Capítulo IV

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- Está aqui alguém! - gritou uma voz distante. Isabela sentiu uma força invisível prende-la à realidade, dando-lhe a força para acordar. Tinha os pulmões cheios de água e de imediato começou a tossir desesperadamente. Recuperando lentamente a capacidade de respiração habitual, Bela piscou ferozmente os olhos para tentar ver com clareza. Sentia a areia quente nas suas costas, ouvia o som do mar contra os seus pés, o sabor salgado na sua boca e o cheiro a praia. Todos estes sentimentos a enchiam de uma paz total de espírito mas, quando abriu os olhos, todo o terror do acidente a atingiu. Já não estava numa bela praia, com a calma do mar e os sons da natureza! Estava numa ilha deserta, totalmente distante da civilização, com provavelmente milhares de corpos mortos a poucos metros da costa... Ainda de costas, apercebeu-se de uma figura que se aproximava, seguida de mais algumas. A primeira figura debruçou-se sobre ela.

 - Está morta? - ouviu alguém perguntar.

 - Não sei...

 - Façam-lhe respiração boca a boca.

 Estas palavras, seguidas de uns lábios a aproximar-se da sua cara ativaram toda a energia do seu corpo e levantou-se de um salto, batendo com a cabeça no queixo de um homem. Alguns riram-se, enquanto o professor Tiago esfregava o queixo.

 - OMG, desculpe professor! - exclamou Isabela, por pouco não se desfazendo em gargalhadas. Mas sentia-se tão fraca e tão assustada, que tinha a certeza que não seria capaz sequer de sorrir.

 - Não faz mal... O que importa é que estás viva, não é?

 Bela olhou em volta. Com o professor encontrava-se alguns alunos, dois passageiros desconhecidos e as professoras. Um pequeno grupo de 23, comparado com o total que embarcara naquela mesma manhã. Um pensamento percorreu a cabeça de Isabela e rapidamente procurou com o olhar os amigos. Avistou uma ponta de cabelo espigado, ruivo e de imediato um sorriso aflorou na sua face, enquanto corria de encontro a ele. Mas logo se esfumou a poucos metros. Contando: ruivo, escuro, preto, louro... um em falta. Aproximou-se do grupo e baixou-se ao lado da Laura, que chorava piosamente.

*

 A noite começava. Os professores e os adultos construíram um abrigo, fraco mas que serviria. os alunos estavam esgotados, encostados uns nos outros. Mas ninguém consegui dormir, pensando nos amigos perdidos e na falta que faziam às suas almas. Mas nada a fazer. Os seus corpos descansavam agora no fundo do frio mar.

 Havia feridas a curar. E amanha teriam de se preocupar com água e comida... e procurar sobreviventes. Arranjar maneira de contac*

 - Os telemóveis!!! - o David exclamou.

 Todos no abrigo se viraram para ele, primeiro com interrogação nas faces e depois esperança.

 - A água deve te-los avariado...

 - Quem sabe?!

 Tentaram. Rapidamente a ideia foi caindo. Telemóveis estragados pela água, pela queda, sem bateria e, mais estranho, os telemóveis sem marcas de danos e que os donos juravam ter bateria acendiam fracamente a luz do ecrã por segundo, mas de imediato esta se apagava. Sons crepitantes ouviam-se a toda a volta.

 Um suspiro percorreu o abrigo.

 Finalmente o cansaço levou a melhor sobre todos, que caíram num sono profundo.




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