A água estava mesmo fria, mas era bom. O frio soltava os meus nervos.
- David, tudo bem com isso? - perguntei, preocupada.
- Acho que sim. Tenho pé aqui por isso. - respondeu e notei um sorriso. Ufa, talvez agora ele me perdoe.
- Bela, podes chegar aqui? - chamou o Gonçalo, de uma parte mais funda. Olhei para o David, cuja expressão se tornára escura de repente.
- Vai. - murmurou.
- Ok...
Quando cheguei ao Gonçalo ele sorrio e apontou para baixo de água.
- O quê?
- Mergulha lá. - disse, misteriosamente.
- Ok... - e mergulhei. A água era escura, mas conseguia-se destinguir na mesma um grande buraco por onde escoava a água. Fazia sentido, se a água não escoasse, inundava a gruta. Emergi.
- O buraco. - perguntei e recebi um aceno afirmativo - O que tem?
- Onde achas que vai dar?
- É bom que não estejas a pensar no que eu penso que estás a pensar. - silêncio - Não. O David não aguenta!
- Não tem de vir...
- Estás a falar do teu melhor amigo. E do meu namorado!
- Eu queria que fossemos só nós os dois, tu é que os quiseste chamar.
- O que se passa contigo? - perguntei, chocada. Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo.
- Eu não sei, tou stressado. - pôs as mãos nos meus ombros e olhou-me nos olhos - Tenho medo, Isabela. Quero tanto sair daqui!
- Eu entendo. Mas todos queremos e se trabalhar-mos juntos é mais fácil.
- Se formos corajosos também...
- Ouve, eu falo com ele. Descança. Mas o que esperas encontrar?
- Não sei...
Mergulha e afasta-se de mim. Uf, já estava a ser difícil afastar os olhos do seu peito musculado e dos seus abnominais perfeitos. Fogo, porque é que de repente ele é tão hot? Não que o David não seja bonito, mas não se compara... Ai! Sai da minha cabeça!
Nado até ao David e beijo-o ao de leve. Resumidamente conto-lhe o plano do Gonçalo.
- Não! Mil vezes não!- David, não podemos voltar atrás...
- Podemos e devemos.
- Sê rasoável... Eu levo-te.
Ele olha para mim.
- Ok, vem comigo, quero mostrar-te uma coisa. - digo.
Levo-o até à passagem e não temos de andar muito até o chão desaparecer.
- O que aconteceu!?
- Caiu.
- Mas quando!?
- À pouco tempo... Ouvi um som vindo da passagem e agora tenho a certeza. Não podemos recuar...
- ...
- David?
Ele agarra-me pela cintura e puxa-me para a sua beira. Beija-me apaixonadamente e no fim sussurra:- Não me largues. - parece que implora. Tenho pena dele e beijo-o de volta.
- Nunca, tonto.
Como pude ter dúvidas? Eu amo este rapaz. Ciumento, carente, mas apaixonadamente dedicado. E é assim que o amo. Com as suas perfeitas imperfeições.
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