Capítulo XVII

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Desço cautelosamente, sentindo as mãos a arder devido à fricção. Ao chegar ao chão, afasto-me da corda para o Gonçalo descer. Ele salta e desce a corda muito rápido. Exibicionista!

- Vamos. - diz, ao chegar ao chão. A corda fica a baloiçar, enquanto nos dirigimos ao cocpit do avião. - Procura por qualquer coisa que pareça um rádio.

Procuro entre um monte de botões, tentando ignorar os corpos do piloto e do co-piloto... Enquanto o Gonçalo está entretido a vasculhar um armário, digo:

- Gonçalo, ouve... Desculpa se te mag*

- Não peças. A culpa é minha por me fazer à namorada no meu melhor amigo. - interrompe.

- Não quero ficar chateada contigo... És o meu melhor amigo!

- Nem eu quero. - responde com um sorriso.

De repente uma coisa brilhante chama a minha atenção, perto da porta de serviço.

- Gonçalo... - chamo.

- Encontraste?

- Não exatamente... Mas*

- Ei! Encontrei.

- Bo... Boa, podemos ir agora?

- Que se passa?

A coisa desaparece atrás da porta e, no instante seguinte, a porta abre-se de rompante e uma faca de cozinha atravessa ao lado da minha orelha com um zumbido e parte a janela.

- Que foi isto?! - exclama o Gonçalo.

Outra faca, que raspa o braço dele.

- Vamos embora daqui! - grito e, partindo o vidro do avião com a cadeira, salto para o nariz do avião. O Gonçalo salta para o meu lado no momento em que uma chuva de facas enche o cocpit. Elas quebram o vidro e os estilhaços rebentam sobre nós.

A partir do vidro quebrado fogem facas que caiem à nossa volta.

Fugimos do avião e, quando vamos a trepar a liana, ela vibra e parte-se. Caio em cima do Gonçalo.

- Desculpa!

- E agora!? - ele exclama. Vejo o botão e corro para ele. O Gonçalo agarra-me o braço.

- Vais criar outra fenda!

- Que opções temos?!

Antes que o Gonçalo possa responder, do teto começa a cair um líquido de aparencia viscosa, que fervilha.

- O que é aqu* AI! - exclamo quando uma gota de lava efervescente cai sobre o meu braço.

- Carrega lá no botão.

A parede gira e fugimos para fora dali. Assim que vejo o mar, corro até ele e mergulho na água fresca que, apesar de doer, alivia a dor do braço.

- Isto... Foi... Estupido e inútil! - grito quando volto para o Gonçalo.

- Inútil!? - pergunta o Gonçalo, mostrando o rádio. Partido.

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