este cachecol...

45 minutos para a partida

 Os professores juntaram-se finalmente na área de partida. Luísa e Laura tinham comprado uma camisola cada uma, castanha e marrom, respetivamente e David oferecera uma pulseira em forma de cobra roxa, que ele detestara mas que a namorada adorara. Sentaram-se em circulo na sala de espera, com as gémeas nas cadeiras, Ken de pernas à chinês no chão, David numa mesa de revistas com Isabela ao colo e Gonçalo de pé.

 - A primeira coisa que vou fazer quando chegar a Nova York é procurar uma loja de roupa. Os nova-iorquinos têm uma moda mundialmente reconhecida e não quero passar por turista. - reclamou Luísa, ajeitando a saia.

 - Puf, não tenho mais nada que fazer?! Eu quero ver a estátua da liberdade, símbolo tão único no mundo. - começou a dizer Ken, partindo de imediato a uma explicação detalhada sobre o monumento. Laura parecia ouvir com muita atenção e, por respeito à irmã, Luísa também tentou ouvir. Gonçalo e David sussurravam um ao outro, soltando risos parvos de vez em quando. Isabela acabou por se abstrair, passando os olhos por todos os alunos e passageiros na sala de espera. No avião não ia apenas as pessoas da sua escola, mas eram a maioria. Deviam ir mais uns 5 ou 6. De entre todos os passageiros, uma senhora captou a atenção de Bela. Era a senhora assustada com quem tinha chocado! Junto a ela aninhava-se uma criança, um menino louro escuro de cerca de 6 anos. Ao contrário de todos os meninos da idade dele, que numa situação destas estariam a correr, saltar, gritar... este estava muito quieto, agarrado com todas as suas forças às pernas da mãe. Como se algo terrível afastasse o menino da sua mãe.

 Isabela pensou por um momento aproximar-se, tentar acalmar o menino, ser amiga dele, mas o altifalante chiou e uma voz feminina disse:

 - Os passageiros do voo 413 da TAP, com destino a Nova York, façam o favor de embarcar. Os passageiros ...

 Os professores alinharam os alunos e entramos na manga que nos iria levar ao avião. Entraram na cabine e a hospedeira de bordo indicou os lugares que deviam ocupar.

 - Boa! - exclamou David - somos todos juntos. - O avião era de um modelo que eu não conhecia. Três bancos de cada lado. Sentaram-se nos lugares indicados: as três raparigas atrás, os três rapazes à sua frente. A hospedeira explicou as regras de segurança do avião, não que os alunos tomassem muita atenção. Bem, o Ken estava hipnotizado.

 O avião começou a estremecer, sinal que iria levantar voo. Luísa agarrou a mão da irmã com muita força. Ela tinha um terrível medo das alturas, mas adorava viajar de avião. Um verdadeiro paradoxo. Susteve a respiração, enquanto sentia o avião a acelerar e a tirar as rodas do chão, elevando-se no céu. Os alunos que pela primeira vez viajavam de avião olhavam espantado pelas janelas, avistando as suas casas e a escola a ficarem mais e mais pequenos, até não passarem de manchas indistintas. O avião endireitou e os símbolos de obrigatório cinto desligaram-se, fazendo com que a Luísa suspirasse de alívio.

 Os alunos começaram então a conversar, baixinho ou alto, uns ouviam musica em IPod's e outros liam livros ou revistas. O grupo continuou a sua conversa, não se preocupando muito com o barulho.

 Sendo um avião de longa distancia trazia televisões incorporadas que permitiam que os passageiros vissem alguns filmes. As gémeas escolheram um filme lamechas qualquer, fazendo com que o Ken e a Isabela mudassem de lugar. David e Gonçalo estavam a ver um filme de ação, mas o David abstraiu-se quando a sua namorada se sentou ao seu lado.

 Ia ser uma longa viagem.


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