- MAS O QUE RAIO SE PASSA AQUI!!! - gritou alguém, completamente histérico.
- Não estávamos todos aqui?! - exclama o David.
- Quantas vezes temos de dizer: está mais alguém nesta ilha para além de nós! - grita o Gonçalo.
- Isso é estúpido.
- A tua cara é estúpida. - responde o Gonçalo com uma tranquilidade preocupante. Os seus olhares cruzam-se ameaçadoramente.
- Uhm... rapazes...
- Cala-te! - exclama o David. O que raio se passa com ele?
Sem mais um segundo de espera, o Gonçalo atira-se para cima do David e espeta-lhe um murro no nariz. David vira a cabeça para ele e dá-lhe um murro na barriga, fazendo-o dobrar-se sobre si próprio e reagir com um abraço de urso.
- Gonçalo, larga-o! - exclamo. Os três rapazes de à pouco metem-se entre os dois e agarram-lhes os braços atrás das costas. A face do David está extremamente vermelha...
- Afastem-nos. - ordena o professor - Estão a perturbar ainda mais as raparigas!
Eu, o Ken e a Laura levamos o Gonçalo para a praia e sentamo-nos na areia.
- O que se passou?! - exclama o Ken.
- Eu... eu não tenho a certeza. Primeiro só ia defender-te, Bela... Mas depois aconteceu algo estranho. A Stevei olhou para mim e eu senti uma vontade de violência e... Esqueci tudo o que estava a fazer. Mas quando cheguei aqui, isso desapareceu. Bem...
- Que foi? - pergunto. Ele aproxima-se do meu ouvido e sussurra:
- Aquilo desapareceu quando me tocaste.
Corei. Felizmente, ninguém reparou. O Ken e a Laura estavam demasiado ocupados a conversar sobre a rapariga.
- O que se terá passado? A rapariga... Quem era? - pergunta a Laura.
- Acho que era a Carla, do 9ºE - responde o Gonçalo.
- Ainda parece pior se a conhecer-mos.
- E quanto ao rádio? - pergunta o Gonçalo - Podes arranjá-lo outra vez?
- Não sem as ferramentas.
Desiludidos, contemplamos o oceano. O Ken e a Laura voltaram a entender-se e ele põe o braço em volta do ombro dela. Olho para o Gonçalo ao meu lado, esperando que eu decida e sinto vontade de chorar. Por ele, pelo David, pela situação...
- E a carta? - pergunta o Gonçalo de repente.
- O que tem a carta? - pergunto.
- Espera, qual carta? - pergunta o Ken. Todos olhamos para ele - A brincar... Jiz, gente. Descontraiam.
- Mas devemos levar a carta a sério?
- Olha que a mim parece-me que sim. Mataram a pobre miúda, por amor de Deus.
- Sim, deves ter razão. - concordo - Temos de tomar precauções.
- Que precauções se tomam contra um psicopata desconhecido numa ilha deserta. - pergunta a Laura.
Pensamos por um momento e o Gonçalo responde:
- Armadilhas!
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