P.O.V. Isabela
Chegamos a uma plataforma no fundo das escadas, uma verdadeira varanda de pedra escura para um abismo negro. Por pequenos buracos no topo da gruta que formava este cenário, caiam cascatas de água - salgada, provavelmente - e entrava uma luz que iluminava fracamente aquele cenário de magia.
- E agora? - perguntou Stevei, saltando da escada de mão para o meu lado.
- Bem, parece-me óbvio. - respondeu Gonçalo, indicando com a cabeça uma pequena passagem com cerca de dois pés de largura, ao lado da plataforma. Mas o problema:
- Já viste a distância que temos de saltar?! - exclamei. Entre a plataforma e o caminho encontrava-se um buraco, criado por deslocamento de rochas, com pelo menos dois metros.
- Não consigo! - disse logo Laura. Via-se que o pânico a estava a invadir. As pernas tremiam e Ken pôs uma mão nas suas costas para a apoiar. - E tenho a certeza que vocês também não...
- Eu digo que nada é impossível se acreditarmos que conseguimos. E só há uma maneira de descobrir. - e dito isto, deu dois passos atrás e correu em direção ao abismo. Dei por mim a gritar quando ele saltou, aterrando com os dois pés na passagem, em prefeita segurança. Limpou as calças e virou-se para nós:
- Vêem?
Abri muito os olhos. Bem, que remédio? Dei dois passos atrás e respirei fundo, desatando numa corrida maluca em direção ao abismo. No último segudo saltei. Em pleno ar, tudo pareceu abrandar. Sentia o abismo a tentar puxar-me e senti claramente que não ia conseguir. Fechei os olhos, aterrada, mas então senti o chão debaixo dos meus pés e o braço do Gonçalo em volta da minha cintura.
- Vês? - sorri-lhe e virei-me para o outro lado, acenando encorajoramente. David preparou-se e correu para nós. Senti algo estranho no seu olhar quando aterrou ao pé de nós e se pôs à minha frente. Agarrou-me pussessivamente e beijou-me. Ok...
Stevei e Ken lhe seguiram, até apenas Laura ficar, a tremer como varas verdes.
- Anda lá! Tu consegues! - gritamos eu e a Stevei. Ken sorriu-lhe, encorajosamente. Laura serrou os olhos, deixando escapar umas lágrimas mas, contra todos os seus instintos, desatou a correr, ainda de olhos fechados. Do outro lado, nós gritavamos para ela abrir os olhos mas, mesmo no último momento e sem abrir os olhos, saltou para nós.
Laura aterrou mesmo na ponta do precípicio e parrceu desiquilibrar-se. Aterrada, gritou, tentando recuperar o equilibrio. Todos estavamos parados, sem saber o que fazer, até que Ken, o último da fila, saltou para ela, mesmo no momento em que Laura escorregou para trás, em direção ao abismo. Agarrou a perna dela, pelo tronozelo e tentou puxa-la.
- Para de espernear! Só tornas isto mais díficil para mim. - exclamou o pobre rapaz, tentando sobrepor a voz aos gritos de Laura. Stevei dirigiu-se ao precípicio e agarrou a cintura de Ken, puxando-o. Um a um, todos nós nos agarramos uns aos outros, puxando com todas as nossas forças. Agarrada ao David e sendo agarrada pelo Gonçalo, estremeci.
Finalmente fomos bem sucedidos e Laura chegou à passagem com lágrimas nos olhos. Ken agarrou-a e abraçou-a, tentando acalmar a rapariga.- Conseguis-te- exclamou Stevei, atirando-se para a costa do Ken. O impacto fê-lo largar Laura, qur se afastou para se recompor.
- Podemos ir? - perguntou Gonçalo.
- Deves tar a gozar?! Não viste o que acabou de acontecer? A Laura podia estar morta agora mesmo!!! - gritou David.- Por isso é que temos de ir. Isto pode desabar se não nos mexer-mos daqui pra fora.
- Não, não! Isto foi terrivelmente arriscado! Vamos voltar.
- Ok, façamos assim: votações.
- Ok. Quem acha que isto não é uma loucura e que devemos continuar até estarmos todos mortos levante o braço. - disse o David. Gonçalo levantou de imediato o braço, seguido pela Laura.
- Não faço o salto outra vez!Stevei também levantou o braço.
- Então é um empate? - perguntou Gonçalo. E olhou para mim.