Capítulo IX

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Isabela acordou de repente, sentando-se muito direita no chão. Lá fora, a lua cheia brilhava.

Que sonho tão realista e tão estranho! Saiu do abrigo e dirigiu-se à praia, sentando-se na areia e molhando a cara com a água fria. Respirou fundo, abanando a cabeça. "Só um sonho..." pensei "Mas e se quiser dizer alguma coisa?"

Nesse momento sentiu uma figura atrás de si. Virou-se de repente, pondo-se de pé e numa posição de ataque.

- Calma! Venho em paz. - riu-se Gonçalo. Desfez a posição e riu-se com ele. Ele aproximou-se, sentando-se na areia e puxando-a para o chão. Isabela bateu-lhe no braço.

- Para que foi isso!?

- Estavas tão séria. Tinha de te animar!

- Parvo.

Acabaram por se sentar na mesma pedra do outro dia, a pedra dos símbolos. Observaram o horizonte escuro. A certa altura, Gonçalo inclinou ligeiramente a cabeça.

- Em que estás a pensar? - perguntou Isabela.

- Hum?

- Costumas inclinar a cabeça quando estás a pensar em algo.

- Lol. - virou-se para ela - Em tantas coisas. Não imaginas o que se passa aqui! Estou em ebulição. O que se passa com a ilha; Porque nos despenhamos; Será que vamos voltar para casa...

Ficaram em silêncio, fixando o olhar um do outro. Isabela só conseguia pensar no sonho e no que ele podia representar. Afastou o olhar.

- Que foi? - perguntou ele, com uma pontinha de tristeza na voz.

- Não é nada... - uma lágrima rebelde rolou no seu rosto. Gonçalo segurou o seu queixo, obrigando-a a virar a cara para ela. Com o dedo limpou suavemente a lágrima.

- A sério... Podes contar-me. -sorriu compreensivamente - Foi o David?

- O quê!? Não!... Bem, talvez. Não sei... Estou tão confusa!!! - berrou.

- Calma. - então pôs os braços à sua volta, num abraço caloroso. Com o queixo apoiado no ombro do Gonçalo, Bela deixou as lágrimas correrem livremente pela cara, afogando as lágrimas naquele ombro amigo. Deixou-se ficar ali muito tempo, apenas a chorar, deixando que aquele calor a envolvesse, deixando-a mais calma e sem um único pensamento.

- Melhor?

- Sim, obrigada. - sorriu - Mas... desculpa, é muito estranho... Não te posso contar, mas obrigada.

- Mas está tudo bem? Foi o David, não foi?! O ca**** fez-te mal? Vou matá-lo, eu juro que*

- Não! Está tudo bem, não é ele. Jiz, não fiques assim!

Ele riu-se.

- Não suporto ver-te mal. Ficas tão bonita quando sorris.

Esta revelação incomodou Isabela, que se lembrou do beijo-sonhado e se afastou, virando a cara para o mar.

- Obrigada.

- Eu... desculpa... Não queri*

- Chiu!

- Não deixa-me acabar. Eu*

- Não, a sério! Ouve!

Fez-se silêncio. Gonçalo apurou o ouvido: ouvia o mar e o ressonar das pessoas no abrigo. Ouvia a respiração apressada de Bela e ouvia o vento e os pássaros. Mas, ao fundo, por de trás de todos esses sons, um som de metal contra pedra, como quem fura o chão com uma pá ou assim.

- Mas que diabo...

Levantaram-se ambos.

- Está mesmo por baixo de nós! - Isabela reteve um ruído de medo. Gonçalo agarrou-lhe o braço e puxou-a para longe da pedra. - Vamos voltar para o abrigo... Estamos cansado, é de certeza isso!

- Não! Eu quero saber o que é. - fitou a pedra. Por baixo dela, o ruído tinha cessado. - Ajuda-me aqui.

Juntos encostaram-se à rocha e empurraram-na com o corpo todo. Pouco a pouco, ela afastou-se, revelando um alçapão de metal por baixo. Ferrugento e poeirento, sim, mas recentemente usado. Gonçalo segurou uma argola e puxou-a e, quase sem esforço, o alçapão abriu-se, deixando que os jovens vissem umas escadas de mão em direção ao fundo de um poço.

- Uau! WTF... - exclamou Isabela.

- Vá, anda!

- O quê? Não vamos levar um adulto, ou assim?!

- Puf, pensei que fosses mais corajosa.

- Eu... Ao menos podemos ir chamar os outros? - pediu. Gonçalo concordou e dirigiram-se rapidamente ao abrigo. Acordaram Ken e Laura, que se levantaram de imediato perante a explicação de Isabela. Laura e Isabela acordaram dificilmente o David, que por nada queria acordar e por pouco não acordava todo o abrigo. Contra a vontade de Laura, Ken acordou Stevie.

Encontraram-se em frente do alçapão.

- E agora? - perguntou David.

- Bem, parece-me óbvio! - disse Gonçalo, iniciando a descida pelas escadas de mão. Isabela encolheu os ombros e seguiu-o. David, Ken e Laura seguiram-nos, deixando Stevei atrás. Esta encostou o alçapão e desceu.

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