Desço cautelosamente, sentindo as mãos a arder devido à fricção. Ao chegar ao chão, afasto-me da corda para o Gonçalo descer. Ele salta e desce a corda muito rápido. Exibicionista!
- Vamos. - diz, ao chegar ao chão. A corda fica a baloiçar, enquanto nos dirigimos ao cocpit do avião. - Procura por qualquer coisa que pareça um rádio.
Procuro entre um monte de botões, tentando ignorar os corpos do piloto e do co-piloto... Enquanto o Gonçalo está entretido a vasculhar um armário, digo:
- Gonçalo, ouve... Desculpa se te mag*
- Não peças. A culpa é minha por me fazer à namorada no meu melhor amigo. - interrompe.
- Não quero ficar chateada contigo... És o meu melhor amigo!
- Nem eu quero. - responde com um sorriso.
De repente uma coisa brilhante chama a minha atenção, perto da porta de serviço.
- Gonçalo... - chamo.
- Encontraste?
- Não exatamente... Mas*
- Ei! Encontrei.
- Bo... Boa, podemos ir agora?
- Que se passa?
A coisa desaparece atrás da porta e, no instante seguinte, a porta abre-se de rompante e uma faca de cozinha atravessa ao lado da minha orelha com um zumbido e parte a janela.
- Que foi isto?! - exclama o Gonçalo.
Outra faca, que raspa o braço dele.
- Vamos embora daqui! - grito e, partindo o vidro do avião com a cadeira, salto para o nariz do avião. O Gonçalo salta para o meu lado no momento em que uma chuva de facas enche o cocpit. Elas quebram o vidro e os estilhaços rebentam sobre nós.
A partir do vidro quebrado fogem facas que caiem à nossa volta.
Fugimos do avião e, quando vamos a trepar a liana, ela vibra e parte-se. Caio em cima do Gonçalo.
- Desculpa!
- E agora!? - ele exclama. Vejo o botão e corro para ele. O Gonçalo agarra-me o braço.
- Vais criar outra fenda!
- Que opções temos?!
Antes que o Gonçalo possa responder, do teto começa a cair um líquido de aparencia viscosa, que fervilha.
- O que é aqu* AI! - exclamo quando uma gota de lava efervescente cai sobre o meu braço.
- Carrega lá no botão.A parede gira e fugimos para fora dali. Assim que vejo o mar, corro até ele e mergulho na água fresca que, apesar de doer, alivia a dor do braço.
- Isto... Foi... Estupido e inútil! - grito quando volto para o Gonçalo.
- Inútil!? - pergunta o Gonçalo, mostrando o rádio. Partido.
