- O que aconteceu!? - exclamam todos. Todos os sobreviventes estão reunidos em volta do rádio, de novo destruído.
- Quem fez isto? Quem estava de guarda? - exclamou o David. Era agora oficial: eu acabara com ele e ele juntara-se ao outro lado. Agora andava de um lado para o outro, sempre agarrado à Stevei ou então aos beijos descarados à minha frente. O que é que eu lhe fiz para merecer isto?!
Laura e Stevei levantam a mão.
- É óbvio que foi a Laura que estragou o rádio quando a Stevei foi buscar o outro turno! - exclama um rapaz. Todos concordam.
- O que se passa convosco gente? Precisamos de permanecer juntos se queremos sobreviver! -diz o Ken.
- Sim, além disso, o Ken pode arranjar!
A esperança ilumina os olhos de todos nos dez minutos em que levamos a procuram em todos os cantos do abrigo as ferramentas. E então a esperança desaparece.
- Onde estão! - grita a professora desesperada, atirando-se para o chão.
- Encontrei isto na parede... - murmura um rapaz, mostrando a todos uma folha de papel muito branca, com algo escrito a tinta vermelha.
- O que diz? - pergunto.
O rapaz está branco como o cal e não consegue falar.
- Ei, está tudo bem? - pergunta o professor. O rapaz começa a ofegar e a respirar muito devagar, a língua descontrola-se e as pernas fraquejam, fazendo com ele se atire para o chão.
- Não o deixem engolir a língua! - grita o David. Laura atira-se para o seu lado e agarra o pescoço do pobre rapaz em sofrimento - Ela vai sufocá-lo! Parem-na.
Três rapazes musculados avançam, mas eu e o Gonçalo colocamo-nos entre a Laura e os rapazes. Um deles murmura: traidores.
- Não, esperem! Ela sabe o que faz...
Efetivamente, ela agarra o pescoço de uma maneira especial, não deixando o rapaz engolir a língua e, usando um cinto apertado à volta do pulso com que o rapaz segura o papel, corta a circulação.
- Alguém me traga uma faca ou assim...
- O que vais fazer?!
- O papel tem veneno, ninguém lhe toque. A pele está a absorver o veneno, entrando para a corrente sanguínea. Temos de o parar, ou ele morrerá em... 45 segundo!
O Ken entrega-lhe uma faca e todos desviam o olhar. O rapaz dá um berro de dor e cai no chão.
- Ainda fizeste pior! Morreu! - grita a Stevei.
- Não, olhem! -todos reparam no peito dele, que sobe e desce muito lentamente. E festejam.
- Não voltamos a duvidar de ti. - diz uma professora, pondo a mão no ombro de Laura.
- Mas deviam! Ela sabia o que fazer! Conhecia o veneno, o mais provável é te-lo usado para recuperar a nossa conf*
- Ok, Stevei, agora já chega! - diz a professor de FQ.
- A Laura salvou uma vida e estamos com ela desde que a conhecemos. - interrompo - Se decides não confiar na pessoa que pode vir a salvar a tua vida, pior para ti! Nós decidimos confiar nela. Quem estiver connosco, que venha.
A maioria deixou o abrigo e juntou-se a nós.
- Vão se arrepender! - diz o David. O que se passa com ele?
- Estão a dormir com alguém que vos levará à ruína.
E pontapeia a folha de papel, que todos esqueceram e se lembram de repente. Escrito a uma tinta vermelha viscosa... sangue?!
Não podem escapar... O vosso tempo à de chegar. A partir de amanhã: um a cada 12 horas.
E ouves-se um sufocar, todos se viram para uma árvore próxima, de onde vem o som. Atrás dela, uma jovem rapariga sufoca no seu próprio sangue, que cria uma poça que rega a árvore...