Capítulo XX

12 5 1
                                    

 - O que aconteceu!? - exclamam todos. Todos os sobreviventes estão reunidos em volta do rádio, de novo destruído.

 - Quem fez isto? Quem estava de guarda? - exclamou o David. Era agora oficial: eu acabara com ele e ele juntara-se ao outro lado. Agora andava de um lado para o outro, sempre agarrado à Stevei ou então aos beijos descarados à minha frente. O que é que eu lhe fiz para merecer isto?!

 Laura e Stevei levantam a mão.

 - É óbvio que foi a Laura que estragou o rádio quando a Stevei foi buscar o outro turno! - exclama um rapaz. Todos concordam.

 - O que se passa convosco gente? Precisamos de permanecer juntos se queremos sobreviver! -diz o Ken.

 - Sim, além disso, o Ken pode arranjar!

 A esperança ilumina os olhos de todos nos dez minutos em que levamos a procuram em todos os cantos do abrigo as ferramentas. E então a esperança desaparece.

 - Onde estão! - grita a professora desesperada, atirando-se para o chão.

 - Encontrei isto na parede... - murmura um rapaz, mostrando a todos uma folha de papel muito branca, com algo escrito a tinta vermelha.

 - O que diz? - pergunto.

 O rapaz está branco como o cal e não consegue falar.

 - Ei, está tudo bem? - pergunta o professor. O rapaz começa a ofegar e a respirar muito devagar, a língua descontrola-se e as pernas fraquejam, fazendo com ele se atire para o chão.

 - Não o deixem engolir a língua! - grita o David. Laura atira-se para o seu lado e agarra o pescoço do pobre rapaz em sofrimento - Ela vai sufocá-lo! Parem-na.

 Três rapazes musculados avançam, mas eu e o Gonçalo colocamo-nos entre a Laura e os rapazes. Um deles murmura: traidores.

 - Não, esperem! Ela sabe o que faz...

 Efetivamente, ela agarra o pescoço de uma maneira especial, não deixando o rapaz engolir a língua e, usando um cinto apertado à volta do pulso com que o rapaz segura o papel, corta a circulação.

 - Alguém me traga uma faca ou assim...

 - O que vais fazer?!

 - O papel tem veneno, ninguém lhe toque. A pele está a absorver o veneno, entrando para a corrente sanguínea. Temos de o parar, ou ele morrerá em... 45 segundo!

 O Ken entrega-lhe uma faca e todos desviam o olhar. O rapaz dá um berro de dor e cai no chão.

 - Ainda fizeste pior! Morreu! - grita a Stevei.

 - Não, olhem! -todos reparam no peito dele, que sobe e desce muito lentamente. E festejam.

 - Não voltamos a duvidar de ti. - diz uma professora, pondo a mão no ombro de Laura.

 - Mas deviam! Ela sabia o que fazer! Conhecia o veneno, o mais provável é te-lo usado para recuperar a nossa conf*

 - Ok, Stevei, agora já chega! - diz a professor de FQ.

 - A Laura salvou uma vida e estamos com ela desde que a conhecemos. - interrompo - Se decides não confiar na pessoa que pode vir a salvar a tua vida, pior para ti! Nós decidimos confiar nela. Quem  estiver connosco, que venha.

 A maioria deixou o abrigo e juntou-se a nós.

 - Vão se arrepender! - diz o David. O que se passa com ele?

 - Estão a dormir com alguém que vos levará à ruína.

 E pontapeia a folha de papel, que todos esqueceram e se lembram de repente. Escrito a uma tinta vermelha viscosa... sangue?!

 Não podem escapar... O vosso tempo à de chegar. A partir de amanhã: um a cada 12 horas.

 E ouves-se um sufocar, todos se viram para uma árvore próxima, de onde vem o som. Atrás dela, uma jovem rapariga sufoca no seu próprio sangue, que cria uma poça que rega a árvore...




IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora