Capítulo XXXII

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Assim que ele sorri, sinto o meu corpo cansado, drenado de toda a energia. Ao meu lado, a Secilia e a Val já cairam, agachadas no chão. A Yag-lien está muito pálida mas não desfalece e, quanto a mim, as tonturas tomam conta de mim e sento-me, agarrada às pernas. Entretanto, o jovem está a ganhar forças e a testar o seu novo corpo... Em breve, quando tentar andar, talvez, à de reparar que o corpo é feito com almas não humanas. Ele não vê, mas tem guelras... E a pele da face e das palmas das mãos é escamada. Não temos muito tempo.

Respiro fundo e levanto-me.

- Bom, se já não precisa de nó*

- Arranjem-me roupa. - interrompe-me. A Yag murmura um palavreado qualquer e uma camada de luz cobre o corpo nu dele, matrealizando-se de seguida num fato de cerimónia preto, com uma rosa vermelha na lapela. Depois olha para nós - Foram muito úteis, meninas. As vossas antepassadas estão livres.

- E nós... - diz a Yag-lien - Podemos ir?

- Uhm? Oh, penso que sim... Ah, mas primeiro, tornem esta ilha num lugar habitável. Acho que ficarei a viver aqui.

- Como desejar... - sussura a Yag e, com um leve movimento, faz a montanha desaparecer. Olhamos em volta e vemos a ilha, totalmente limpa de florestação. E depois, de debaixo da areia, começam a nascer torres , de mármore negro. Enquanto o castelo cresce, vêmo-nos localizados numa varanda virada para a praia.

- Uau... - murmurei.

- Magnífico - proclama o jovem sem nome. E depois de uma pausa, acrescenta - Vá, o que estão ainda a fazer aqui? Vão se lá embora... Mas saibam: voltaram a ouvir falar de mim.

- Ahm... certo. - digo. E aproximando-me do lugar onde o David e o Gonçalo estão, peço à Secilia - Podem libertá-los?

- Claro. - e estala os dedos. Mas nada parece acontecer, as tatuagens ainda lá estão. Mas o Gonçalo levanta-se com esforço e consegue mexer-se...

- Fixe... - diz, olhando para as tatuagens. David levanta-se e corre para me abraçar. Quando me envolve nos seus braços, vejo o olhar triste do Gonçalo e não retribuo.

- Que foi, babe? - pergunta o David. Afasto-o.

- Não sou a tua babe...

- Mas... Tu sabes que não era eu quando beijei a Stevei!

- Secilia e sim, eu sei. Mas não é só por isso... Por favor, agora só quero sair daqui o mais rápido possível, sim?!

Viramos as costas aquela sala e dirigimo-nos cautelosamente à saída até ao momento em que um grito grotesco ecoa pelo palácio. Começamos a correr, enquanto o grito se transforma num profundo rugido.

O rei dos monstros acordou. Está esfomeado. Vai caçar... E nós somos as presas.

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