Capítulo XII

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A água estava mesmo fria, mas era bom. O frio soltava os meus nervos.

- David, tudo bem com isso? - perguntei, preocupada.

- Acho que sim. Tenho pé aqui por isso. - respondeu e notei um sorriso. Ufa, talvez agora ele me perdoe.

- Bela, podes chegar aqui? - chamou o Gonçalo, de uma parte mais funda. Olhei para o David, cuja expressão se tornára escura de repente.

- Vai. - murmurou.

- Ok...

Quando cheguei ao Gonçalo ele sorrio e apontou para baixo de água.

- O quê?

- Mergulha lá. - disse, misteriosamente.

- Ok... - e mergulhei. A água era escura, mas conseguia-se destinguir na mesma um grande buraco por onde escoava a água. Fazia sentido, se a água não escoasse, inundava a gruta. Emergi.

- O buraco. - perguntei e recebi um aceno afirmativo - O que tem?

- Onde achas que vai dar?

- É bom que não estejas a pensar no que eu penso que estás a pensar. - silêncio - Não. O David não aguenta!

- Não tem de vir...

- Estás a falar do teu melhor amigo. E do meu namorado!

- Eu queria que fossemos só nós os dois, tu é que os quiseste chamar.

- O que se passa contigo? - perguntei, chocada. Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo.

- Eu não sei, tou stressado. - pôs as mãos nos meus ombros e olhou-me nos olhos - Tenho medo, Isabela. Quero tanto sair daqui!

- Eu entendo. Mas todos queremos e se trabalhar-mos juntos é mais fácil.

- Se formos corajosos também...

- Ouve, eu falo com ele. Descança. Mas o que esperas encontrar?

- Não sei...

Mergulha e afasta-se de mim. Uf, já estava a ser difícil afastar os olhos do seu peito musculado e dos seus abnominais perfeitos. Fogo, porque é que de repente ele é tão hot? Não que o David não seja bonito, mas não se compara... Ai! Sai da minha cabeça!

Nado até ao David e beijo-o ao de leve. Resumidamente conto-lhe o plano do Gonçalo.

- Não! Mil vezes não!

- David, não podemos voltar atrás...

- Podemos e devemos.

- Sê rasoável... Eu levo-te.

Ele olha para mim.

- Ok, vem comigo, quero mostrar-te uma coisa. - digo.

Levo-o até à passagem e não temos de andar muito até o chão desaparecer.

- O que aconteceu!?

- Caiu.

- Mas quando!?

- À pouco tempo... Ouvi um som vindo da passagem e agora tenho a certeza. Não podemos recuar...

- ...

- David?

Ele agarra-me pela cintura e puxa-me para a sua beira. Beija-me apaixonadamente e no fim sussurra:

- Não me largues. - parece que implora. Tenho pena dele e beijo-o de volta.

- Nunca, tonto.

Como pude ter dúvidas? Eu amo este rapaz. Ciumento, carente, mas apaixonadamente dedicado. E é assim que o amo. Com as suas perfeitas imperfeições.

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